Como blockchain pode consertar a publicidade on line?

Escândalo do Facebook

O recente escândalo do uso indevido de informações dos usuários do Facebook trouxe à tona o mercado bilionário de dados pessoais. Os dados pessoais são o combustível para o mercado de publicidade on line. Assim, as informações dos usuários são coletadas nas redes sociais, navegadores e aplicativos. Essas informações são depois utilizadas para direcionar publicidade on line. Assim, não é a toa que o próprio Zuckerberg definiu o negócio da rede social como “nós mostramos anúncios”. Como que a tecnologia do blockchain e as criptomoedas podem ajudar na proteção de seus dados pessoais? Como elas podem consertar o mercado de publicidade on line?

Como consertar o modelo da publicidade on line?

No meio do escândalo do Facebook, Steve Wozniak, um dos fundadores da Apple, anunciou sua saída da rede social.

“Os lucros são baseados nas informações dos usuários, mas eles não recebem nada disso em troca”, afirmou em Wozniack entrevista ao jornal “USA Today”.

Esse modelo de negócio não é só do Facebook. Esse modelo é também do Google e de praticamente todos os gigantes da Internet.

Entretanto, esse modelo de negócio tem enfrentado cada vez mais resistência. O mercado de publicidade on line sobrecarrega e onera o usuário da Internet. Nesse sentido, estudos mostram que o carregamento de anúncios na navegação do internauta consome quase US$ 23 por mês do pacote de dados. Além disso, o carregamento dos anúncios consome 21% da bateria dos celulares. Ainda, a carga do conteúdo publicitário aumenta em 5 segundos o tempo médio de carregamento de uma página. Ou seja, o modelo de negócios da publicidade on line sobrecarrega o internauta, consumindo sua internet, sua bateria e seu tempo! Ainda, incomoda a navegação. Afinal, quem gosta de navegar pela internet com um monte de anúncios poluindo os sites?

Com a visão de que esse modelo de publicidade on-line não é mais sustentável, Brendan Eich criou o Basic Attention Token (BAT). O BAT é uma utility token que funciona em cima da plataforma do Ethereum. Brendan é o criador do Java script e um dos fundadores do navegador Mozilla Firefox.

Diante disso, a proposta do BAT é criar um ecossistema para a publicidade on line onde todas as transações entre anunciantes, publicadores de anúncios e usuários sejam realizadas usando BAT e registradas no blockchain.

Dessa forma seriam retirados do ecossistema agentes intermediários, direcionando sua participação nos lucros para o consumidor.

Como funciona o ecossistema BAT?

A estratégia do time de Brendan para criar esse ecossistema tem duas partes.

A primeira parte consiste no uso do Brave, um navegador de internet focado em privacidade que traz nativamente ferramentas de bloqueio de publicidade (como AdBlockPlus) e de coleta de informações (cookies e trackers). Além dessas ferramentas, o Brave tem um sistema que, de forma anônima, mede o nível de atenção e interação do usuário com o conteúdo visualizado .

Tela inicial do Brave

Já a segunda parte da estratégia consiste no uso do BAT como meio de pagamento nas transações. Nesse ecossistema estão os três agentes do mercado de publicidade on line: usuário, anunciante e publicador.

Assim, o ecossistema funciona mais ou menos da seguinte forma:

  • Os anunciantes preparam suas campanhas e disponibilizam os anúncios. Os anúncios sãodistribuídos pelos publicadores, como sites. Os anunciantes pagarão os publicadores usando BAT.
  • Os publicadores irão inserir os anúncios no seu conteúdo e receber BAT em troca.
  • O usuário irá consumir o conteúdo do publicador e visualizar os anúncios do anunciante, recebendo BAT em troca.

Concepção do Ecossistema BAT

 

Uma vez que o usuário tem BAT, ele pode tanto negociar essa token em alguma exchange (ex. Binance) ou pode doar esse BAT para o publicadores.

 

Painel para doação de BAT no Brave

 

Para participar desse ecossistema os anunciantes e os publicadores devem ser verificados, caso contrário seus anúncios serão bloqueados pelo Brave.

No fim do dia, a proposta de negócio é basicamente a seguinte. O Brave bloqueia toda publicidade e coleta de informações que não seja verificada. Por outro lado, os anúncios e conteúdos verificados não são bloqueados e são transacionados sem intermediários. Ainda, essas transações são registradas no blockchain do Ethereum, remunerando o usuário pela sua atenção.

Como está o Ecossistema BAT?

Obviamente a existência desse ecossistema depende da adesão do usuário ao Brave e a de anunciantes e publicadores ao BAT.

Merece destaque que em Abril a equipe de Brendan Eich anunciou a marca de 2 milhões de usuários únicos mensais do Brave. Além disso anunciaram uma distribuição de US$ 1 milhão em BAT para produtores de conteúdo.

Ainda, também em Abril foi anunciada uma parceria entre o Brave e o grupo internacional de mídia Dow Jones Media Group, parte do gigante da mídia internacional News Corp. Esse acordo levou a uma disparada de mais de 40% no valor do BAT.

Diante disso, atualmente o BAT consta em posição 56 entre as maiores criptomoedas, tendo valor de mercado próximo de R$ 200 milhões.

Assim, os usuários da internet e a opinião pública estão percebendo a importância da privacidade na rede. Além disso, está evidente o uso abusivo de dados pessoais para alimentar a publicidade on line. Diante disso, certamente essa utilty token irá ocupar cada vez posições mais altas no ranking das criptomoedas à medida que o ecossistema BAT aumentar.

 

 

Ganhe um bônus de R$ 100 de boas vindas. Crie a sua conta na melhor corretora de criptomoedas feita para Traders Profissionais. Acesse: bybit.com

Entre no nosso grupo exclusivo do WhatsApp | Siga também no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e Google News.

Carlos Baigorri
Carlos Baigorri
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade de Brasília (UnB), com mestrado e doutorado em Economia pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Na área de telecomunicações desde 2006, foi consultor e analista de informações setoriais em associação de operadoras celulares. Também atuou como professor de graduação na Universidade Católica de Brasília (UCB), no Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB) e no Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (IBMEC). Escreveu artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior. É servidor de carreira da Anatel desde 2009, onde foi Superintendente-executivo, Superintendente de Competição, Chefe da Assessoria Técnica, Superintendente de Controle de Obrigações. Foi Conselheiro de outubro de 2020 a abril de 2022, quando se tornou Presidente Executivo e Presidente do Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações. Início de Mandato: 14 de abril de 2022.

Últimas notícias

Últimas notícias