Considerado o Banco Central dos bancos centrais, o BIS tem incentivado a criação de criptomoedas, após um rumor que uma espécie de Real Digital estaria em estudo no Brasil. Neste último, o BC é um dos 62 integrantes do Bank for International Settlements (BIS), referência em pesquisas sobre a atuação das autoridades monetárias centralizadas pelo mundo.
O Banco Central do Brasil, de fato, tem focado na criação de um sistema de pagamentos instantâneos nos últimos meses. Com destaque para o PIX, sistema que permitirá integração de várias soluções privadas de bancos, fintechs e cooperativas, o Open Banking é parte da estrutura.
Além disso, há rumores, divulgados pelo Cointelegraph Brasil, que o BC pensa na criação de um Real Digital. O movimento na criação de soluções pelo Banco Central coincidiu ainda com a proibição do WhatsApp Pay de operar seu sistema de pagamentos no Brasil, de acordo com o Valor Econômico.
Tal movimento pode mostrar que o Banco Central do Brasil está monitorando atento e não quer concorrentes com seu sistema. O Cade também atuou na proibição do WhatsApp Pay, que para funcionar terá que se adequar ao Brasil e, eventualmente, se integrar ao PIX.
Rumor de Real Digital está alinhado com relatório do BIS que incentiva a criação de criptomoedas por Bancos Centrais
Desde que o Bitcoin foi lançado em 2009, o mundo de pagamentos digitais avançou 100 anos em 11. Isso porque, com uma tecnologia de pagamentos sem intermediários, sem a necessidade de banco central ou controle governamental, foi criada a primeira moeda digital descentralizada. Seu criador, Satoshi Nakamoto, chamou o Bitcoin de ferramenta para devolver o poder do dinheiro ao povo.
De fato, a moeda fiduciária, impressa por bancos centrais, depende da confiança de uma população nela depositada. Seu único lastro, além do poder militar e regulatório, é a confiança no sistema financeiro local, uma vez que novas moedas podem ser facilmente emitidas.
No caso do Real, que é uma moeda de curso forçado no Brasil, o Banco Central já pode pensar em uma solução digital para a divisa. No ano em que é considerada uma das piores moedas do mundo, com forte depreciação cambial frente ao dólar, o Real sofre abalos na sua imagem como meio de pagamento e reserva de valor.
Um dos projetos que poderiam ajudar a voltar a credibilidade da moeda poderia ser a criação de um formato digital da divisa. Chamado de Real Digital, segundo informações compartilhadas pelo Cointelegraph, o Banco Central estuda a viabilidade de desenvolver uma moeda virtual, ao mesmo tempo que o BIS lança um estudo sobre as criptomoedas de bancos centrais.
Com o PIX em vias de fato, programado para vir a público em novembro próximo, a criação de um Real Digital não seria nada estranho. Com a digitalização da economia brasileira, o governo espera manter sob controle o sistema financeiro, e a tecnologia blockchain pode ganhar mais espaço. A Venezuela é hoje, o principal país a emitir sua própria criptomoeda, chamada de Petro, lastreada em petróleo.
Relatório do BIS aponta que Bancos Centrais são autoridades competentes para criação de moedas digitais
A criação de criptomoedas tem sido vista com bons olhos pelo Bank for International Settlements (BIS). Contudo, a autoridade acredita que apenas os bancos centrais tem a competência para essa emissão de moedas digitais, segundo relatório publicado na última quarta (24).
O relatório anual do BIS será divulgado no próximo dia 30 de junho, entretanto, houve um pré-lançamento do capítulo III. Chamado de “Bancos centrais e pagamentos na era digital“, o relatório destaca que o dinheiro em espécie vai diminuir os casos de uso na pós-pandemia do COVID-19.
O BIS apontou que os bancos centrais devem desempenhar um papel fundamental nessa transição. Para isso, é essencial que as autoridades criem CBDC (Moeda Digital de Banco Central), que seriam as únicas com tecnologia segura e gerenciamento de riscos.
“Embora as autoridades precisem principalmente apoiar mercados competitivos do setor privado que explorem novas tecnologias digitais, novos instrumentos públicos de pagamento podem ganhar força. Os bancos centrais também podem naturalmente desempenhar um papel fundamental. Em particular, os CBDCs, se adequadamente projetados, têm o potencial de dar origem a um novo mecanismo de pagamento interoperável por padrão, promove a concorrência entre os intermediários do setor privado e estabelece altos padrões de segurança e gerenciamento de riscos”, afirmou o BIS.
A tendência é que os bancos centrais foquem em criar seus CBDC nos próximos meses e anos, e impulsionem os debates sobre meios de pagamentos digitais. O debate pode ser importante para o Bitcoin, como foi na Venezuela, onde a população já vê no cotidiano essa realidade.