Argentinos já estão acostumados com a hiperinflação e devido a isso muitos deles usam o dólar como um porto-seguro há anos. No entanto, a situação está mudando à medida que eles estão preferindo o Bitcoin à moeda americana.
Isso porque o dólar perdeu cerca de 10% de valor para o peso argentino nos últimos dois meses no mercado paralelo. Enquanto isso, o Bitcoin tem se valorizado frente ao dólar americano no mesmo período.
Argentina, hiperinflação, dólar e Bitcoin
Javier Milei venceu as eleições presidenciais da Argentina prometendo solucionar a crise financeira de seu país. No entanto, a inflação do peso argentino continua crescendo, chegando a 288% segundo os dados mais recentes.
Segundo a Bloomberg, isso está criando uma grande demanda por Bitcoin no país.
Na Lemon, uma das principais corretoras do país, o volume de compras semanais atingiu seu maior nível recentemente, o dobro do mesmo período do ano passado. O movimento também foi observado em outras plataformas locais como Ripio e Belo.
Além das compras, o volume de negociação de criptomoedas também cresceu, mas muito mais. Em comparação com o ano passado, a corretora Belo viu seu volume subir 10 vezes, destacando que a proporção da procura por stablecoins caiu nesse intervalo, de 70% para 60%.
Embora Milei ainda esteja longe de trazer a prometida estabilidade financeira, a Bloomberg destaca que o peso argentino tem se valorizado frente ao dólar americano no mercado paralelo. Portanto, argentinos estão optando pelo plano B.
“A troca de pesos por dólares, o principal ativo de refúgio durante décadas, perdeu parte de seu apelo nos últimos dois meses, pois a taxa de câmbio paralela comumente usada se fortaleceu 10% em relação ao dólar, enquanto o Bitcoin subiu quase 60% em relação ao dólar durante o mesmo período”, escreveu a Bloomberg.
Bitcoin é a salvação da Argentina?
Ao olharmos para todo histórico de preço do Bitcoin, fica claro que a criptomoeda é muito forte como uma reserva de valor de longo prazo. No entanto, é difícil acreditar que ela poderia ser uma moeda de uso diário na Argentina.
Isso porque sua volatilidade continua muito alta mesmo após a entrada de Wall Street no mercado.
Nos últimos 30 dias, por exemplo, o Bitcoin flutuou entre os 60 e 74 mil dólares, apresentando perdas e valorizações de até 18% em uma única semana. Um pesadelo para qualquer um com o orçamento apertado.
De qualquer forma, o peso argentino consegue ser ainda pior. Isso porque a moeda argentina também enfrenta grandes quedas, mas nunca se valoriza.
Portanto, argentinos devem fazer um malabarismo com essas três moedas. Usando o peso no dia-a-dia, mantendo dólar para arcar suas despesas mensais e acumulando Bitcoin ao planejarem seu futuro.