“Descentralização em DeFi é uma ilusão”, diz BIS

Novo ataque direto ao setor por autoridade global de bancos centrais.

O setor de DeFi (finanças descentralizadas) foi duramente criticado pelo BIS nesta segunda, que disse existir uma “ilusão da descentralização” nestes sistemas. O setor de DeFi é um campo de estudo ainda no mercado de criptomoedas, passando por um bom momento com inovadoras soluções.

Contudo, essas são ameaças diretas a instituições bancárias pelo mundo, visto que suas soluções centralizadas de investimentos, como CDBs, entre outros produtos, não servem nem para proteção contra inflação.

Neste sentido, as criptomoedas surgiram com aplicações descentralizadas de investimentos que podem ser mais justas na distribuição de rentabilidades aos “acionistas”, visto que todo o processo é transparente e simples de ser feito.

O medo de bancos centrais parece ser que a população mundial compreenda estes sistemas e deixe de usar aplicações centralizadas sob seu controle.

“DeFi é uma ilusão da descentralização”, diz o banco central dos bancos centrais BIS

Desde que o DeFi surgiu no mercado de criptomoedas, principalmente nas redes Ethereum, Binance Smart Chain e Solana, muitos investidores passaram a ver um imenso potencial de rentabilizar seu dinheiro.

Essas soluções permitem que pessoas emprestem criptomoedas para protocolos, obtendo uma recompensa por isso, que normalmente é acima do mercado convencional de investimentos.

Agora com medo das soluções descentralizadas, bancos centrais como o do Brasil já querem criar soluções “DeFi” com suas moedas digitais, as CBDCs, como o Real Digital.

Mas o banco central dos bancos centrais, o BIS, publicou um estudo nesta segunda-feira (6) chamando o DeFi de criptomoedas de uma ilusão da descentralização. A justificativa para isso é o temor que as finanças descentralizadas se espalhem e atrapalhe a chamada estabilidade financeira, termo que significa que a economia é estável e com baixa volatilidade.

“Existe uma “ilusão de descentralização” no DeFi, uma vez que a necessidade de governança torna inevitável algum nível de centralização e os aspectos estruturais do sistema levam a uma concentração de poder. Se o DeFi se espalhar, suas vulnerabilidades podem prejudicar a estabilidade financeira. Isso pode ser grave devido à alta alavancagem, incompatibilidades de liquidez, interconexão embutida e falta de amortecedores, como bancos.”

DeFi cresce com financiamentos e usos de stablecoins, mas centralização é necessária

Segundo o BIS, a centralização é necessária em algum nível, outro importante fundamento que colocaria o DeFi como a ilusão da descentralização.

Mas o setor cresce em todo mundo, o que levou o BIS a identificar os principais casos de uso deste setor.

“O ecossistema DeFi gira em torno de dois elementos: (i) novos protocolos para negociação, empréstimo e investimento, e (ii) moedas estáveis, que são criptoativos que facilitam as transferências de fundos e visam manter um valor de face fixo em relação às moedas fiduciárias, principalmente o dólar americano.”

O uso de soluções DeFi explodiu em 2021, sendo a criptomoeda Tether a maior presença neste setor segundo dados divulgados pelo BIS.

Crescimento do DeFi segundo o BIS
Crescimento do DeFi segundo o BIS /Reprodução

Com relação aos riscos do setor, o BIS disse que o DeFi surgiu para ser um concorrente do mercado tradicional, mas que hoje o setor tem poucos casos de uso. Dessa forma, as “vulnerabilidades do DeFi são graves devido à alta alavancagem, incompatibilidades de liquidez, interconexão embutida e falta de capacidade de absorção de choque“.

O relatório propõe que reguladores de todo mundo regulem o DeFi urgente, para prevenir problemas neste setor.

De acordo com um relatório recente da Chainalysis, o Brasil é um dos principais países neste setor de DeFi, o que deve atrair regras ao setor em breve.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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