Um consultor de economia do Senado Federal esclareceu as dúvidas da população sobre o Real digital nos últimos dias.
Esse assunto foi debatido no Senado Federal em uma audiência pública recente, promovido pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado.
Naquela ocasião, muitas pessoas enviaram perguntas ao senado, que acabaram não sendo respondidas pela audiência. Assim, o consultor em economia Marcos Kohler tirou as dúvidas da população em uma conversa com o jornalista Adriano Faria, no programa Conexão Senado.
Consultor do Senado esclareceu dúvidas sobre o Real digital
O Real digital deverá ser a CBDC oficial do Brasil, já em fase de estudos pelo Banco Central do Brasil desde 2020. Em 2021, as diretrizes da moeda digital foram publicadas pela autarquia, deixando claro alguns pontos de vista teóricos dessa inovação.
Contudo, uma das perguntas feitas na audiência pública que não foi respondida questionava sobre a privacidade desse sistema do Bacen. Outra pergunta foi sobre a Lei Geral da Proteção de Dados, assuntos respondidos por Marcos Kohler.
Ele lembrou que a moeda digital do Banco Central, diferente do Bitcoin e criptomoedas descentralizadas, será uma moeda centralizada. Ela poderá utilizar blockchain ou não nesse processo.
Contudo, questões como privacidade e segurança, segundo o consultor, vão estar relacionadas com a irreversibilidade das transações, mas que a privacidade é um assunto novo ainda para os bancos centrais. Kohler lembrou que esse mecanismo pode ser alcançado com a combinação de chaves privadas e públicas, algo que deverá ser estudado.
“Então é possível que se faça dessa maneira e se preserve a privacidade. Mas nós temos que pensar também o seguinte: a moeda digital não pode se tornar um local para oportunizar crime, lavagem de dinheiro, esses tipos de coisa. Então possivelmente um desafio jurídico que vai ter será as formas de acesso das autoridades para fiscalizar o setor e evitar crimes”.
Qual seria o impacto de uma moeda digital como essa?
O Brasil é um dos países com grande índice de desbancarizados, que são pessoas que não estão no sistema financeiro ainda. Uma das questões endereçadas ao consultor então foi sobre isso, com a população buscando entender qual será o impacto para essas pessoas.
Segundo Marcos, o PIX já foi uma ferramenta de grande ajuda e hoje é muito fácil que pessoas entrem no sistema bancário. Mesmo assim, ele acredita que a moeda Real digital ajudará muito as pessoas em suas transações, podendo ajudar na inclusão bancária.
Outro ponto que Marcos explicou é que os bancos também terão que reinventar com essa moeda CBDC, visto que ela é uma nova tecnologia, apesar de quem continua no comando ser o BCB.
O consultor lembrou que os bancos são os mesmos desde quando foram inventados, mas essa tecnologia apresenta mudanças e eles terão que lidar com os desafios dessa moeda, com expectativa de chegar no Brasil até 2024.