A Atlas Quantum deverá ver em breve seu caso parar em delegacias de polícia no que depender de seus clientes, com registro de BO. Isso porque, uma nova ação busca reunir investidores da empresa que têm demonstrado irritação com o negócio.
De fato, a Atlas já possui uma alta soma de processos na justiça, de clientes solicitando saques. Vários processos que correm na justiça brasileira apontam que a Atlas estaria insolvente, além de dificultar os saques, que deveriam ser processados em D+1 (saque um dia após solicitação) conforme apontava contrato de prestação de serviços.
Com sede em São Paulo, a Atlas começou os problemas com saques ainda em 2019, após destaque no Brasil. A startup paulista chegou a patrocinar grandes eventos da comunidade de Bitcoin e contratar até Cauã Reymond e Tatá Werneck para um showbusiness. Contudo, a CVM impediu a Atlas de captar novos clientes, daí, o imbróglio começou.
Clientes da Atlas Quantum estão revoltados com problemas da startup, incentivos são para procurar delegacias de polícia e registrar BO
Em um grupo do Facebook que reúne clientes da Atlas Quantum, o clima não está nada amigável. Isso porque, a empresa converteu o saldo dos clientes, presos na plataforma, em tokens próprios.
O cliente que tinha depositado Bitcoin (BTC), por exemplo, passou a ter saldo em BTCQ, um token Ethereum próprio da Atlas Quantum. Este token, criado certamente para resolver problemas, na visão da empresa, não agradou nada os clientes.
Além disso, quem tinha Real depositado passou a ter BRLQ, e depósitos em Dólar viraram USDQ. Os tokens são negociados apenas na corretora da Atlas, com baixo volume e totalmente desvalorizados. A Atlas garante que seu novo token tem garantia de 1:1 com o Bitcoin, contudo, aponta que seu valor é definido pelo mercado.
Ou seja, os clientes, além de não conseguir sacar, estão vendo seu patrimônio ser dilapidado. Alguns investidores já estimam perdas acima de 90% com os novos tokens, que foram oferecidos de maneira unilateral pela Atlas.
Uma empresa que recentemente fez procedimento parecido é a Genbit, que criou o TreepToken para seus investidores. A Genbit, com sede em Campinas, é acusada de operar um esquema de pirâmide financeira.
Padrão de Boletim de Ocorrência (BO) foi criado para que clientes Atlas exponham possível golpe
Os clientes da Atlas têm divulgado um modelo de documento que deverá ser utilizado para o registro do Boletim de Ocorrência (BO). A orientação é que os investidores procurem as delegacias de polícia, que estão atendendo online, ou seja, não é necessário procurar fisicamente neste momento de pandemia do COVID-19.
O modelo foi compartilhado por um cliente com o Livecoins, que segue abaixo:
“DECLARAÇÃO PARA FAZER B.O. CRIME CONTRA ATLAS
O B.O. PODE SER FEITO PELA SITE DA DELEGACIA VIRTUAL DE CADA ESTADO
Eu, NOME COMPLETO, brasileiro, estado civil, portador da Cédula de Identidade RG Nº 111.222.333 SSP e do CPF/MF Nº 123.456.789-00, residente e domiciliado na Rua TAL, nº xxxx, Bairro TAL, na cidade TAL – CEP 99999-000, Telefone (67) 9XXXX-XXXX, e-mail nome@servidor.com
Declaro à Autoridade Policial, para os devidos fins, que 09 de abril de 2020, foi constado que no site https://quantum.atlasquantum.com/ no qual mostra que detenho a custódia de x.xxxxxxxx BTC, valor médio atual de R$ xx.xxx,xx reais, cada BTC, (Totalizando R$ 472.569,93 mil reais). Converteu sem a minha autorização este valor em BTCQ (BitcoinQuantum). Esta moeda virtual (BCTQ) não possui valor de mercado, a não ser para a própria ATLAS, que tem um percentual de DESAGIO muito alto. Portanto, trata-se de um golpe enquadrado no artigo 171 do Código Penal – Obter para sim ou para outrem vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.
Por meio deste BO quero processar criminalmente as empresas ATLAS SERVIÇOS EM ATIVOS DIGITAIS LTDA. (denominada Atlas BTC), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 31.049.719/0001-40 e, ATLAS PROJ TECNOLOGIA LTDA. (denominada Atlas Quantum), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 26.768.698/0001-83, ambas com endereço na Alameda Ministro Rocha de Azevedo, nº 1.827, cj. 72, Jardim Paulista, São Paulo – SP, CEP01419-002 e RODRIGO MARQUES DOS SANTOS – Sócio Administrador, brasileiro, CPF 282.301.848-44, RG/RNE 221346454-SP, residente e domiciliado na Alameda Ministro Rocha, 38, Apto 1005 – Cerqueira Cesar, São Paulo-SP- CEP: 01410-000.
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NOME E ASSINATURA
CPF: xxx.xxx.xxx-xx
Anexo: Print de Tela do site da Atlas Quantum – Saldo em BTC em xx/07/2019″
Reclamações contra empresa explodiram após criação de novos tokens
Ao ver toda a sequência de trapalhadas na condução dos negócios, os investidores se revoltaram. A orientação de alguns clientes é que procurem delegacias de polícia para registrar boletins de ocorrência (BO) contra a Atlas. Dessa forma, uma investigação pública contra a empresa poderia começar caso muitos registros forem abertos.
Pelo Reclame Aqui a Atlas já tem registrado mais que 1600 reclamações de seus usuários. A maior parte delas é relacionada a saques e as mais recentes têm relação com a conversão do saldo dos investidores novos shittokens próprios, que não possuem valor de mercado.
Apesar dos tokens terem seus saques permitidos pela Atlas, certamente não é recomendado o saque destes uma vez que não é possível vendê-los em nenhuma outra plataforma. O novo token foi anunciado em 26 de março, quando a startup lançou a Novo Quantum, para seus clientes Atlas e Anúbis Trade.
Por fim, pelas redes sociais a Atlas tem divulgado que faz a recompra dos tokens de seus clientes. Quando este processo é realizado, a Atlas afirma fazer a queima de tokens BTCQ.