O principal suspeito de hackear o celular do ex-juiz Sérgio Moro, vazando conversas privadas dele ao público, continuará preso. O hacker que usou uma conta no Banco do Brasil e até Bitcoin nos crimes, tentou um pedido de liberdade nos últimos dias.
Com a pandemia do novo coronavírus, vários presos foram colocados em liberdade. A justificativa é uma recomendação do CNJ, para evitar a disseminação do novo coronavírus nas prisões.
Ao mesmo tempo, várias empresas liberaram funcionários para trabalhar em regime de home office. Dessa forma, mesmo com o pedido de liberdade devido à Covid-19, o hacker poderia levar perigo para a sociedade caso fosse libertado. Esse foi o entendimento da justiça no caso, que já liberou um possível cúmplice em janeiro de 2020.
Hacker de ex-juiz Sérgio Moro e Banco do Brasil teve o pedido negado pela justiça federal
Em 2019, quando Sérgio Moro ainda era Ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, o Brasil parou. Com vários vazamentos de dados pessoais de Moro, e várias autoridades, o portal de notícias The Intercept iniciou a famosa “Vaza Jato”.
Para expor conversas pessoais do então ministro na época em que era juiz, o jornalista Glenn Greenwald contou com o vazamento dos dados feitos por hackers. O caso foi parar nas mãos da Polícia Federal que passou a investigar os hackers e as movimentações em Bitcoin que realizavam.
O principal hacker, apontado como líder do vazamento das informações, é Walter Delgatti Neto. Walter, que foi preso na Operação Spoofing, em 2019, confessou a autoria do crime. Nos últimos dias, contudo, pediu para sair da prisão, de forma preventiva.
O caso, que foi parar no Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, foi decidido nos últimos dias. De acordo com a decisão judicial, seria um risco liberar o hacker durante a pandemia, onde o acesso a meios digitais são fáceis.
Justiça negou liberdade e notificou Ministério Público Federal da decisão
A decisão judicial que negou pedido de liberdade Walter Delgatti Neto foi publicado pelo TRF-1 nesta sexta (28). Após a decisão, o Ministério Público Federal, que também apura o caso, foi notificado.
Na decisão, a justiça apontou o perigo em libertar o hacker, que poderia ter acesso a dispositivos eletrônicos e novamente cometer crimes. Como ele tira seu sustento de atividades criminosas, com meios digitais, a justiça negou liberdade.
O periculum libertatis está devidamente fundamentado nos requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal para a manutenção da prisão preventiva de WALTER DELGATTI NETO. Faz-se necessário garantir a ordem pública devido ao fundado receio de reiteração de práticas criminosas considerando o presente panorama de home office e utilização de computadores e dispositivos de informática também para a realização de atividades bancárias, em tempos de pandemia pelo Covid-19, alvos das ações de hackers; a necessidade de preservar as investigações em curso relativas a fraudes bancárias e furtos eletrônicos, além de assegurar a aplicação da lei penal já que o réu não exerce atividade lícita fazendo do crime seu sustento.
Por fim, com o pedido de revogação da prisão preventiva de Walter indeferido, o hacker do ex-juiz Sérgio Moro continua preso.
O caso segue acompanhado pelas autoridades, que viram o hacker vazar dados de várias pessoas públicas, em um episódio que será lembrado por alguns anos no país.