Cristiano Carvalho, representante da Davati, revelou hoje (15) na CPI da Covid que havia uma negociação com Bitcoin envolvendo a quantia de US$ 1 milhão entre os envolvidos na compra da vacina AstraZeneca.
A menção à criptomoeda surgiu depois de a senadora Eliziana Gama (Cidadania – MA) questionar o fato de o policial militar Luiz Paulo Dominghetti pedir ao Coronel Blanco uma conta para se fazer o depósito de um milhão de dólares:
“O Dominghetti pede uma conta ao Coronel Blanco num depósito de US$1 milhão. O senhor teve informações sobre isso?”, perguntou a senadora.
E, infelizmente, o #bitcoin acaba de chegar à CPI.
🤦♂️ pic.twitter.com/e7xxiBveU7— EddieOz ⚡ (@eddieoz) July 15, 2021
Carvalho respondeu que “aparentemente eles estavam fazendo negociação de Bitcoins”. Ele explicou que o Bitcoin seria usado para movimentar o dinheiro do Coronel Blanco antes da compra das vacinas:
“Eles queriam movimentar o dinheiro, acredito que, do Blanco para comprar Bitcoins e depois comprar vacinas”.
Pela resposta de Carvalho, não ficou claro se esse dinheiro seria aquele para a compra das vacinas ou se, de fato, pertencia ao Coronel Blanco ou outro suspeito.
Segundo o depoimento, Dominghetti e o coronel Blanco estariam envolvidos num esquema de negociação de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, pela qual se teria uma espécie de “comissionamento”.
Carvalho disse que Dominghetti havia lhe informado desse esquema e que o pedido teria partido do “grupo do tenente-coronel Blanco”.
O depoente explicou que havia dois grupos atuando no Ministério da Saúde e que um não tinha conhecimento do outro. Enquanto o ex-secretário-executivo Élcio Franco atuava de um lado. Do outro, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias agia com o auxílio do coronel Blanco.
A relação do uso de Bitcoin no esquema não ficou muito bem explicado pelo representante da Davati que acabou sendo interrogado mais uma vez pela senadora:
“Quando o senhor se referiu aos Bitcoins, ela tem alguma relação com essa negociação? A gente sabe que é uma prática que se usa para lavagem de dinheiro”.
Carvalho respondeu à senadora que essa seria “um excelente pergunta a se fazer ao tenente-coronel Blanco”, acrescentando que desconhecia a negociação com criptomoedas e que nunca fez “esse tipo de tratativa”.
“Se ele (Coronel Blanco) fez e para lavar dinheiro, ele tem de ser punido”.
Para a senadora, a contratação da Davati, uma empresa que nos Estados Unidos atua na construção civil, para uma compra bilionária de vacinas é algo bastante estranho, ainda que a negociação não tenha sido feita:
“É absolutamente estranho. O que nós temos é uma empresa que a gente sabe que lá nos Estados Unidos não tem vinculação com pessoas e trata de atendimento na área da construção civil e inicia as tratativas com o governo brasileiro para compra bilionária e senta com o alto escalão do Ministério da Saúde”.