O coordenador do Real Digital, Fábio Araújo, negou que a moeda digital brasileira terá travas contra crises, como foi amplamente divulgado pela mídia na primeira semana do mês de maio. Em contrapartida, Araújo declara que a moeda não terá dispositivo para travar fundos de usuários.
O artigo de autoria do próprio Fábio Araújo deu a entender que os usuários seriam impedidos de sacar suas moedas na forma fiduciária. No entanto, foi relatado que o mecanismo de compensação do Real Digital será parecido com o utilizado pelas bolsas de valores para interromper qualquer transação em situações extraordinárias de crise, o circuit breaker.
Araújo acrescenta que não haverá mecanismo de travas da CBDC, mas sim de stablecoins lastreadas no Real Digital. O resgate do dinheiro físico nos bancos jamais seria impedido, portanto, não afetaria as pessoas físicas.
“Os limites foram pensados para trocas de Real Digital por uma stablecoin, ou o contrário, de uma stablecoin para o Real Digital. Agora, a troca para o real ‘físico’ poderá ser feita a qualquer momento, sem nenhum empecilho”.
Falha de interpretação
Fábio Araújo ainda acrescenta que houve uma falha de interpretação do documento divulgado por ele mesmo e publicado pelo Banco Internacional de Compensações (BIS).
Segundo o coordenador, o documento se trata de uma versão preliminar do texto, onde o objetivo é que sejam discutidas propostas para a moeda digital do banco central (CBDC).
As diretrizes técnicas e financeiras do Real Digital devem ser divulgadas somente em 2024. Vale ressaltar que o Banco Central adiou o período de testes da moeda para 2023, devido a greve dos servidores do Bacen.
Ainda tentando se defender do “mal entendido”, Araújo declara que os sistemas financeiros necessitam de mecanismos de segurança para proteção dos usuários.
O que será o Real Digital?
A CBDC (moeda digital do Banco Central) brasileira vem como uma tentativa do Banco Central de possuir sua própria moeda digital, em contraste com as outras moedas descentralizadas existentes no mercado, como o Bitcoin.
Outros países, como a China, já começaram a usar suas CBDCs como testes e esta proposta de uma moeda digital do banco central faz parte de um movimento econômico mundial, não se restringindo somente ao Brasil.
O Real Digital não será uma criptomoeda, pois será emitido e coordenado por uma instituição financeira centralizada e nem possuirá limite de emissão de tokens. Além disso, a moeda também não será uma stablecoin, que se caracteriza por ser um lastreada em outro ativo, podendo ser uma commodity, moeda fiduciária ou até outras criptomoedas.
Críticas ao Real Digital
Os entusiastas de Bitcoin e outras moedas são céticos quanto ao verdadeiro objetivo do Real Digital. Com o advento da moeda, os bancos varejistas não terão mais autonomia no mercado, pois o Banco Central controlará toda a circulação da moeda e transferência entre a população.
Não obstante, a CBDC se caracterizará por ser uma moeda de curso forçado, já que é um instrumento estatal e isso levanta diversos questionamentos quanto a privacidade financeira de quem usará esta nova moeda digital.