Há 14 anos, Satoshi Nakamoto minerava o primeiro bloco do Bitcoin, oficialmente lançando a maior e mais famosa criptomoeda do mercado. Na ocasião, Nakamoto aproveitou para gravar uma manchete do jornal The Times, apontando que o chanceler estava “à beira do segundo resgate aos bancos”.
Tal feito teve dois motivos. O primeiro deles, obviamente, era servir como uma prova de que Nakamoto estava sendo honesto. Afinal, a manchete do jornal comprovava que tal bloco não havia sido minerado antes da data de sua impressão, 3 de janeiro de 2009.
O segundo motivo era mais político. O uso da notícia era uma forte crítica as políticas financeiras estatais. Enquanto isso, o Bitcoin surgia como uma resposta para este problema, prometendo um dinheiro livre e sem amarras governamentais.
Jornalista que escreveu matéria gravada no Bitcoin fala sobre “homenagem”
Ainda incrédulo sobre o Bitcoin, o Financial Times desejou um “feliz aniversário ao esquema Ponzi gigante” nesta terça-feira (3). A matéria contou com a presença de Francis Elliott, ex-jornalista do The Times, responsável pela manchete gravada no primeiro bloco do Bitcoin.
Segundo o jornalista, ele só ficou sabendo da “homenagem” há 6 ou 8 anos quando entusiastas começaram a marcá-lo no Twitter. Contudo, comenta que nunca comprou criptomoedas, mostrando seu ódio pelos ativos digitais.
“[As criptomoedas são] nada mais que um esquema Ponzi gigante [e] um golpe absoluto.”
Mesmo assim, uma busca rápida no Twitter revela que Elliott já quis receber um Bitcoin, mostrando toda ironia por trás de sua afirmação mais recente.
“Um pouco confuso para ser honesto. Eu estava vagamente ciente, mas confesso que não estou atualizado”, comentou Francis Elliott, em 2015, ao ser questionado como se sentia ao ter seu artigo imortalizado no bloco gênesis do Bitcoin. “Eu acho que — no mínimo — mereço um bitcoin, você não concorda?”
Na verdade, embora não tenha recebido um bitcoin inteiro, Elliott acabou sendo agraciado com alguns satoshis por investidores. Apesar de não ter ficado rico com essas frações, o jornalista tem mais uma ótima história para contar aos seus amigos.
“É uma daquelas histórias que fiquei aliviado por estar certa. Era uma fonte boa, mas… bem, era uma história de Natal e Ano-Novo”, concluiu o ex-jornalista do The Times em conversa ao FT sobre a manchete gravada no Bitcoin. “Não tenho ideia de por que [Nakamoto] usou aquela peça ou quem ele é. Talvez ele soubesse de algo que nós não sabíamos.”
Cópias do jornal estão sendo vendidas por, no mínimo, R$ 1,36 milhão
Em seus 14 anos, o Bitcoin valorizou 2.178.035.658%. No entanto, não foi o único com ganhos explosivos. Afinal, impressões originais do jornal The Times de 3 de janeiro de 2009 também tiveram grande valorização.
De acordo com um site de colecionadores, atualmente existem apenas 8 cópias de tal jornal e seu preço mínimo está cotado em US$ 250.000 (R$ 1,36 milhão). Já outro dono está pedindo US$ 1,3 milhão, ou seja, R$ 7,11 milhões em conversão direta.
Por fim, tal matéria tornou-se um símbolo dos motivos da criação do Bitcoin. Sendo assim, muitos entusiastas — que não têm milhões para investir em uma impressão original — costumam ostentar cópias emolduradas em suas paredes para lembrar das raízes dessa história.
“The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks”
“The Times 03/Jan/2009 Chanceler à beira do segundo resgate aos bancos”
