Eugene Francis Fama, vencedor do Nobel de Economia de 2013 e conhecido como o “pai das finanças modernas”, acredita que o Bitcoin chegará a zero nos próximos 10 anos. Suas falas foram ditas durante um podcast do Capitalisn’t, onde expressou sua opinião sobre a criptomoeda.
Questionado se ele estaria disposto a chamar o Bitcoin de bolha, mesmo sendo o 7º maior ativo do mundo com um valor de mercado de US$ 2 trilhões, o economista afirmou que é apenas questão de tempo até que essa bolha estoure.
“Não posso prever quando ele vai estourar. Espero que estoure, mas não posso prever. Espero que estoure porque, se não estourar, teremos que recomeçar do zero com a teoria monetária. Ela terá desaparecido. Talvez já tenha desaparecido, mas teríamos que começar do zero.”
Fama não é o único vencedor do Nobel que não acredita no Bitcoin. Ao seu lado aparecem Ben Bernanke, que afirma que as criptomoedas não apresentaram nenhum valor econômico até hoje, e Paul Krugman, que já chamou o Bitcoin de esquema Ponzi.
Eugene Fama, o “pai das finanças modernas”, fala sobre Bitcoin
Com doutorado e MBA em economia pela Universidade de Chicago, Eugene Fama ficou conhecido como o “pai das finanças modernas” devido às suas publicações sobre à eficiência dos mercados e à precificação de ativos, trabalho que acabou lhe garantindo seu Nobel em 2012.
Participando de um podcast na última semana, Fama criticou o Bitcoin abertamente ao dizer que a criptomoeda é uma bolha prestes a estourar. No entanto, ao ser questionado se possui alguma posição vendida contra o Bitcoin, o economista disse estar contra-posicionado em outros ativos.
“Eu não opero vendido em nada.”
“Eu só opero comprado. Já sou tão “vendido” de outras formas que não posso fazer isso”, explicou. “É muito volátil, e eu quero uma forma fácil de negociar. Acho que ações e títulos atendem ao meu propósito.”
Indo além, o economista comenta que o Bitcoin tem grandes chances de morrer na próxima década.
“Eu diria que [a chance do Bitcoin chegar a zero] está próximo de um. Ainda acredito na teoria monetária, no entanto. Posso estar errado.”
Quando isso acontecer, Fama acredita que os investidores que perderem dinheiro irão correr para o governo para pedir ajuda, assim como acontece com os mercados tradicionais.
“Mas se você for libertário, como eu, diria que o governo nunca deveria fazer nada. No entanto, se o governo vai intervir depois do fato, então você precisa resolver o problema de trás para frente e decidir o que fazer antes para minimizar o custo dessa intervenção”, comentou Fama.
Seguindo, a conversa segue para o governo Trump e seu plano de criar uma reserva estratégica de Bitcoin. Embora muitos considerem isso como algo positivo para o preço da criptomoeda, Fama se mostra cético em relação a esse plano.
“Você acha que isso teria esse efeito? Pode ter o efeito oposto. Se o governo intervir, ele pode levar o Bitcoin a zero imediatamente”, finalizou.
Por que Eugene Fama não gosta do Bitcoin?
Mesmo se considerando um libertário, característica comum entre muitos investidores de Bitcoin, Eugene Fama explica em outros trechos da conversa quais são os seus motivos para não gostar da criptomoeda.
“Se for uma maneira melhor de negociar, eu consigo ver um papel para isso, com certeza. A questão é: o que você alimenta nisso? Qual é a unidade de conta? Qual é o meio de troca ali?”
“É aí que as criptomoedas são um verdadeiro enigma, porque violam todas as regras de um meio de troca”, explicou Fama. “Elas não têm um valor real estável. Elas têm um valor real altamente variável. Esse tipo de meio de troca não deveria sobreviver. As pessoas não querem fazer negócios com algo que pode levá-las à falência devido à variação no seu valor.”
Questionado sobre a comparação entre ouro e Bitcoin, dois ativos escassos, o economista afirma que o ouro tem utilidade. Já o Bitcoin, caso não tenha, não deveria ter valor algum, comentou.
“Tudo o que sabemos sobre teoria monetária diz que isso não deveria sobreviver. Tudo o que pensávamos saber sobre teoria monetária diz que isso não deveria sobreviver”, finalizou o vencedor do Nobel de Economia.
