Em julho desse ano, o governo americano confiscou cerca de R$ 90.000 em criptomoedas, alegando que a quantia estava ligada a um crime. O que era para ser apenas mais um caso comum entre tantos outros acabou tendo um desfecho inusitado.
Em documento do processo publicado na última quarta-feira (8), o golpista pede que o FBI devolva as “suas” criptomoedas. Em sua defesa, o homem alega nunca ter cometido nenhum crime, e que a quantia é fruto de seu trabalho na área de seguros.
As autoridades americanos não morderam a isca. Em resposta, notaram que a alegação do golpista é falsa e a quantia não deve ser devolvida a ele.
Golpistas fazem idosa de vítima, roubando centenas de milhares de dólares
Segundo o processo, os golpistas teriam entrado em contato com uma vítima de 63 anos via e-mail, afirmando que seu dispositivo estava infectado com pornografia. Parecendo esquema de extorsão, a vítima foi induzida a enviar dinheiro aos golpistas mediante gift cards e criptomoedas.
Dentre os montantes estariam cerca de US$ 12.000 (R$ 58.000) em gift cards do Walmart e mais de 3 bitcoins (R$ 530.000). Com o apoio da corretora Paxful, o FBI conseguiu rastrear essas transações e encontrar outros detalhes sobre os golpistas.
“Uma análise mais aprofundada na blockchain determinou que o endereço 1M4D…MRsu estava associado à Binance”, continua o processo, notando que a Binance também ajudou nas investigações, revelando detalhes sobre o dono dessa conta. “O FBI iniciou uma tentativa de confisco administrativo dos fundos apreendidos do [usuário] avaliados especificamente em aproximadamente US$ 18.469,31 (R$ 90.000).”
Na sequência, o processo nota que o golpista entrou em contato com o FBI para pedir a liberação de seus fundos, o que torna essa história diferente de todas as outras.
Golpista pede que FBI devolva suas criptomoedas
Já em setembro, um dos golpistas tentou recuperar as criptomoedas confiscadas pelo FBI de sua conta da Binance. No texto, ele se identifica como um profissional da área de seguros, notando que o dinheiro em questão era fruto de seus investimentos, não de golpes.
“Olá, senhor/senhora, meu nome é Vishal Gautam, moro na Índia, sou um investidor e trader de criptomoedas em meio período e trabalhador na área de seguros de saúde em tempo integral em meu país, sou um investidor e trader de criptomoedas há quatro anos agora”, inicia a carta do golpista.
“No mês de julho de 2023, minhas criptomoedas desapareceram da Binance de repente, não sei como isso aconteceu, mas então fiquei sabendo que o FBI suspendeu meus ativos, já se passaram 3 meses desde que meus ativos estão congelados”, continua o golpista. “Peço que libere meus ativos de sua custódia, tenho esses ativos em minha conta Binance há 1,5 ano, não estou envolvido em algo ilegal e nunca estarei, não farei nada que possa prejudicar o seu país ou o seu povo de qualquer forma, sou um trabalhador esforçado e cuido uma família de 4 pessoas aqui na Índia.”
“Os fundos que você tem sob custódia são uma quantia muito grande para mim e minha família, peço para você, por favor, libere-o de sua custódia. Obrigado, cumprimentos.”
Em resposta, os responsáveis pelo caso notam que as alegações do golpista são “falsas ou imprecisas”. Como destaque, afirmam que as criptomoedas em disputa não estavam em sua conta antes do período mencionado, de um ano e meio.
Como pode ser observado, as autoridades americanas recuperaram apenas uma fração do montante envolvido no golpe. Por fim, o caso é um lembrete de que não devemos colaborar com golpistas. Empregados do banco até tentaram alertar a idosa de 63 anos de que ela estava caindo em um golpe, mas a vítima não lhes deu ouvidos.