“Bolsonaro recebeu R$ 600 mil de pirâmide de Bitcoin”, diz vítima da Atlas Quantum

Fundada em 2018 em São Paulo por Rodrigo Marques dos Santos e Fabrício Spiazzi Sanfelice Cutis, a Atlas Quantum ganhou notoriedade ao promover seu robô de arbitragem "Quantum". O software prometia transações automatizadas de Bitcoin, garantindo lucros constantes aos seus investidores.

Em um recente depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras, Mateus Muller, ex-investidor da Atlas Quantum, trouxe à tona uma série de acusações contra a empresa, incluindo o financiamento ilícito de campanhas eleitorais entre 2018 e 2019.

De acordo com Muller, a fonte das informações sobre as doações veio diretamente de Carolina de Almeida Costa, ex-diretora financeira da Atlas. Ele afirma ter recebido mensagens dela que confirmam repasses significativos, como uma doação de R$ 600 mil para a campanha de Jair Messias Bolsonaro.

Os pagamentos teriam sido feitos através de intermediários ligados à diretoria da empresa.

“O que me chamou a atenção foi a doação de R$ 600 mil para Jair Messias Bolsonaro através de advogados e pessoas ligadas à diretoria da Atlas Quantum. Sugiro a essa Casa que convoque Carolina de Almeida Costa, que confirmou essa informação. Ela era diretora financeira da Atlas. Bem como a ex-mulher do Rodrigo Marques, que também atuava no alto escalão da empresa Ester Braga”, disse Muller.

Rodrigo Marques, co-fundador da Atlas Quantum, também foi mencionado no depoimento. Muller destaca a necessidade de ouvir Carolina Costa e Ester Braga, ex-esposa de Rodrigo Marques e ex-executiva de alto escalão da empresa, pois ambas podem ter informações adicionais sobre o caso.

Grupo Valquíria

Matheus Muller diz ter sido lesado pela Atlas junto com cerca de 400 investidores. Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Matheus Muller diz ter sido lesado pela Atlas junto com cerca de 400 investidores. Imagem: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Muller, que agora lidera o Grupo Valquíria — uma organização de vítimas da Atlas que busca reparação pelos golpes sofridos — afirmou que a suposta doação para campanhas tinha como objetivo proteger a empresa de investigações.

Ele sugeriu que autoridades podem ter se omitido em investigações, levantando suspeitas de cumplicidade.

No entanto, o depoimento de Muller foi colocado à prova. O deputado Alfredo Gaspar (União-AL) cobrou provas concretas sobre as acusações. Com a responsabilidade de dizer a verdade perante a CPI, qualquer omissão ou falseamento de informações por parte de Muller poderia resultar em acusações de falso testemunho.

Vale lembrar que em abril de 2021, vítimas da Atlas foram a Brasília para pedir ajuda de Bolsonaro para investigar a Atlas. Conforme noticiado pelo Livecoins, um investidor explicou toda a situação da Atlas para o então presidente do Brasil.

“Presidente, tanto eu aqui quanto pessoas de São Paulo, eu faço parte de um grupo de investidores que aplicaram capital de uma vida em uma empresa chamada Atlas Quantum, e o senhor dessa empresa, Rodrigo Marques, em plena pandemia — eu vejo muita gente chamando o senhor de genocida (sic) — e esse cara (Rodrigo Marques), tá com dinheiro de 40 mil famílias, que estão agora desempregadas”.

Em conversa com o Livecoins, o investidor disse que obteve informações sobre como proceder com a situação, mas nada mudou desde então.

Gilliard Jorge fala da Atlas Quantum para Bolsonaro.

Atlas Quantum

Fundada em 2018 em São Paulo por Rodrigo Marques dos Santos e Fabrício Spiazzi Sanfelice Cutis, a Atlas Quantum ganhou notoriedade ao promover seu robô de arbitragem “Quantum”. O software prometia transações automatizadas de Bitcoin, garantindo lucros constantes aos seus investidores.

No entanto, em 2019, a Comissão de Valores Mobiliários iniciou uma investigação sobre a empresa. Desde então, a Atlas Quantum cessou seus pagamentos, prejudicando mais de 200.000 clientes. Estima-se que os prejuízos causados ultrapassem os R$ 6 bilhões.

Rodrigo Marques Atlas Quantum
Rodrigo Marques da Atlas Quantum. Reprodução.

O Grupo Valquíria, sob a liderança de Muller, realizou suas investigações e alega ter encontrado provas do esquema de pirâmide financeira na empresa. Muller diz ter tido acesso a uma quantidade massiva de documentos da Atlas, que inclui evidências de práticas irregulares.

A reunião da CPI esperava ouvir outros depoimentos, incluindo o de Guilherme Haddad Nazar, diretor-geral da Binance no Brasil, e de João Ricardo Rangel Mendes, presidente da empresa Hotel Urbano. Contudo, ambos comunicaram sua indisponibilidade, prometendo prestar depoimento em breve.

Com as revelações trazidas à tona, a expectativa é que novas investigações sejam intensificadas, lançando luz sobre as operações da Atlas Quantum e possíveis conexões políticas.

O Livecoins procurou a assessoria de Jair Bolsonaro, mas não recebeu resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

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Vinicius Golveia
Vinicius Golveia
Formado em sistema da informação pela PUC-RJ e Pós-graduado em Jornalismo Digital. Conhece o Bitcoin desde 2014, atuando como desenvolvedor de blockchain em diversas empresas. Atualmente escreve para o Livecoins sobre assuntos de criptomoedas. Gosta de cultura POP / Geek. Se não estiver escrevendo notícias relevantes, provavelmente está assistindo alguma série.

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