Desenvolvedores querem trazer o Ethereum para dentro do Bitcoin

A chegada dos NFTs no Bitcoin, com os Ordinals, está inspirando a criatividade de outros desenvolvedores. No último domingo (5), a equipe do Rollkit divulgou um vídeo mostrando o funcionamento de uma EVM (Ethereum Virtual Machine) na rede de testes do Bitcoin.

Em suma, o Rollkit afirma estar usando uma solução de rollup para realizar isso. Ou seja, as transações seriam realizadas fora do Bitcoin, agrupadas, e então publicadas como uma única transação na rede.

Tal processo já acontece no Ethereum. Por exemplo, Arbitrum e Optimism são duas soluções de segunda camada que usam rollups para oferecer taxas de transações mais baratas com uma segurança similar.

No entanto, nem todos aprovaram a solução do Rollkit. Em suma, muitos alegam que a prática seria apenas mais uma blockchain de primeira camada que estaria gravando seus dados no Bitcoin, sem herdar nenhuma confiança.

O polêmico anúncio do Rollkit

O processo descrito pelo Rollkit é bastante simples de entender. Enquanto o protocolo grava informações no Bitcoin, ele também consegue ler estes dados, como pode ser visto na imagem abaixo.

“Os métodos mais importantes nessas interfaces são SubmitBlock e RetrieveBlock para ler e escrever os blocos.”

Integração do Rollkit com o Bitcoin. Fonte: Reprodução.

Explicando como os dados são gravados, o projeto cita que está usando transações do tipo Taproot, as mesmas que estão sendo usadas para criar NFTs no Bitcoin. Segundo o Rollkit, isso permitiria taxas menores no Bitcoin, mas os exemplos vão além.

“Essa nova integração expande as possibilidades de rollups e também tem o potencial de ajudar a iniciar um mercado de taxas saudáveis no Bitcoin, permitindo um orçamento de segurança mais sustentável.”

Ethereum no Bitcoin

Um dos exemplos usados pela equipe do Rollkit foi a introdução do Ethereum Virtual Machine (EVM) dentro do Bitcoin. Ou seja, tokens e contratos inteligentes poderiam ser hospedados no Bitcoin enquanto se aproveitam da segurança da rede.

Seguindo, o Rollkit até mesmo compartilhou um vídeo mostrando o funcionamento de uma EVM em uma rede de testes do Bitcoin.

“O Rollkit oferece suporte a camadas de execução personalizadas, incluindo EVM, CosmWasm ou Cosmos SDK. Para testar a integração, usamos o Rollkit para executar o EVM (usando Ethermint) como um sovereign rollup em uma rede de teste local do Bitcoin.”

O que dizem os críticos do Rollkit?

Enquanto taxas de transações mais baratas e a “importação” de todo ecossistema de tokens do Ethereum pareçam uma boa ideia, diversos críticos apontam falhas no projeto.

Segundo Alexei Zamyatin, fundador da Interlay, a inscrição de dados no Bitcoin já acontece desde 2012 e não herda nada da segurança da rede. “A postagem inteira descreve “Escrevo alguns dados no Bitcoin” usando palavras sofisticadas e na moda”, finalizou.

Já Ryan Berckmans, apoiador do Ethereum, apontou que a solução não seria um rollup de verdade, mas apenas uma blockchain de primeira camada (L1) gravando seus dados no Bitcoin.

“Um “sovereign rollup no Bitcoin” é, na verdade, uma L1 alternativa que armazena seus dados de bloco no Bitcoin. Não é um rollup real ou uma L2 real.”

Por fim, outros lembraram que Vitalik Buterin tentou criar o Ethereum em cima do Bitcoin, mas acabou abandonando a ideia por concluir que ela era impossível de ser executada. Mais tarde, tais estudos lhe ajudaram com soluções de segunda camada para o Ethereum.

Polêmica sobre gravação de dados no Bitcoin voltou

Embora o Taproot não tenha ganho tanta tração em um primeiro momento, a chegada dos Ordinals acabou trazendo uma velha discussão a tona, a gravação de dados no Bitcoin. Como exemplo, é possível encontrar diversos tipos de mensagens aleatórias, hospedadas por nodes para toda a eternidade. Além disso, até mesmo a stablecoin USDT utilizava a rede Bitcoin anteriormente.

Portanto, enquanto alguns se divertem com todo tipo de “bagunça” na rede, desde imagens dos Simpsons até pedidos de casamento, outros defendem que a rede deveria ser utilizada apenas para gravar transações do Bitcoin.

Cobra, dono do site Bitcoin.org, parece estar do lado daqueles que estão se queixando. Em suas redes sociais, afirmou que o Taproot abriu um precedente jamais visto antes e isso deve mudar o rumo do Bitcoin.

“Não acho que o Bitcoin será capaz de conduzir um soft fork novamente após o Taproot. Muitas pessoas estão insatisfeitas com as consequências não intencionais e se sentem enganadas.”

Por fim, o Bitcoin é um organismo vivo. Aqueles que estão curtindo os NFTs e outros experimentos na rede argumentam que a competição por blocos é benéfica para a própria segurança do projeto, afinal taxas mais caras atraem mais mineradores.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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