A Polícia Federal prendeu, no último dia 21, o engenheiro Paulo Fagundes, especialista indicado pelo PSL de Jair Bolsonaro para acompanhar a auditoria das urnas eletrônicas do Paraná nas últimas eleições. A prisão ocorreu no âmbito da Operação Egypto, devido ao envolvimento dele com a Indeal, empresa acusada de prática de pirâmide financeira.
Paulo Fagundes é um nome conhecido na comunidade de criptomoedas, principalmente no sul do país. Engenheiro especializado em blockchain, ele é CEO na Datawiz, empresa de consultoria, e realiza palestras sobre criptomoedas, blockchain e investimentos em diversos fóruns e universidades.
A informação sobre a prisão de Fagundes foi divulgada na última sexta, 24 de maio, pelo jornal Diário de Canoas. No mesmo dia que Fagundes, foram presos outros colaboradores da Indeal: Flávio Gomes de Figueiredo, que seria responsável pelo marketing de rede da empresa, Neide Bernadete da Silva, Fernanda de Cássia Ribeiro e Karin Denise Homem, esposas de sócios da investigada.
O jornal traz ainda os nomes dos cinco sócios da empresa, totalizando 10 prisões: Tássia Fernanda da Paz, Francisco Daniel Lima de Freitas, Ângelo Ventura da Silva, Regis Lippert Fernandes e Marcos Antônio Fagundes.
Críticas à auditoria
Segundo informações divulgadas pelo Portal do Bitcoin, Paulo Fagundes acompanhou a auditoria das urnas eletrônicas no Paraná em outubro do ano passado, mas considerou “frágil” a auditoria realizada. Paulo, no caso, era o perito indicado pelo partido de Bolsonaro, o PSL, a acompanhar o trabalho.
O relatório final da auditoria, que foi fiscalizada por peritos dos partidos, OAB, Polícia Federal e outros observadores, foi que “não havia indícios de fraude”. Fagundes, entretanto, contestou a auditoria, afirmando de que faltou acesso ao código fonte da urna. “Faltou transparência, porque eu não sei o que é gerado dentro da urna”, afirmou Fagundes ao jornal.
Operação Egypto
A chamada Operação Egypto, cujos mandados de busca e apreensão resultaram na prisão de Fagundes, está investigando a Indeal desde o começo de 2018.
Na ocasião, uma denúncia mostrou que a empresa vinha oferecendo opções de investimentos com ganhos de 15% ao mês, que seriam resultantes de operações com Bitcoin.
Durante as investigações, como apurou nossa reportagem, a Polícia Federal descobriu que a empresa recebia o dinheiro dos investidores – em valores que podem ter chegado a R$ 1 bilhão –, porém, ao invés de aplicar em criptomoedas, investia a maior parte do dinheiro em renda fixa, que gera ganhos muito menores.
Ou seja, no entender dos investigadores, era questão de tempo para a empresa deixar de pagar seus investidores, constituindo assim um golpe bilionário.
A empresa foi autuada ainda porque não era liberada pelo Banco Central para oferecer investimentos, sendo enquadrada como uma “instituição financeira não autorizada”.