Dois irmãos na África do Sul podem ser responsáveis pelo maior golpe Ponzi envolvendo o Bitcoin já aplicado no país. O nome da empresa que causou prejuízo nos investidores é Africrypt.
Os chamados “Ponzi” receberam esse nome em homenagem ao maior golpista já pego aplicando golpes do tipo, o italiano Charles Ponzi, falecido no Rio de Janeiro em 1949. Usando o dinheiro de novos investidores para pagar os antigos, o esquema também é conhecido pelo nome de pirâmide financeira.
Essa fraude, considerada uma modalidade de estelionato, consiste em prometer lucros altos para investidores. Para justificar os ganhos acima do mercado, as empresas mascaram suas atividades com algum ativo, sendo o Bitcoin um dos preferidos nos últimos anos.
Para ser ter uma ideia de até onde vai à audácia dos golpistas, os brasileiros já viram esquemas Ponzi até de “avestruz”. Mas na África do Sul o caso já assusta os investidores da Africryt.
Maior golpe Ponzi com Bitcoin da África do Sul chama atenção, mais de R$ 17 bilhões sumiram
Fundada em 2019, a Africrypt foi criada por Ameer Cajee e seu irmão mais novo, Raees Cajee. As atividades da empresa seriam de um fundo de investimentos em Bitcoin que prometia aos clientes um alto lucro com operações no mercado de criptomoedas.
Segundo o portal de notícias sul-africano ITWEB, a confusão teria começado no último mês de abril, quando a Africrypt afirmou ter sido hackeada, segundo os irmãos fundadores. Pela blockchain, foi possível ver que o Bitcoin da empresa havia mudado de carteira e os saques foram suspensos.
Além disso, um dos irmãos ainda teria declarado que o suposto hack poderia ter afetado a base de dados dos clientes, vazando informações pessoais.
O valor que desapareceu é de US$ 3,6 bilhões, cerca de R$ 17,9 bilhões hoje, ou ainda 51 bilhões de Rand africano. A alta soma subtraída dos clientes causou espanto na comunidade de criptomoedas local, visto que este é certamente o maior golpe já aplicado na África do Sul.
O que mais chama atenção sobre o caso, destacou o ITWEB, é que vários investidores ainda aguardam para receber seus bitcoins de volta. Um empresário que não foi identificado perdeu US$ 15 milhões no golpe, mas ainda nutria uma esperança de receber seus valores.
Dessa forma, sem muitas denúncias de clientes, os irmãos Cajee não foram mais encontrados e são dados como fugitivos após o suposto ataque hacker. O mais curioso é que em casos de fim de esquemas Ponzi, é comum a culpa ser jogada em “ataques hackers”.
Banco pode ter ajudado irmãos Cajee a aplicar possível golpe
De acordo com o portal de notícias IOL, outro da África do Sul que cobre o caso, o banco FNB teria permitido que transações suspeitas da Africrypt fossem realizadas. Como este era o banco mais utilizado pelo possível golpe, ele está sendo investigado, mas alega não poder fornecer informações, devido à confidencialidade bancária.
Vendo seus bitcoins indo embora, alguns clientes ainda tentaram rastrear as transações, mas alegam que as moedas já passaram por mixers da deep web, sendo difícil acompanhar onde estão agora.
Com a repercussão do caso na África do Sul, órgãos governamentais já preparam um documento para alertar sobre os riscos dos investimentos em criptomoedas. Isso porque, muitas pessoas ainda acreditam em retornos fixos em investimentos.
O esquema ainda poderia levar o governo sul-africano a regulamentar duramente o Bitcoin no país, após o caso do maior golpe ponzi com a moeda em sua história.