Em 2018, o Facebook, em conjunto com outras grandes empresas, anunciava que estava trabalhando em sua própria criptomoeda, a Libra — hoje chamada de Diem —. Pouco tempo depois, o governo americano colocava barreiras para impedir seu lançamento.
Outras empresas, como o Telegram, também tentaram seguir este caminho com a criptomoeda TON (Telegram Open Network). Todavia, tiveram um final parecido, o abandono do projeto devido a regulamentação.
Mesmo assim, outras companhias conseguiram criar o seu próprio dinheiro. A Binance Coin, embora seja uma criptomoeda descentralizada, é um bom exemplo disso, ela pode ser considerada como uma moeda de uma empresa.
Um mundo repleto de moedas privadas
A aba de altcoins no Bitcointalk — maior fórum sobre bitcoin e outras criptomoedas — já conta com quase 40.000 anúncios de criptomoedas e 10.000 tokens. A lista começa com a Namecoin em 2011 e hoje está repleta de memecoins, a moda do momento.
Os motivos para cada uma delas existir são os mais variados, alguns criam moedas em homenagens a seus filhos, outros fazem propostas monetárias como queima de tokens, halvings, lastro em outros ativos, e até mesmo casos de uso diferente, algumas desempenhando papel de moeda e outras indo além, atuando como ações de uma empresa.
Indo além, como criptomoedas são, em sua maioria, atreladas a uma blockchain, vários projetos são idênticos na questão monetária, porém apresentam várias diferenças em relação ao seu funcionamento, segurança, interoperabilidade e velocidade. O dinheiro não é mais apenas uma moeda.
O fato é que por mais caótico que este mercado seja, a ampla opção de escolha é ótima para o seu crescimento. É o surgimento de concorrência em um setor que antes era monopolizado pelo Estado.
Competição entre moedas de empresas
Como mencionado acima, embora muitas empresas como Facebook e Telegram não tenham conseguido sequer lançar suas moedas, outros projetos simplesmente ignoram o governo ao usar áreas cinzentas da legislação e muitas, até agora, tiveram exito.
Essas criptomoedas pseudo-descentralizadas, com um CEO por trás, podem muito bem ser consideradas moedas empresariais. Binance Coin (BNB) da Binance, Ripple (XRP) da Ripple Labs, e até mesmo Ethereum (ETH) com a Ethereum Foundation encaixam-se nesta definição, muito por conta de sua pré-mineração que atribui certa porcentagem das moedas para suas equipes.
Novamente, não há nada de errado com isso. Quem decide se elas sobrevivem é o próprio mercado, livre para fazer as suas escolhas.
“Quero concluir este post desejando sorte a todos aqueles que buscam descentralização, equilíbrio e igualdade no mundo. Você está lutando a batalha certa. Esta batalha pode muito bem ser a batalha mais importante de nossa geração. Esperamos que você tenha sucesso onde nós falhamos.”, disse Pavel Durov, fundador do Telegram, sobre o banimento da criptomoeda TON
É preciso entender as suas diferenças
O projeto do Facebook, agora Meta, pretendia que sua criptomoeda Libra fosse lastreada em uma cesta de moedas — USD, EUR, JPY, GBP e SGD — que só perdem seu poder de compra ao longo do tempo. Por comparação, outras moedas semelhantes, como Tether (USDT) que é lastreado em USD, estão no mercado há seis anos mesmo com pouca transparência.
Também há moedas lastreadas em ouro, para quem gosta de “sound money”. Apesar disso, os riscos de todas essas moedas empresariais são os mais variados, indo desde reserva fracionária – quando há promessa de lastro —, abandono de projeto pelos desenvolvedores, e até mesmo encerramento das atividades por governos, devido a um ponto central de falha.
Por fim, até mesmo o Ethereum que abriga um imenso universo monetário interoperável de tokens e casos de uso não consegue tirar o Bitcoin de seu trono, ocupado há 12 anos. O motivo é simples, além de ser a criptomoeda mais antiga, o Bitcoin também é a forma de dinheiro mais desejada por conta de seu modelo monetário robusto e intocável, além sua imunidade a governos, tanto como moeda quanto como sistema de pagamento.