EUA devolverão R$ 32,8 bilhões em Bitcoin para corretora que foi hackeada em 2016

A história começa em 2016, quando o Bitcoin estava avaliado em US$ 575. Na data, a Bitfinex sofreu um dos maiores hacks da história ao perder 119.754 bitcoins, equivalentes a US$ 68,8 milhões na época e US$ 7,6 bilhões atualmente.

Um documento publicado nesta terça-feira (8) aponta que os EUA estão prontos para devolver 94.643 bitcoins, avaliados em R$ 32,8 bilhões, para a corretora Bitfinex. A quantia foi recuperada no início de 2022, sendo a maior apreensão da história, acarretando prisão de Ilya Lichtenstein e Heather Morgan.

Enquanto Lichtenstein segue cumprindo prisão domiciliar, Morgan foi vista circulando na conferência Bitcoin 2024 em julho, onde distribuía adesivos de si mesma de topless montada em um crocodilo e se apresentava como uma “consultora de web3”.

Independente da pena destinada ao casal, o que mais interessa ao mercado é o destino dessas dezenas de milhares de bitcoins que estão prestes a voltar à circulação.

O hack da Bitfinex

Toda essa história começa em 2016, quando o Bitcoin estava avaliado em US$ 575. Na data, a Bitfinex sofreu um dos maiores hacks da história ao perder 119.754 bitcoins, equivalentes a US$ 68,8 milhões na época e US$ 7,6 bilhões atualmente.

Conforme os clientes da Bitfinex foram afetados pelo roubo, já que a corretora não tinha como honrar 100% dos tokens, ela decidiu criar um token chamado BFX. Tal token era uma promessa de que os usuários seriam recompensados ao longo do tempo, permitindo que a empresa continuasse operando.

A estratégia funcionou. O resgate completo desses tokens aconteceu em abril de 2017 e hoje a Bitfinex continua entre as maiores corretoras do mundo.

No entanto, a corretora continuou emitindo tokens. Um deles é o Recovery Right Token (RRT), sendo uma promessa da devolução de fundos que fossem recuperados. Em 2021, por exemplo, eles conseguiram recuperar ~6,5 BTC, além de outros ~27,6 BTC em 2019.

O terceiro token criado foi o UNUS SED LEO (LEO), atualmente 17ª maior criptomoeda por valor de mercado. Seu valor é justificado pelos termos descritos em seu whitepaper.

“A iFinex e suas subsidiárias utilizarão um valor equivalente a pelo menos 80% dos fundos líquidos recuperados do hack da Bitfinex para recomprar e queimar tokens LEO em circulação.”

Ou seja, conforme a corretora irá recuperar R$ 32,8 bilhões em Bitcoin, descontando despesas, R$ 26,2 bilhões devem ser destinados para este fim.

EUA devem devolver bitcoins para a Bitfinex

Enquanto os EUA leiloaram e venderam centenas de milhões de bitcoins ao longo da história, essa apreensão foi diferente. Isso porque nos outros casos, como da Silk Road, não havia uma vítima para reivindicar essas moedas.

Dado isso, os EUA deram a entender que estão prestes a devolver finalmente os 94.643 bitcoins apreendidos em 2022. Os outros ~25.000 bitcoins restantes devem ter sido gastos pelos hackers ao longo dos anos.

“O governo não tem conhecimento de nenhuma pessoa que se qualifique como vítima segundo a CVRA (Lei de Direitos das Vítimas de Crime) ou para restituição segundo a MVRA (Lei de Restituição Obrigatória às Vítimas), além, talvez, da Bitfinex, a Corretora de Criptomoedas Vítima (“VICTIM VCE”), mas busca tal medida por excesso de cautela, a fim de fornecer aviso aos membros do público em particular, aos antigos titulares de contas da corretora e lhes dar a oportunidade de apresentar potenciais reivindicações de direito.”

Conforme o caso foi amplamente noticiado pela mídia e ninguém mais se pronunciou, é difícil acreditar que agora apareça outra vítima para disputar o caso. Portanto, a devolução deve ocorrer em breve.

O que acontecerá com esses bitcoins?

A grande questão é o que será feito com esses bitcoins. Afinal, a quantia é grande o suficiente para criar uma forte pressão de venda ou, ao menos, pânico no mercado.

Dado isso, os 20% que ficarão com a Bitfinex não devem ser gastos. Isso porque a corretora é operada pela iFinex, mesma empresa que controla a stablecoin Tether (USDT), sendo conhecidos por sua crença na valorização do BTC ao longo prazo.

Ou outros 80% seriam trocados pelo token UNUS SED LEO (LEO). No whitepaper, a corretora cita o compromisso de recomprar e queimar esses tokens com base nos valores recuperados.

O período para que isso aconteça é de 18 meses a partir da data da recuperação, portanto, não deverá ter grande impacto no mercado devido a esse tempo. Despesas jurídicas, encargos governamentais e outros gastos serão deduzidos desse montante.

“Por exemplo, uma recuperação parcial de 60.000 BTC ao preço de mercado atual (1 BTC = aproximadamente US$ 5.000) resultaria em US$ 300 milhões. Após a dedução de US$ 30 milhões (para os RRTs em circulação), restariam US$ 270 milhões. Supondo que os US$ 270 milhões fossem fundos líquidos recuperados, a iFinex utilizaria pelo menos 80% (ou seja, pelo menos US$ 216 milhões) para queimar tokens LEO.”

Com a notícia, o LEO subiu 15% nesta quarta-feira (9), mas voltou ao seu preço de US$ 6 nos minuto seguintes.

UNUS SED LEO (LEO) disparou com publicação de documento pelas autoridades americanas, mas voltou a cair. TradingView.
UNUS SED LEO (LEO) disparou com publicação de documento pelas autoridades americanas, mas voltou a cair. TradingView.

Até o fechamento dessa matéria, a Bitfinex não fez nenhum pronunciamento público sobre o assunto.

Por fim, a reentrada desses bitcoins no mercado não deve ter quase nenhum impacto em seu preço. No momento desta redação, o Bitcoin está cotado a US$ 61.770, apresentando uma leve queda de 0,6% nas últimas 24 horas.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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