A atual pandemia e os seus efeitos na economia estão levantando muitas questões em relação ao ecossistema do Bitcoin. Como sabemos, muita gente focou no quanto o BTC falhou como reserva de valor (mesmo que temporariamente) no começo da atual crise. Porém, é preciso ficar de olho na hashrate do Bitcoin em relação ao coronavírus.
O preço é o principal indicador quando falamos de criptomoedas, no entanto existe muito mais que deve ser analisado para determinar a força fundamentalista de um projeto. Por exemplo, o número de transações diárias é um ótimo indicador de qualidade. No caso do Bitcoin, o hashrate é fundamental para entendermos a saúde da rede.
A hashrate do Bitcoin em meio à crise do coronavírus
A hashrate é o poder computacional da rede. De forma bem simples, quanto mais computadores estão minerando na blockchain do Bitcoin, maior é a hash total. Esse é uma métrica que depende muito das mineradoras que estão ligadas à blockchain e qual é a potencial das máquinas.
A hashrate é uma representação direta da força da rede. Quanto maior o poder computacional, mais segura é uma blockchain e mais eficiente.
Se analisarmos o gráfico é possível ver que o poder computacional da rede Bitcoin atingiu um recorde anual no dia 7 de março, atingindo a casa de 123 mil terahash por segundo (TH/s). Esse não é apenas o valor anual mais alto, mas é o recorde histórico.
No entanto, no dia 9 de março uma queda expressiva levou a blockchain do Bitcoin a perder mais e 40% da hashrate.
Já ao analisar um gráfico de preço, é possível ver que a queda no preço do Bitcoin coincidiu com a diminuição do poder computacional da blockchain.
Mas afinal, o que isso quer dizer? Bom, de forma bem simples, com a queda no valor, minerar Bitcoin deixou de ser lucrativo para muitos pools, consequentemente eles desligam suas máquinas para não operar no prejuízo.
Então quer dizer que a crise do coronavírus pode fazer a hash entrar em colapso? Na verdade, não! O Bitcoin foi desenhado com esse tipo de problema em mente.
Bitcoin recupera 34% da hashrate em meio à crise do coronavírus
Novamente, analisando o gráfico do poder computacional, é possível notar uma alta considerável a partir do dia 25 de março. Enquanto o preço do Bitcoin já tinha recuperado um pouco do seu valor, essa não é a única explicação para a recuperação da hash do Bitcoin.
“Há algumas semanas, a hashrate do Bitcoin começou a cair rapidamente. O que o Bitcoin fez? Ele automaticamente diminuiu a dificuldade de mineração, os mineradores aumentaram a sua capacidade de lucro e agora a hashrate está voltando para os números anteriores.”
A couple weeks ago, Bitcoin's hashrate began to fall rapidly.
So what did Bitcoin do?
It automatically lowered mining difficulty, miners increased their mining capacity, and now Bitcoin's hashrate is storming back towards new all-time highs.
No bailouts required 🚀 pic.twitter.com/VARHJ0NxWe
— Shakepay — Buy Bitcoin 🇨🇦 (@shakepay) April 3, 2020
O código do Bitcoin, como pensado por Satoshi Nakamoto, possui um mecanismo de ajuste de dificuldade de mineração. Esse ajuste acontece a cada 2016 blocos, cerca de 2 semanas e permite que a rede se ajuste para conseguir garantir segurança mesmo com quedas na hash e evitar produções excessivas de blocos em tempos de alta.
Como apontado pelo site Bitcoin Exchange Guide, o famoso analista WillyWoo divulgou uma série de gráficos positivos em relação ao ecossistema do Bitcoin, incluindo melhorias na razão entre lucro e energia de mineradores.
Além disso, a queda de 45% no hashrate em março fez com que muitos mineradores capitulassem seus prejuízos, o que diminuiu consideravelmente a pressão de venda atualmente. Woo foi citado dizendo:
“O preço é feito de oferta e demanda. Mineradores ineficientes podem continuar se os fundos e os hodlers (o lado da demanda) contrabalancearem a pressão de venda ao colocar mais fiat no sistema. Os fundamentais do Bitcoin estão melhores do que nunca.”
Mineradores lucraram US$380 milhões durante março
Novos dados analisados pela equipe de pesquisas do The Block, mostraram que os mineradores tiveram uma renda estimada em US$380.1 milhões no mês de março. E apesar de ser um valor bem grande, o lucro foi 25% do que no mês de fevereiro.
O número foi estimado considerando que os venderam os Bitcoins adquiridos imediatamente, baseando no preço de fechamento diário do BTC.
Essa diminuição de 25% não necessariamente quer dizer que foram produzidos menos Bitcoins, mas pode ser resultado direto da queda de preço que a moeda teve recentemente.
Ainda de acordo com o The Block, a grande maioria desse valor veio diretamente da mineração dos blocos, com cerca de 2.12% vindo de taxas de transação.
O Halving ainda pode trazer riscos
Por fim, ver a hashrate do Bitcoin aumentar em meio pandemia e em um período pré-halving é um ótimo sinal. No entanto, é mais do que importante ficar de olho nesse indicador nos próximos meses.
O halving está muito próximo, com previsão para maio. A recompensa por bloco vai cair pela metade, indo de 12.5 BTC por bloco para 6.25 BTC. Uma das principais preocupações dos observadores do criptomercado é justamente isso desincentivar os mineradores.
Para que compense continuar minerando, o preço do BTC precisa subir consideravelmente para cobrir os prejuízos pela diminuição das moedas produzidas.
Estamos em um momento delicado e que exige atenção. Mas os recentes sinais estão mostrando que a maior criptomoeda do mundo possui força para entrar no halving de forma positiva.