Desenvolvedor quer privatizar o Bitcoin

Postagem no X conta com mais de 70 comentários, sendo difícil encontrar um único a favor da proposta. Outros desenvolvedores também comentaram no Google Groups sober a ideia.

O desenvolvedor Bryan Bishop publicou um longo texto falando em “privatizar o Bitcoin”. Na sua visão, comentários de pessoas comuns estão gerando desinformação, polêmicas artificiais e, por fim, perda de tempo.

A ideia de Bishop surge após uma mudança no código, programada para ser lançada na próxima versão do Bitcoin Core, ser rejeitada por parte da comunidade.

Na data, a desenvolvedora Gloria Zhao chegou a deletar seu Twitter devido à pressão externa. Em seu retorno, ela afirmou que redes sociais poderiam estar sendo usadas para ataques, impedindo que algo seja aprovado.

Desenvolvedor acredita que privatizar o Bitcoin seja a melhor solução

Para privatizar o Bitcoin, Bryan Bishop defende que a exposição a conteúdo técnico pode causar confusão em pessoas leigas. Na sua visão, isso já aconteceu antes e acontecerá novamente.

“Gostaria de defender a ideia de privatizar o desenvolvimento do Bitcoin Core em uma plataforma de colaboração como o GitLab, restrita a membros.”

Suas sugestões incluem:

  • Issues e pull requests privados, sem links públicos.
  • Qualquer pessoa poderia se registrar ou se candidatar.
  • Quem administra a plataforma cuidaria da configuração, hospedagem, moderação e controle de acesso.
  • O desenvolvimento continuaria sob a mesma licença open-source.
  • Comentários e contribuições poderiam ser licenciados como CC0 ou domínio público, possivelmente com assinaturas PGP.
  • Pull requests poderiam ser replicados em repositórios públicos se o colaborador desejar.

Em suas palavras, essa política de porta aberta permite que alguém “defeque em sua mesa” enquanto você trabalha.

“Com planejamento, é possível estruturar maneiras melhores de captar opiniões do público sem misturar discussões fora de tópico com o conteúdo técnico”, opinou Bishop.

Explicando seu posicionamento, o desenvolvedor aponta que alguns de seus colegas já trabalham dessa forma em empresas privadas focadas no desenvolvimento do Bitcoin, como acontece com a Chaincode, Brink e outros.

“O problema é que muitas decisões acabam sendo discutidas nesses espaços privados, e quem não participa presencialmente fica de fora”, continuou Bishop, apontando que o desenvolvimento do Bitcoin já está se tornando menos público.

Outro termo que chama atenção é a palavra “brigading”, ou seja, um ataque coordenado em redes sociais para manipular discussões. Segundo o desenvolvedor, isso seria evitado com essa privatização.

“Não se trata de “governança do Bitcoin”, mas sim de ferramentas contra ameaças reais, incluindo Estados-nação e grupos com vastos recursos, que odeiam o que o Bitcoin representa. Isso nunca aconteceu com nenhum outro projeto open-source.”

O texto foi publicado tanto no Google Groups quanto no X, antigo Twitter. No primeiro caso, outros desenvolvedores como Michael Folkson, Antoine Poinsot e Antoine Riard publicaram longas respostas sobre a ideia, alguns simpatizando com ela, outros nem tanto.

Comunidade reage com fervura nas redes sociais

Desenvolvedores já publicaram opiniões polêmicas sobre atualizações do Bitcoin. Além da recente remoção do limite do campo OP_RETURN, nos últimos anos também vimos uma longa discussão em torno do BIP 119 e até mesmo a ideia de emissão de cauda, o que faria o Bitcoin ultrapassar seu limite de 21 milhões de unidades.

Sem a opinião do público, algumas dessas melhorias poderiam ser aprovadas de imediato, podendo causar efeitos ainda piores que longas discussões, incluindo forks.

Nas redes sociais, muitos seguidores de Bishop criticaram o posicionamento do desenvolvedor.

“Esse é o tipo de besteira reacionária que torna você, do tipo desenvolvedor e engenheiro, completamente inútil nas dinâmicas políticas e sociais. Arrume um uso melhor para o seu tempo, sério. Esse é o post mais constrangedor que eu li sobre todo esse assunto”, comentou Alex B. da ArcadeOS.

“Então você quer formar uma empresa privada para desenvolver um projeto e uma blockchain FOSS (Free and Open Source Software)? Isso não é basicamente uma secessão, para que as bases assumam o controle? Ninguém no mundo quer uma moeda privatizada. FOSS é uma característica. Se você não aguenta a pressão, talvez isso não seja mais para você”, disse outro usuário.

“Esse problema de moderação é raro e ocorre principalmente com PRs controversos. No geral, a colaboração no GitHub funciona bem. Sua solução proposta parece exagerada, como usar um martelo para esmagar uma mosca que já foi embora”, comentou o desenvolvedor Nicolas Dorier.

“Muita conversa bonita, só para dizer que o Bitcoin Core deveria ser isolado das pessoas que ele afeta. Se você acha que os desenvolvedores devem operar em silos privados e sem responsabilidade, vá construir o Ethereum. O Bitcoin não precisa de uma panelinha. Precisa de uma limpeza”, disse um quarto usuário.

A postagem conta com mais de 70 comentários, sendo difícil encontrar um único a favor da ideia. Outro comentário em destaque questiona se isso foi inspirado pelo Google que, em março, anunciou que estará desenvolvendo o Android OS de forma privada.

Por fim, outro problema apontado é que essa política fecharia as portas do Bitcoin para novos desenvolvedores.

A discussão pode ser acompanhada tanto pelo Google Groups quanto pelo tuíte abaixo.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.
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