Em uma conversa no Senado Federal na última quinta-feira (10), o Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, declarou que o novo Real digital, chamado Drex, não vai acabar rapidamente com a impressão de papel-moeda, embora deva acelerar a diminuição dos gastos ao longo dos anos.
Na conversa com o Senado, Campos Neto falou muito sobre os planos do banco central brasileiro de digitalizar as transações. O Pix, por exemplo, é uma ferramenta já reconhecida como de sucesso pela autarquia.
No futuro, a agenda de desenvolvimento prevê que o Pix caminhe lado a lado com a Drex. Mesmo assim, a moeda digital não deverá passar “pelas mãos” dos clientes de bancos diretamente, visto que seu acesso será totalmente controlado pelo Bacen.
Com isso, apenas bancos e instituições reguladas poderão manipular a moeda Drex, tokenizando suas próprias moedas e, após isso, disponibilizando estas para clientes. A expectativa é que a nova moeda do Brasil chegue até o final de 2024.
“Drex vai diminuir a impressão de papel-moeda, mas não deve acabar com o dinheiro físico ainda”, diz Campos Neto
Questionado sobre a inflação no Brasil, sobre a autonomia do Banco Central e até de um possível fim do crédito rotativo de cartões de crédito, Roberto Campos Neto conversou e tirou dúvidas de vários senadores em sua participação.
Mas algumas indagações envolveram ainda a forma como o banco central planeja mudar as transações de brasileiros. Isso porque, muitos se preocupam que em um país com milhões de desbancarizados, ou mesmo sem acesso à internet, como o Bacen planeja implementar uma nova moeda digital e eliminar de vez o dinheiro em espécie.
De acordo com a Agência Senado, questionado pelo senador Angelo Coronel, o presidente do Banco Central disse que a digitalização da moeda por meio de ferramentas como o PIX e o recém-lançado Drex tende a reduzir a circulação de dinheiro em espécie.
“Acredito que com o cartão, com o Pix e agora com o Drex, a tendência é reduzir mais ainda essa circulação. Eu pergunto, Presidente Roberto Campos: existe uma projeção para o papel-moeda deixar de circular ou ele jamais deixará de circular?“, perguntou o senador. Em resposta, o presidente do BC disse que vê uma projeção de queda do dinheiro físico, enquanto cresce os pagamentos digitais.
“Umas das coisas que a gente tem uma economia grande é porque não precisa gastar tanto tempo e tanto dinheiro imprimindo papel-moeda. Por outro lado, a gente gasta mais em tecnologia. O PIX tem um custo de manutenção que vai subindo, porque são 140 milhões de negociações por dia. A medida que isso vai acontecendo, o papel tende a diminuir. Se vai deixar de existir, é difícil fazer essa previsão.”
Dados apontam que o volume de papel-moeda em circulação no Brasil é R$ 285 bilhões, ou seja, R$ 10 bilhões a menos do que o verificado em 2022.
Senador se mostrou preocupado com crescimento de golpes via Pix
Ainda que o Banco Central do Brasil aposte suas fichas no crescimento dos pagamentos digitais, uma parcela da população ainda se vê preocupada com a segurança de tais plataformas centralizadas.
Sobre o Pix, por exemplo, o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) perguntou a Roberto Campos Neto se o Banco Central pensa em ações para reforçar a segurança nessas transações. Ele manifestou preocupação com o aumento na aplicação de golpes através desse sistema, inclusive tendo como alvo pessoas mais vulneráveis.
O senador também quis saber como a nova moeda digital anunciada pela instituição nesta semana, o Drex, ajudará na inclusão do brasileiro, permitindo acesso à moeda digital.
Em resposta, Campos Neto disse que o BC tem apresentado algumas ações preventivas, como a orientação aos clientes de modular o sistema conforme os seus interesses, e de rotina, estimulando o bloqueio de algumas operações em razão de horário e valores das transações.
Além disso, o BC tem trabalhado junto a outras instituições financeiras para rastrear as “contas laranjas” receptoras de operações via Pix alvo de golpe. “Só existe golpe porque há uma conta receptora”, argumentou Campos Neto.