As autoridades da Venezuela escalaram sua atuação contra mineradores de bitcoin, e em ação na última quarta-feira (12), apreenderam 15 mil máquinas de 3 galpões, segundo meios locais de informação.
O jornalista Ramón Véliz, do portal ImpactoVenezuela, foi um que acompanhou os trabalhos dos agentes nos galpões de mineração. De acordo com ele, a batida policial tem envolvimento com os recentes casos de corrupção no país, ligados a Sunacrip.
Na batida, estavam presentes agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e da Polícia Nacional Contra a Corrupção. A operação chamou atenção, visto que a Sunacrip era a responsável por fiscalizar instalações ilegais de mineração no país.
“Nas últimas horas, funcionários da Sebin invadiram três armazéns no estado de Yaracuy. Nesses locais, supostamente, a mineração era praticada ilegalmente.”
#12Abr #Corrupción #Venezuela
En las últimas horas funcionarios del Sebin allanaron tres galpones en el estado Yaracuy. En estos lugares, presuntamente, se practicaba la minería de forma ilegal 📷: @RamonVeliz pic.twitter.com/TUnOvvW8gq – @ImpactoVE— Reporte Ya (@ReporteYa) April 12, 2023
Venezuela escala tensão contra mercado de mineração de bitcoin
A apreensão de 15 mil máquinas de minerar bitcoin em três galpões ocorre poucos dias após a Venezuela começar um processo de investigação de corrupção.
Nos últimos anos, para evitar o embargo imposto pelos EUA ao país, o Governo de Maduro vinha recorrendo às criptomoedas para negociar internacionalmente. Até a criação da criptomoeda estatal Petro teve o propósito de ajudar o país a evitar tensões com a potência norte-americana.
Contudo, com o vazamento de um possível caso de corrupção na Sunacrip, o que era bom, voltou a ser considerado ruim, em questão de dias. Isso porque, desde março de 2023, o governo começou a fechar corretoras de criptomoedas e instalações de mineração que poderiam ter relações com o caso de corrupção.
Além disso, os funcionários da Sunacrip acabaram sendo demitidos, mesmo trabalhando para uma divisão de criptomoedas estatal. Ainda não está claro até onde vão às investigações do caso, mas a comunidade local se preocupa com um crescimento de medidas contra o mercado cripto.
“Clareza regulatória na Venezuela é um mito”, desabafa professor de bitcoin no país
O organizador Satoshi en Venezuela, e professor de bitcoin no projeto, Javier Bastardo, foi ao Twitter desabafar após perceber um crescimento da tensão em seu país.
De acordo com ele, durante muitos anos a dita “clareza regulatória na Venezuela” era um cenário dado como certo, mas os escândalos da Sunacrip mostram que tudo não passava de um mito.
“Durante anos tentou-se vender que “é bom ter clareza regulatória” na Venezuela, mas os acontecimentos recentes, com a Sunacrip – em meio a um grande escândalo de corrupção- e TODAS as mineradoras regulamentadas sendo investigadas apesar de cumprirem as referidas licenças, mostra que na Venezuela a estabilidade jurídica é um mito.”
Para o futuro, ele acredita que muitos deverão aguardar novas leis que favoreçam o setor, mas em sua opinião, enquanto o governo chavista se manter no poder, pouco deverá mudar no lado do estado.