Ao contrário do Brasil, a CVM da Argentina está pedindo para ser a instituição pública responsável pela regulação do mercado de criptomoedas, cuidando inclusive da atuação das corretoras no país.
Vale lembrar que a Argentina tem um dos maiores volumes de negociações de moedas digitais da América Latina, perdendo em volume apenas para o Brasil.
Em uma conversa com o Grupo de Ação Financeira Internacional (GaFi) nos últimos dias, o presidente da Comisión Nacional de Valores (CNV), Sebastián Negri, declarou sua vontade de colocar as mãos no mercado e fiscalizar as operações de perto.
CVM da Argentina pede espaço para regular as criptomoedas
Com a recente atuação da CVM dos EUA contra corretoras de criptomoedas na América do Norte, o mundo acompanha com atenção os próximos passos de reguladores contra plataformas do mercado.
E na América Latina a Argentina segue com planos ambiciosos para lidar com o mercado que tem atraído grande parte da população local. Isso porque, a moeda local, o Peso argentino, tem passado por uma fase ruim associada a alta inflação, com intensa perda no poder de compra pela população.
Na conversa com Negri, o GaFi estava representado por Diana Firth (México) enquanto a delegação do GAFI era composta por seu presidente, Jorge Omar Chediak González (Uruguai) e pelo secretário executivo, Esteban Fullin (Argentina).
Em relação ao papel da CNV, Negri enfatizou que seria um marco para o país que o órgão regulador cuidasse das plataformas de criptomoedas, as quais chamou de “ativos virtuais”.
“Seria um marco muito importante para incorporarmos como competência o registro e a regulamentação dos provedores de serviços de ativos virtuais e, dessa maneira, ofereça aos usuários maior segurança sobre a solvência das empresas, a proteção de suas economias e o uso de dados pessoais.”
GaFi deverá avaliar mercado financeiro argentino em breve
A fala do presidente da CVM da Argentina chega em um momento de tensão no mercado de criptomoedas, quando reguladores sobem o tom contra plataformas em todo o mundo.
Como os EUA já processou tanto a Binance, quanto a Coinbase nos últimos dias, o caso pode servir de exemplo e até chegar em outros países. Vale lembrar que muitos não possuem uma regulação específica para o mercado de criptomoedas.
No entanto, em breve o GAFI avaliará a Argentina quanto à conformidade técnica e eficácia por meio de reuniões presenciais com cada setor.
Nesse sentido, tanto os representantes do GAFI e do GAFILAT quanto as autoridades do CNV coincidiram em destacar que os resultados dessa avaliação terão implicações não no desempenho de um governo ou de uma determinada organização, mas no desenvolvimento do sistema financeiro do país e, para isso, será necessário o comprometimento dos setores público e privado.
Ou seja, o país está pressionado a promover mudanças, que podem abalar o mercado cripto argentino.