No dia 14 de abril o hashrate, o poder computacional utilizado na mineração do Bitcoin, cedeu 23%. Um acidente em uma mina de carvão na região de Xinjiang, na China, interrompeu parte da produção de energia.
A rede Bitcoin possui um mecanismo de autodefesa, reduzindo a dificuldade de entrar novos blocos quando há uma queda no número de mineradores. No entanto, o acontecimento colocou a utilização de “energia suja” em evidência.
Como funciona a mineração de Bitcoin?
São computadores potentes buscando uma solução para uma equação matemática. O cálculo é tão complexo que a única forma de achar respostas válidas é na base da tentativa e erro. Estes equipamentos consomem muita energia, portanto são instalados próximo de fontes de baixo custo.
A cada novo bloco encontrado, ou cerca de 10 minutos, a corrida para encontrar a solução é reiniciada. O esforço do minerador é recompensado com 6,25 Bitcoins, além das taxas pagas nas transações incluídas no bloco.
É possível proibir um grupo de mineradores?
Não. A rede é descentralizada, e mesmo que parte dos usuários optasse por bloquear o IP de certos mineradores, é possível utilizar VPN ou roteadores para ocultar a origem do sinal.
Como incentivar o uso de energia “verde”?
O minerador vai em busca de energia barata, e isso usualmente depende de baixos impostos. Ou seja, se o governo sobretaxa esta produção de energia, automaticamente os mineradores vão em busca de outras fontes.
Existem regiões produtoras de gás natural, outra fonte renovável, onde há grande presença de mineradores, incluindo Cazaquistão e Rússia. Com o banimento da atividade na China, os mineradores migraram em massa para Canadá e EUA, em busca de hidrelétricas.
Quem é o culpado no uso do carvão?
Certamente não é a mineração de Bitcoin, pois além da atividade ser razoavelmente recente, o equipamento pode ser transportado com facilidade.
No entanto, o mesmo não pode ser feito pela indústria que se instalou ao redor dessas regiões. São fábricas, funcionários que moram ao redor, galpões, rodovias e ferrovias, enfim, há toda uma estrutura física que não pode ser facilmente movimentada.
Quem ganha com o discurso “verde”?
Vendedores de créditos de carbono, como a Tesla. Por produzir automóveis elétricos, a empresa tem direito de vender essa não-poluição para outras indústrias. No entanto, não é contabilizada a destruição causada pela mineração dos metais pesados que compõem as baterias.
O que esperar nos próximos meses?
O hashrate, poder computacional da rede Bitcoin, já está em 75% de sua máxima em meados de maio. Portanto, errou quem apostou em uma disrupção da rede por conta da venda forçada dos mineradores.
Se havia alguma incerteza sobre a capacidade do Bitcoin de se livrar da energia a carvão, essa morreu. Que venha o próximo FUD!