“Eles que vão se fu**r”, disse presidente da Unick sobre clientes

"Eu nunca falei pra ninguém que devolvia dinheiro pra alguém", teria dito Leidimar Lopes

O presidente da Unick Forex, Leidimar Lopes, nunca quis devolver o dinheiro dos investidores lesados pelo esquema criminoso. Lopes teria dito que os clientes que cancelaram seus contratos com a empresa deveriam é “se fuder”.

A informação foi divulgada nesta quarta-feira (22) pelo jornal NH. O veículo afirmou ter obtido escutas telefônicas que revelam uma conversa entre Lopes e um parente, cujo nome não foi revelado. O “bate-papo” teria ocorrido em setembro.

“Eu nunca falei pra ninguém que devolvia dinheiro pra alguém. Ou ouviu eu falando alguma vez isso aí pra alguém? Eles que vão se f… agora”, teria dito Leidimar Lopes.

“Vá com pistola carregada e toca fogo”, teria dito o presidente

Na conversa, Lopes também teria falado para o parente que ele deveria andar com uma pistola carregada e não dá moleza. Não ficou claro se ele estava se referindo a “dar moleza” para os investidores.

“É, tem que se cuidar. Quando ir pra lá, ir com a (inaudível) e com a pistola carregada, e se baterem no carro ou se chegarem perto, não tem que pará. Se furar um pneu, uma coisa, tem que continuar”, teria falado.

“Tem que se fazer de loco eeee lá no meio do mato lá, se alguém se atravessar, tem que meter em cima e tocá-lhe fogo. Não dá pra dá moleza”, teria falado Lopes.

Veja a íntegra da conversa divulgada pelo jornal:

Leidimar – Por que os que continuam tão tudo certo aqui? Por que eles quiseram cancelar? Eles que vão se f… agora.

Parente – É.

Leidimar – Não mandei ninguém pedir cancelamento.

Parente – É.

Leidimar – Eu organizei a empresa pra quem quer continuar, não pra quem quer parar.

Parente – Pra quem quer continuar, quem qué fazê as coisa.

Leidimar – Eu nunca falei pra ninguém que devolvia dinheiro pra alguém.

Parente – É.

Leidimar – Ou ouviu eu falando alguma vez isso aí pra alguém? Que se f… agora.

Tensão armada

Parente – Não sei, dá até medo de sair né.

Leidimar – É, tem que se cuidar. Quando ir pra lá, ir com a (inaudível) e com a pistola carregada, e se baterem no carro ou se chegarem perto, não tem que pará. Se furar um pneu, uma coisa, tem que continuar.

Parente – É.

Leidimar – Porque daqui um pouco o cara tá ali atrás e finge um acidentezinho, dá aquela batidinha só pro cara parar e descer.

Parente – É, eles fazem isso aí.

Leidimar – Tem que se fazer de loco eeee lá no meio do mato lá, se alguém se atravessar, tem que meter em cima e tocá-lhe fogo. Não dá pra dá moleza.

Parente – É, já vô carregar os pentes. Carreguei dois pente de bala, vou carregar mais um outro. Eu tô a fim de ir lá pra fora, lá pra Neli uns dia. Ficá pra lá.

Unick Forex gerou “bizarrices em tom messiânico”, diz matéria

A reportagem também aborda o apoio “cego” dado por alguns investidores à Unick Forex. Segundo o texto, é possível ver em redes sociais e grupos de conversas algumas “bizarrices em tom messiânico”

“Redes sociais do meio trazem bizarrices em tom messiânico, como se os acusados do golpe, uma vez soltos, voltariam para salvar suas vítimas do prejuízo. O mais insólito é que os devaneios não provêm somente de comparsas infiltrados em grupos de WhatsApp e Telegram, como ex-captadores de clientes ainda sob investigação, mas de incautos que perderam casa, carro e economias”, diz trecho da matéria.

O texto ainda fala sobre as pirâmides financeiras que se formaram após a queda da Unick Forex. De acordo com a publicação, a empresa gaúcha teria dado espaço para o desenvolvimento de outros negócios ilegais, “que vão se renovando na medida em que quebram e lesam mais pessoas”.

Uma das novas “empresas” que surgiu depois que a Unick caiu, por exemplo, foi a MoGuRo, que já deixou de pagar os investidores.

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Lucas Gabriel Marins
Lucas Gabriel Marins
Jornalista desde 2010. Escreve para Livecoins e UOL. Já foi repórter da Gazeta do Povo e da Agência Estadual de Notícias (AEN).

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