Para o presidente da CVM dos Estados Unidos, Gary Gensler, muitas criptomoedas vão falhar em suas propostas e deixarão de existir. Mesmo com essa ponderação, ele não deixou de entender que há inovação no setor.
A fala aconteceu durante a Conferência Anual da Associação de Mercados de Capitais da Penn Law, na qual Gary participou por conta própria, ou seja, sem representar a SEC ou o governo na ocasião.
Mesmo assim, como é um importante membro do governo dos EUA com a missão de fiscalizar investimentos e o mercado de capitais em geral, sua fala não foi ignorada.
“Criptomoedas inovam, mas muitas vão falhar”
O início do mercado de criptomoedas começou ainda em 2009, quando o Bitcoin foi lançado como uma tecnologia que despertou interesse em cypherpunks e estudiosos de tecnologia e finanças digitais. Como uma inovação sem precedentes, o caminho natural da maior moeda digital foi crescer e se tornar uma referência no assunto.
Essa criação atraiu pessoas interessadas em criar “novos bitcoins”, momento em que surgiram as altcoins, ou moedas alternativas. No mercado de criptomoedas atual, segundo informações do Coingecko, existem 13.544 altcoins publicadas, um número alarmante.
E com essa realidade, Gary Gensler disse nos últimos dias ver algumas inovações no mercado de criptomoedas, mas situações pontuais lhe chamam atenção. Uma delas foi o anúncio de moedas no Super Bowl em fevereiro, momento em que comparou este mercado com crises financeiras passadas.
“Ver esses anúncios me lembrou que, no período que antecedeu a crise financeira, o credor subprime AmeriQuest anunciou no Super Bowl. Ela foi extinta em 2007. Alguns anos antes disso, de acordo com a Axios, “quatorze empresas pontocom anunciaram durante o Super Bowl de 2000, a maioria das quais agora está extinta”. Eu sei que muitos na plateia podem ter sido apenas crianças na época, mas a internet era relativamente nova em 2000. O estouro da bolha das pontocom, no entanto, criou tremores significativos em nossos mercados.”
Ao continuar seu pensamento, ele lembrou que mesmo com anúncios em importantes eventos, várias criptomoedas não passam credibilidade e podem falhar em breve. O problema dessa situação, segundo Gary, é o quanto pode afetar o mercado de capitais e investidores desse, setor que já é de competência da SEC ao contrário das criptomoedas.
“Anúncios, portanto, não equivalem à credibilidade. Em criptografia, há muita inovação, mas muito hype. Como em outros campos de start-up, muitos projetos provavelmente podem falhar. Isso é simplesmente parte do espírito empreendedor nos EUA.”
“Surgem novas tecnologias, mas nossas leis não desaparecem com isso”
Como a missão da SEC atualmente é conter os efeitos de uma eventual bolha e crise no mercado de capitais, o setor das criptomoedas segue sob fiscalização.
Em sua fala, Gary destacou que o foco está em observar as plataformas, seja de corretoras ou DeFi, que ele destacou serem altamente concentradas.
“O mercado de criptomoedas é altamente concentrado, com a maior parte das negociações ocorrendo em apenas algumas plataformas. Entre as exchanges somente de criptomoedas, as cinco principais plataformas representam 99% de todas as negociações, e apenas duas plataformas representam 80% das negociações. Nas transações de criptomoeda para moeda fiduciária, 80% da negociação ocorre em cinco plataformas de negociação. Da mesma forma, as cinco principais plataformas DeFi respondem por quase 80% das negociações nessas plataformas.”
Além das plataformas, a atenção está voltada para stablecoins e tokens. Gensler destacou que vê a inovação de forma neutra e destacou que embora novidades tenham surgidos, as leis ainda existem e serão aplicadas caso necessário.
“Quando surge uma nova tecnologia, nossas leis existentes não desaparecem simplesmente.
Devemos aplicar essas mesmas proteções nos mercados de criptomoedas. Não vamos arriscar minar 90 anos de leis de valores mobiliários e criar alguma arbitragem regulatória ou brechas.”
Em sua conclusão, Gary defendeu que investidores sejam protegidos e sugeriu que as criptomoedas não são totalmente novas, mas sim novas formas de fazer o que já existia.