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Governo sem dólares e população sem combustíveis, Bolívia usará criptomoedas para sair da crise

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Luis Alberto Arce Catacora, presidente da Bolívia, assinou um decreto na segunda-feira (10) permitindo que a YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), petroleira estatal da Bolívia, use criptomoedas para importar combustíveis para o país.

Segundo a mídia local, o país passa por uma escassez de petróleo, gasolina e outros derivados. Além disso, a YPFB estaria sem dólares para realizar o pagamento desses produtos.

Como consequência, o dólar paralelo quase dobrou de preço no país. Enquanto o USD é negociado por 6,92 Bolivianos (Bs) no mercado formal, a moeda americana chegou a Bs 11,93 em cidades como Santa Cruz e La Paz.

Após bani-las, governo da Bolívia usará criptomoedas para importar combustível

Seguindo os passos da China, a Bolívia baniu as criptomoedas logo no início de 2022. Anos depois, o governo cancelou o banimento em meio a uma tentativa de golpe militar.

Em meio a uma crise cambial e de combustíveis, agora é o próprio governo quem está recorrendo às criptomoedas. O decreto 5348, assinado pelo presidente bolivariano Luis Arce, passa a permitir que a petroleira YPFB use criptomoedas para importar combustível.

“O Artigo […] faculta às empresas e entidades públicas que realizem atividades comerciais, a obtenção de ativos virtuais e sua transferência para cumprir suas obrigações contratuais em moeda estrangeira.”

“O Estado Plurinacional da Bolívia está atravessando uma situação de iliquidez transitória de moeda estrangeira que afeta diretamente o abastecimento de combustíveis”, aponta o decreto. “Em cumprimento ao mandato constitucional de abastecer o mercado interno de combustíveis, é necessário autorizar a YPFB a […] estabelecer o tratamento dos gastos financeiros por operações com ativos virtuais para a compra de petróleo bruto, diesel e insumos e aditivos para a obtenção de gasolina base e/ou especial.”

Decreto Supremo 5348 da Bolívia, com presidente autorizando YPFB a usar criptomoedas para importar petróleo e combustíveis.

População faz fila para abastecer carros e caminhões

Nas redes sociais, é fácil encontrar imagens e vídeos de bolivarianos em filas quilométricas para abastecer seus veículos. Algumas imagens são ainda de novembro de 2024, mostrando que a crise não é recente ou passageira.

“[Estou aqui] desde as 5 da manhã. Sim, [a gasolina] chegou, nós deixamos nossos documentos ontem e hoje nos disseram para estarmos aqui às 6:00 da manhã”, comentou uma cidadã. “Mas estão nos dando apenas 5 litros, já está limitado.”

“Fomos em diferentes postos, mas não conseguimos encontrar, então é o único lugar onde estão nos dando pelo menos 5 litros.”

Além disso, estrangeiros denunciam que estão pagando 130% mais caro pela gasolina na Bolívia.

“Sim tem [gasolina], a preço internacional é 8,60 bolivianos por litro”, comenta um frentista para uma argentina. “Para boliviano é 3,76. Placa bolivariana, veículo bolivariano. Não saberia dizer porque [a diferença de preço], são vendas internacionais.”

— DIARIO ZONDA (@diariozondasj) March 11, 2025

Por fim, alguns cidadãos afirmam que o presidente bolivariano do Movimento ao Socialismo (MAS) prometeu transformar a Bolívia em uma Suíça, mas que o país está virando uma Venezuela, outro liderado pela esquerda que se rendeu às criptomoedas.

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Autor:
Henrique HK