A gigante de serviços financeiros Fidelity está apostando alto no Bitcoin, publicando um relatório que descreve a moeda digital como um “bem monetário” e reserva de valor único que todo investidor deve considerar.
De acordo com o documento, a empresa vê o Bitcoin como fundamentalmente diferente de todos os outros ativos digitais, sendo praticamente impossível que outra criptomoeda supere o Bitcoin.
Antes de uma sociedade aceitar algo como dinheiro, diz a Fidelity, ela precisa ter diversas características. O Bitcoin possui muitas dessas características, ao contrário de outras criptomoedas.
“O Bitcoin claramente possui muitas boas qualidades de dinheiro, combinando a escassez e durabilidade do ouro com a facilidade de uso, armazenamento e transportabilidade do dinheiro fiduciário (até mesmo melhorando-o).”
Bitcoin é antifrágil
Reconhecida como uma das maiores empresas de gestão de investimentos e serviços financeiros do mundo, a Fidelity afirma que o Bitcoin é antifrágil, um conceito popularizado por Nassim Taleb que define coisas que se beneficiam com o caos.
“Cada minuto, hora, dia e ano que o Bitcoin sobrevive aumenta suas chances de continuar no futuro à medida que ganha mais confiança e sobrevive a mais caos. Isso também anda de mãos dadas com a propriedade da antifragilidade, onde algo se torna mais robusto ou mais forte a cada ataque ou instância em que o sistema sofre alguma forma de estresse.”
Sobre o assunto, o documento aborda os riscos e críticas associados ao Bitcoin, como vulnerabilidades de protocolo e ataques de governos, bem como tais riscos podem ser facilmente mitigados.
Os pesquisadores da Fidelity reconhecem que investimentos em bitcoin trazem riscos, mas argumentam que os investidores estão “superestimando os riscos negativos do bitcoin quando comparados a outros ativos digitais”, dada a longevidade da criptomoeda e seu poder de permanência em meio a crises nas finanças tradicionais.
A empresa ainda mostra dados que provam que Bitcoin é a rede descentralizada mais segura do mundo e, segundo ela, excede em muito qualquer outro concorrente.
“Devido às diferenças nos algoritmos de hash, a taxa de hash do Bitcoin não pode ser comparada diretamente com a taxa de hash de muitos outros ativos digitais. Independentemente disso, em termos de poder computacional necessário para alterar o consenso da rede, o bitcoin excede em muito qualquer concorrente de prova de trabalho restante.”
Fidelity compara Bitcoin à Internet
A Fidelity gerencia cerca de US$ 4,5 trilhões em ativos para mais de 43 milhões de clientes que estão atentos ao que a empresa recomenda. E segundo a empresa, investir em Bitcoin é como investir na Internet em seus estágios iniciais.
Segundo a empresa, uma das principais preocupações dos investidores em relação ao bitcoin é que, como primeira criptomoeda do mercado, ele pode ser substituído por novos concorrentes (como a história do Orkut e do Facebook).
No entanto, diz a Fidelity, isso é praticamente impossível de acontecer porque o Bitcoin deve ser considerado separado de todos os outros ativos digitais, e o Bitcoin deve ser comparado ao TCP/IP — uma camada base da Internet.
O conjunto de protocolos da Internet, TCP/IP, facilita uma camada base de código aberto, sobre a qual foram construídas inúmeras aplicações, alimentando a Internet tal como conhecemos hoje. A analogia da Fidelity é direta: Ter Bitcoin é como possuir a base da Internet.
“O que é interessante sobre essa arquitetura é que um investidor pode possuir parte da camada base dessa nova tecnologia e pode ser relativamente agnóstico sobre quais aplicações específicas são construídas em cima dela. Seria como poder possuir a camada base da Internet e obter exposição a toda a inovação que será construída em cima dela (por exemplo, Google, Amazon, etc.) sem ter que tentar escolher vencedores e perdedores específicos.”
A Fidelity também explica porque o Bitcoin já é o próximo Bitcoin, comparando a invenção da criptomoeda com a invenção da roda, que representou uma tecnologia inteiramente nova que, uma vez inventada, nunca poderia ser reinventada.
“Da mesma forma, nunca na história da humanidade o problema da escassez digital e do verdadeiro dinheiro eletrônico peer-to-peer foi resolvido até que o Bitcoin fosse inventado.”
Por fim, a Fidelity afirma que investidores tradicionais geralmente aplicam uma estrutura de investimento em tecnologia ao bitcoin, levando à conclusão de que o bitcoin, como uma tecnologia pioneira, será facilmente superada por uma superior ou terá retornos menores.
No entanto, a empresa diz que a primeira inovação tecnológica do bitcoin não foi como uma tecnologia de pagamento, mas como uma forma superior de dinheiro.
“Como um bem monetário, o bitcoin é único. Portanto, não apenas acreditamos que os investidores devem considerar o bitcoin primeiro para entender os ativos digitais, mas que o bitcoin deve ser considerado primeiro e separado de todos os outros ativos digitais que o seguiram.”
