A paralisação dos caminhoneiros e o Bitcoin

Olá,

Hoje é o oitavo dia da paralisação dos caminhoneiros no Brasil, os efeitos são percebidos de forma bem clara por todos os brasileiros e, embora o governo tenha feito tentativas para normalizar a situação nos últimos dias, ninguém sabe ainda as consequência reais dessa paralisação.

Alguns fatos em meio a essa confusão me fizeram lembrar de características semelhantes à forma como a rede Bitcoin funciona, vou tentar explicar essa associação.

A paralisação tem características distribuídas, em que os caminhoneiros autônomos resolveram interromper as operações em busca de condições melhores de trabalho.

Não há uma liderança central, um ponto de controle, alguém que lidere esse movimento e que tenha o poder de interromper a paralisação a partir de um acordo fechado.

O governo brasileiro, por meio do nosso Presidente e dos seus Ministros, fecharam um acordo na quinta-feira da semana passada com as supostas lideranças deste movimento de paralisação, mas o efeito foi nulo e a paralisação simplesmente continuou.

Na sexta-feira o governo postulou multas que somam milhões e inclusive ameaçou com a prisão de alguns empresários que supostamente estavam incentivando e estimulando a greve. O efeito? Nenhum… ou quase nenhum.

No sábado a situação quase saiu do controle, o Exército Brasileiro foi às ruas para acabar com a paralisação e escoltar os caminhões de diesel para manter o mínimo dos serviços  em operação.

No domingo à noite o Presidente Michele Temer, em rede nacional, lançou um pacote de medidas para tentar conter a crise, criando um rombo no cofres do Tesouro Nacional para atender aos pedidos dos caminhoneiros. A crise acabou? Não, não totalmente… e hoje pela manhã a paralisação continua em 24 estados do país. Ninguém sabe quando isso vai acabar!

O governo não sabe com quem negociar, o movimento é distribuído e não há um ponto central que possa controlar essa situação.

É a primeira vez que eu presencio uma situação dessas no nosso país, em que o governo não consegue sequer entender com quem deve negociar, e isso me faz refletir sobre alguns aspectos:

  • O poder que uma rede distribuída representa, de maneira que qualquer desmobilização de uma pequena parte da rede não significa que a arquitetura como um todo se desfaz;
  • Quando há uma liderança específica, uma pessoa ou um grupo de pessoas, a força do movimento é menor, a concentração do poder (ao contrário do que parece) torna a estrutura de qualquer movimento mais frágil;
  • A lei da oferta e da demanda é uma verdade absoluta que impera em um mercado livre.  No momento em que a escassez se apresenta, a oferta é menor do que a demanda e o preço sobe. Estamos vendo isso acontecer com gasolina, diesel, batata, água, etc;
  • O governo brasileiro ficou muito fragilizado com esse movimento. Foi necessário abrir mão de muitos recursos para tentar conter a crise, e ainda assim não se sabe a eficácia dessas medidas;
  • Mias do que isso, essa paralisação mostrou aos brasileiros que um movimento distribuído tem muito mais força, e a pergunta agora é qual será o próximo setor a conseguir mobilizar recursos desta maneira para conseguir alcançar seus objetivos.

Embora eu esteja muito descontente com a situação econômica do Brasil e com as perspectivas que temos na economia e na politica, a crise dessa semana reforçou algumas características do Bitcoin que me fazem acreditar muito no seu desenvolvimento futuro:

  1. Bitcoin é uma rede distribuída, baseada em open source e com um ecossistema global que envolve usuários, investidores, mineradores, desenvolvedores, entre outros atores. Não há uma liderança única, não há um board que pode ser chamado para uma reunião com qualquer governo de qualquer país;
  2. Trata-se de um mercado baseado na economia livre, em que a oferta e a demanda definem o preço do Bitcoin. Não há interferência do governo ou de qualquer instituição que possa interferir na precificação deste ativo;
  3. O governo não tem controle sobre o desenvolvimento do Bitcoin e das outras altcoins, justamente por ser um movimento global e distribuído. A escolha do governo deve ser entre APOIAR ou NÃO APOIAR esse movimento:
    • APOIAR significa criar mecanismos para estimular o desenvolvimento de novas empresas e investimentos em negócios relacionados à criptoeconomia. Permitir que os cidadãos operem moedas digitais e que as corretoras possam continuar seu trabalho aqui no Brasil;
    • NÃO APOIAR significa ficar de fora desse movimento, criar restrições e deixar que o mercado leve para outros países as mentes brilhantes que estão envolvidas no desenvolvimento desse novo mercado.

(você pode ler mais sobre o Bitcoin no nosso infográfico ou acessando o nosso guia completo sobre Bitcoin)

A crise aqui no Brasil vai ser superada, alguns setores serão mais prejudicados do que outros, mas de uma forma geral quem vai pagar essa conta são os brasileiros, seja no preço dos produtos, seja nos impostos que pagamos nas nossas empresas.

Não é esse o mercado que eu gostaria de viver e é uma lástima que a solução sempre seja tirar de quem efetivamente carrega esse país nas costas: nós, os brasileiros trabalhadores.

A economia livre com um estado mínimo é o que defendo e acredito ser o melhor para o nosso futuro, e não há ícone melhor do que o Bitcoin para representar esse fenômeno econômico.

Viva o Bitcoin! Viva a economia livre!

E que o Brasil faça a escolha certa: abraçar a criptoeconomia e deixar que esse novo mercado se desenvolva aqui, com as mentes brilhantes que temos nesse ecossistema.

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Fabio Junges
Fabio Jungeshttp://www.fabiojunges.com.br
Certified Bitcoin Professional (CBP) pelo CryptoCurrency Certification Consortium. Doutor em Administração de Empresas, empreendedor na área de TI, professor em cursos de pós-graduação em transformação digital, blockchain e criptoeconomia, especialista em gestão estratégica, finanças corporativas, transformação digital e tecnologias disruptivas. Entusiasta de blockchain e de cenários em que as novas tecnologias mudam as organizações e as tornam melhores.

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