Seduzido pelo valor do Bitcoin, que em 2018 era negociado por US $ 17 mil, o argentino Augusto Álvarez (34) começou a pesquisar empresas para comprar a criptomoeda e encontrou a Atlas Quantum, a fintech brasileira que prometia rendimentos de 38% ao ano e deu calote em mais de 40 mil pessoas.
A empresa dizia ter criado um algoritmo que realizava arbitragens: comprava automaticamente onde era mais barato e depois vendia ao mais alto possível valor, no entanto, tudo não passava de um esquema de pirâmide.
“Eles começaram como uma pequena startup, receberam fundos de investimento e se tornaram uma empresa muito conhecida que ocupava 6 andares de um prédio em São Paulo e tinha 300 funcionários. Pedi referências e me disseram que era uma empresa séria ”, disse o homem ao site Infobae.
“Como eles ofereciam rentabilidade entre 3% e 4% ao mês, investi US $ 30 mil. Com os ganhos diários e os saldos que refletiam na minha conta, consegui ganhar um pouco mais de 8 Bitcoin”, explicou, sem se dar conta que um ano depois começaria seu calvário.
A empresa fundada pelo empresário Rodrigo Marques do Santos, enfrenta problemas com a liberação de saques desde 2019, mês em que a CVM proibiu a Atlas de oferecer investimentos públicos.
Em agosto de 2019 a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) declarou como irregular as atividades da Atlas Quantum. Segundo a autarquia, a empresa operava investimentos em criptomoedas que podem ser considerados como contratos coletivos.
“Essa decisão (da CVM) resultou em milhares de usuários decidindo retirar bitcoins da plataforma. E quando eu quis fazer, pouco menos de um mês depois daquela decisão, não consegui. Minha conta foi bloqueada”, lembra Álvarez.
Calote em 40 mil pessoas
A situação do argentino é similar a de pelo menos outros 40 mil clientes – só na justiça de São Paulo, segundo apuração do Livecoins, há mais de 400 processos judiciais movidos contra a empresa e seu proprietário.
São ações que pedem reparação por perdas e danos, rescisão de contrato, devolução de dinheiro e indenização por danos morais.
E entre eles estão a de Augusto Álvarez e outros vinte argentinos, como ele mesmo especificou, já que todos participam de um grupo no Telegram onde trocam informações sobre o ocorrido.
As esperanças dos clientes de receberem seus fundos de volta se tornaram mais desanimadoras quando Rodrigo Marques desapareceu com os 15.000 bitcoins que estavam na plataforma.
O empresário sumiu e não dá nenhuma declaração ou satisfação sobre o caso há pelo menos dois anos.
De acordo com o preço atual, o argentino possui US$ 261 mil na Atlas Quantum, cerca de R$ 1.2 milhão.
“Eu teria ganhado muito dinheiro e mais considerando que cada Bitcoin atingiu um preço recorde de US $ 64.000 em abril deste ano. Agora esse dinheiro não tenho mais”, lamentou.