O Bitcoin (BTC) prolongou sua tendência de queda neste final de semana, caindo abaixo dos U$ 50.000 antes de se recuperar para quase US$ 52.000 na manhã desta segunda-feira (5).
A queda acontece em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio e preocupações sobre a força da economia global, que minaram a confiança dos investidores.
O Bitcoin caiu pelo quarto dia consecutivo, atingindo uma mínima de US$ 49.100, de acordo com dados do CoinMarketCap. Ao mesmo tempo, o Ethereum (ETH) afundou para US$ 2.010, seu menor valor desde o início de janeiro.
A queda do Ethereum, que chegou a -25%, representa o pior desempenho diário da moeda digital desde maio de 2021. A venda massiva do ativo digital foi catalisada por rumores de que a Jump Trading, uma formadora de mercado de criptomoedas, estaria liquidando ativos.
Sendo assim, esta manhã de segunda-feira nos Estados Unidos pode fazer com que alguns investidores de ETF fiquem chateados, ou como o analista de ETF da Bloomberg, James Seyffart, colocou: “Os proprietários de ETFs de Ethereum e Bitcoin podem ter uma surpresa desagradável em relação às negociações 24 horas por dia, 7 dias por semana” — porque os ETFs não são negociados nos fins de semana ou após o expediente, diferentemente do mercado de criptomoedas, que nunca dorme.
My god. Ethereum and Bitcoin ETF owners might be in for a rude wake up tomorrow morning regarding 24/7 trading. Ethereum in a free fall right now pic.twitter.com/09ekHBg74T
— James Seyffart (@JSeyff) August 5, 2024
Temores de recessão global faz investidores ligarem botão de pânico
A queda das criptomoedas levou a mais de US$ 1 bilhão em liquidações no mercado de futuros, com o Ether registrando mais de US$ 350 milhões em posições liquidadas, um valor raramente visto.
A venda em pânico de Bitcoin e no mercado cripto como um todo foi desencadeada por uma queda mais ampla nos mercados financeiros, à medida que os temores de uma recessão global e as crescentes tensões no Oriente Médio fizeram os investidores apertarem o botão de pânico.
O índice Nikkei 225 do Japão caiu mais de 7%, estendendo perdas que começaram na semana passada, depois que o Banco do Japão anunciou que aumentaria sua taxa básica de juros para o nível mais alto em 16 anos.
Nos EUA, o Nasdaq caiu 3,5% na semana passada, encerrando o pior período de três semanas do índice de tecnologia desde setembro de 2022, quando o mercado estava em queda livre.
Enquanto isso, o índice de sentimento de medo e ganância do mercado cripto, que rastreia volatilidade, preços e dados de mídias sociais, sinalizou “medo”, atingindo seu nível mais baixo desde o início de julho.
O índice é utilizado para indicar se os participantes do mercado estão temerosos — geralmente um sinal de fundos — ou gananciosos, o que marca topos de mercado.
Por que o Bitcoin está caindo?
Na semana passada, o Banco Central do Japão (BOJ) aumentou as taxas de juros em 25 pontos-base, desencadeando uma série de reações nos mercados financeiros globais.
Tal aumento afetou negativamente as operações de carry trade, onde os investidores tomam empréstimos em ienes japoneses (JPY) a baixas taxas de juros para investir em ativos com taxas de juros mais altas, como o dólar americano (USD).
A decisão do BOJ provocou uma queda de 3,50% no par USD/JPY, que despencou de 153,906 para 148,513 no mesmo dia.
O aumento das taxas pelo BOJ e a decisão recente do Banco Central dos EUA (Fed) de reduzir suas taxas de juros causaram um impacto negativo nos lucros dos carry traders, forçando muitos a liquidar suas posições.
Isso resultou em uma queda severa do par USD/JPY na quarta-feira. Além disso, dados de empregos nos EUA divulgados na sexta-feira levaram a uma liquidação no índice de ações de tecnologia dos EUA (NDXT), no S&P 500 e em outras classes de ativos de risco, o que inclui as criptomoedas e, portanto, o Bitcoin.
Desde 29 de julho, o preço do Bitcoin sofreu uma queda severa, eliminando quase 30% da sua capitalização de mercado, que passou de US$ 1,38 trilhão para US$ 968 bilhões.
De acordo com análises técnicas, o Bitcoin está em um ponto que pode favorecer um salto de preço. No entanto, a recuperação depende das condições macroeconômicas globais. Se o nível psicológico de US$ 50.000 for rompido novamente, existe uma alta probabilidade de que o preço revisite o suporte de US$ 45.000.
