Em uma série de tuítes publicados neste domingo (22), Conor Grogan acusou a Binance de fraude. Em específico, o diretor da Coinbase aponta para um “padrão de front-running pela Binance por mais de 18 meses.”
Tal golpe consiste em usar informações privilegiadas para obter lucro na negociação de ativos. Neste caso, criptomoedas. Ou seja, o executivo está acusando sua rival de comprar criptomoedas antes da listagem na plataforma, um evento que geralmente resulta em altas de preços.
Ironicamente, tanto o ex-gerente da Coinbase quanto seu irmão foram presos nos EUA por este crime em julho do ano passado. No entanto, vale notar que a corretora apoiou a decisão da justiça.
Coinbase vs Binance
Maior do mundo, a Binance tem se envolvido em grandes discussões recentemente. Como exemplo, Changpeng Zhao chamou Sam Bankman-Fried da FTX de “um dos maiores golpistas da história”. Mais tarde, envolveu-se em uma discussão com Jesse Powell da Kraken.
Agora é a vez da Coinbase. Em uma série de tuítes publicados nesse domingo (22), Conor Grogan afirma que a corretora de Zhao está cometendo uma fraude há cerca de um ano e meio.
“Parece que há um padrão de front-running da Binance por mais de 18 meses”, escreve Conor Grogan, diretor da Coinbase. Seguindo, o executivo aponta para compras suspeitas logo antes da Binance listar certas criptomoedas, vendendo-as em seguida e lucrando com a operação.
Conforme corretoras como Binance e Coinbase podem gerar maior exposição e volume a criptomoedas listadas em suas plataformas, é natural que seus preços disparem. O contrário também acontece, em casos de remoção.
Voltando as denúncias de Grogan, o executivo exibe capturas de telas de transações, apontando que seria “onde eles [Binance] compraram centenas de milhares [de Tornado Cash (TORN)] e venderam logo após o anúncio da listagem.”
Seguindo, também destaca que a investigação foi feita por ele mesmo, observando o endereço de depósito de outra corretora, a OKX, e carteiras da contraparte.
Outra compra suspeita apontada por Grogan é a da criptomoeda Ramp (RAMP), dias antes de ser listada na Binance.
“Aqui está outra carteira relacionada. Compra US$ 500.000 em RAMP em alguns dias, antes de enviá-los para a Binance minutos após o anúncio da listagem. Supondo que eles venderam, foi um dia de pagamento de ~100 mil dólares.”
Os exemplos seguem, como da listagem da criptomoeda Gnosis (GNO), também resultando em um lucro de cerca de 100.000 dólares.
Por fim, o diretor da Coinbase até lembrou do caso de insider trading que ocorreu em sua corretora. No entanto, aponta para um artigo do WSJ, citando que a fraude também acontece em outras corretoras, incluindo a Binance.
Quem está por trás dessa fraude?
Conforme executivos ganham bons salários e têm uma reputação a zelar, é difícil pensar que estes estariam envolvidos em alguma fraude deste tipo. Contudo, a prisão do gerente da Coinbase e, antes disso, do ex-diretor da OpenSea, mostram que a ganância atropela a razão.
Segundo Conor Grogan da Coinbase, o motivo pode ser “informações privadas relevantes, provavelmente de um funcionário desonesto conectado à equipe de listagens que teria detalhes sobre novos anúncios de ativos.”
Outra explicação de Grogan seria “um trader que encontrou algum tipo de vazamento de API ou teste de trading da corretora”. Embora isso diminua o peso das acusações, ainda aponta que há um problema nas listagens da Binance.
Por fim, um de seus seguidores questionou o que fez Grogan pensar que a Binance seria a responsável. “Poderia muito bem ser alguém da equipe do token/moeda”, explica.
Apesar de deixar claro, já no primeiro tuíte, que está acusando a Binance, o diretor da Coinbase então pisa no freio, afirmando que “não está reivindicando nenhuma conexão com a Binance além dessas negociações sendo cronometradas antes e depois do anúncio da listagem.”
Até o fechamento desta redação, a Binance não respondeu publicamente às acusações. Brian Armstrong, fundador e CEO da Coinbase, também não se posicionou a respeito das falas de Grogan.