Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a relação do preço do Bitcoin com índices de ações mostrou um padrão próximo. De acordo com um analista, uma nova relação preocupante foi percebida para o Bitcoin em junho, a partir do dia 11 principalmente.
Desde o início do ano, o Bitcoin já valoriza 24% em relação ao dólar, cotado hoje em U$ 9200. Já o ouro, um ativo milenar considerado uma boa reserva de valor, ganhou 16% em relação ao dólar desde o dia 1 de janeiro.
O índice Standard & Poor’s 500 (S&P 500), referência nas principais ações listadas na NASDAQ e NYSE, perde 6% nos últimos meses frente à divisa USD. Historicamente, o S&P 500 possuí uma relação com o ouro, mas após três de pandemia, a história está mudando.
Relação do Bitcoin, Ouro e S&P 500 pode ser preocupante, afirma analista de pesquisa em criptomoedas
O Bitcoin é uma moeda digital criada em 2009, com o propósito de ser uma tecnologia de pagamentos internacional. Contudo, diferente das moedas emitidas por bancos centrais, o Bitcoin é uma moeda descentralizada, sem uma entidade por trás da sua emissão.
Como uma divisa inovadora, o Bitcoin tem um valor atribuído no mercado, definido pela lei da oferta e demanda. Negociada em várias corretoras pelo mundo, a criptomoeda teve onze anos de muito desenvolvimento, normalmente se afastando dos mercados de bolsas de valores.
Em 2020, entretanto, durante a pandemia do COVID-19 o Bitcoin ganhou uma correlação com índices de bolsas de valores. Quando o padrão começou a se desenhar, os analistas da moeda digital não gostaram do cenário, uma vez que a narrativa histórica do Bitcoin é que essa moeda é uma reserva de valor.
Ao tratar o Bitcoin como um ouro digital nos últimos anos, muitos acreditaram que a moeda poderia ajudar seus fãs em momentos de estresse de mercado. Um deles seria quando uma crise financeira eclodisse, fazendo com que quem tivesse Bitcoin pudesse se defender em momentos de incertezas.
De acordo com Larry Cermak, chefe de pesquisas do portal de notícias The Block, o padrão de preços do Bitcoin teve uma relação preocupante com o S&P 500 em março. Tal padrão, de fato, se afastou, até que em maio não pôde mais ser detectado uma relação significativa. Mas em junho, o padrão tem retornado, e pode ser muito preocupante.
Correlação de Bitcoin com S&P 500 está totalmente diferente do ouro
Em uma análise neste domingo (28), Larry foi ao Twitter compartilhar o padrão que tem percebido em 2020. Em março, quando os principais países tiveram piora com o combate ao novo coronavírus, o Bitcoin sofreu uma enorme desvalorização. Com o episódio, a moeda digital aumentou sua correlação com o S&P 500, como nunca havia feito.
Mesmo que em maio o preço do Bitcoin tenha melhorado e sua relação preocupante com o S&P 500 diminuído, junho volta para assombrar. Para Larry, a relação do Bitcoin com o índice de bolsa de valores S&P 500 é muito ruim, e ver esse cenário em meio a pandemia é assustador.
This is a pretty concerning chart IMO pic.twitter.com/fYuTtdGvJI
— Larry Cermak 🫡 (@lawmaster) June 28, 2020
O analista afirmou que ao contrário do Bitcoin, o ouro diminuiu sua correlação com o S&P 500. Ou seja, em junho de 2020, o Bitcoin poderia ser menos considerado uma reserva de valor que o ouro em tempos de crise. Larry não acredita que essa situação melhore até que as condições macro retomem o otimismo.
Mesmo assim, ver o desempenho do Bitcoin no ano frente ao dólar, com grande valorização nos últimos seis meses, pode ajudar a ver que a moeda digital ainda é uma boa reserva de valor. O dólar tem sido visto como uma boa reserva para muitas pessoas, mas ainda há desconfianças de sua capacidade, uma vez que o FED tem imprimido mais no mercado.
Mesmo que ainda não tenha se distanciado do S&P 500, o Bitcoin ainda é uma reserva monetária interessante. No Brasil, a moeda já ganha mais que 70% de valor frente ao real, em apenas seis meses, com o Real prestes a fazer seu próximo aniversário e altamente desvalorizado.