Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum, publicou um artigo em seu blog onde falou o que pensa sobre as memecoins. Segundo ele, projetos do tipo deveriam ser usados para filantropia e impacto social.
Vitalik nota que todos os dias os investidores de criptomoedas trocam bilhões de dólares em memecoins — tokens inúteis inspirados muitas vezes em sapos e cachorros. Para o criador da segunda criptomoeda mais importante do mercado, existe uma maneira melhor:
“Não tenho nenhum entusiasmo por moedas com nomes de movimentos políticos totalitários, golpes, rugpulls ou qualquer coisa que pareça emocionante no mês N, mas deixe todos chateados no mês N+1”, disse, citando a nova onda de memecoins ofensivas na blockchain Solana.
De acordo com Vitalik, os criadores de memecoins deveriam reservar uma grande quantidade de tokens para causas de caridade — ou melhor, criar jogos baseados em criptomoedas para ajudar pessoas de baixa renda.
As memecoins, inicialmente popularizadas pela Dogecoin e mais tarde por outras infinitas moedas inspiradas em cachorros, sapos e vários outros bichos, têm sido objeto de muito debate e escrutínio por sua natureza volátil e, às vezes, por impactos controversos.
Mesmo assim, o criador do Ethereum questionou o mérito de simplesmente descartar o fenômeno como uma loucura, propondo em vez disso uma investigação mais sutil sobre se o desejo subjacente de diversão e investimento em criptomoedas pode ser canalizado para empreendimentos mais positivos e socialmente benéficos.
Não há nada de “novo e interessante” nas memecoins, diz Vitalik
Dogecoin é memecoin mais conhecida do mercado, embora não tenha sido a primeira. Ela não foi criada para ser um dinheiro digital, mas sim como uma piada, no entanto, acabou valorizando e se tornando uma das 10 maiores criptos em valor de mercado.
A moeda digital inspirada em cachorro alcançou uma capitalização de US$ 88 bilhões em 2021, abrindo caminho para o surgimento de outros tokens igualmente inúteis.
No ano passado, a criptomoeda inspirada em sapo PEPE conquistou o mercado, antes dela, a Shiba Inu e, agora em 2024, a Dogwifhat. Todos os projetos possuem capitalizações de mercado acima de US$ 3 bilhões, um valor muito maior que diversas grandes empresas.
Vale lembrar que a maioria ou todas as memecoins não possuem valor intrínseco e seus valores são determinados inteiramente por hype e pelo ganho (ou perda) do investidor pelo momento de sua saída.
Vitalik afirma que embora as memecoins como Dogecoin já tenham despertado alegria e um senso de comunidade, a recente onda de tais moedas foi marcada por atributos negativos, incluindo temas abertamente racistas entre certas memecoins na Solana.
“Elas estão em alta novamente, mas de uma forma que deixa muitas pessoas desconfortáveis, porque não há nada particularmente novo e interessante sobre as memecoins”, escreveu Buterin.
O futuro das memecoins, na visão do criador do Ethereum
O conceito de “moedas de caridade” é apontado por Vitalik como um possível futuro das memecoins, com ele citando projetos dedicados a doações de caridade, como a “GiveWell Inu” e “Fable of the Dragon Tyrant”.
De acordo com ele, tais projetos são um exemplo do potencial das memecoins em ‘contribuir para o bem-estar social’, apesar de suas imperfeições.
O cofundador do Ethereum também apresentou a ideia dos “jogos Robin Hood”, que combinam o apelo dos jogos com a distribuição equitativa da riqueza, favorecendo especialmente os participantes de baixa renda.
A abordagem combina o desejo de entretenimento dentro da comunidade de criptomoedas com capacidades únicas da tecnologia blockchain para o bem social.
Vitalik apontou para a pequena revolução econômica no Sudeste Asiático impulsionada pela popularidade do jogo Axie Infinity no último ciclo, que ajudou famílias de baixa renda a se tornarem “ricas”.
“Eu valorizo o desejo das pessoas de se divertirem e prefiro que o mercado de criptomoedas de alguma forma nade com essa corrente, e não contra ela. E por isso quero ver projetos divertidos de maior qualidade que contribuam positivamente para o ecossistema e o mundo ao seu redor (e não apenas ‘trazendo usuários’) e obtenham mais atenção”, escreveu Buterin.
Por fim, Vitalik faz um apelo que a comunidade de criptomoedas se dedique a iniciativas que aproveitem o interesse coletivo nas memecoins para fins construtivos.
Tal postura deve fazer com que os investidores abracem projetos que gerem diversão e promovam impactos sociais positivos. Como enfatiza Buterin, o futuro dos ativos digitais não deve ser limitado pelas limitações das memecoins; em vez disso, devem ser explorados caminhos inovadores que se alinhem com valores sociais e éticos mais amplos.
“O mercado pode evoluir para um ecossistema mais inclusivo e benéfico, concentrando-se em projetos que combinam entretenimento com filantropia e impacto social.”
Dada a influência de Vitalik no mercado de criptomoedas, é possível que vejamos milhares de novas memecoins nos próximos dias.