Continuam os problemas judiciais da Atlas Quantum, fintech com sede em São Paulo. Dessa vez, um juiz manda a Atlas atualizar a cotação de Bitcoin de um cliente. Desde 2019, a empresa tem atrasado saques dos investidores.
A Atlas Quantum surgiu com uma proposta “inovadora” para interessados em Bitcoin. Com um super robô de arbitragem, a Atlas oferecia rendimentos para os clientes. Os rendimentos, a princípio, não eram fixos. Contudo, a empresa nunca entregou prejuízos, ou seja, dava a impressão de solidez.
O sonho ficou mais complicado quando a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, interditou o negócio. Ao proibir a Atlas de captar brasileiros, começaram os problemas de saques. Ao criar uma criptomoeda própria, a Atlas esperava encerrar os problemas. Os clientes não viram da mesma forma, com muitos partindo para a justiça.
Juiz manda a Atlas Quantum atualizar a cotação de Bitcoin de um cliente que não consegue sacar
Nos últimos anos, a Atlas Quantum chamou atenção na comunidade de Bitcoin brasileira. Ao patrocinar eventos da comunidade, logo se tornou conhecida, trazendo um modelo de negócios “inovador”. A promessa era que investidores poderiam ter seus Bitcoins rentabilizados.
Com um robô, a Atlas Quantum oferecia rendimentos acima do mercado. Além disso, captava investidores sem o aval da CVM. Em 2019, a autarquia federal interrompeu a Atlas de captar novos investidores.
De acordo com um processo, que corre no TJSP, um cliente teria sido “surpreendido” com o stop order. Dessa forma, passou a acompanhar o noticiário sobre a Atlas, até que resolveu pedir seu saque. Quando pediu o saque pela primeira vez, em fevereiro de 2020, a cotação do Bitcoin estava em R$ 43 mil. A empresa, entretanto, dificultou o saque, que deveria ser em D+1.
Contudo, com uma super valorização em 2020, o preço do Bitcoin já supera os R$ 65 mil. O cliente então recorreu na justiça para reaver seus 2,5 Bitcoins, investidos na Atlas Quantum, ainda em 2019. O juiz do caso, agora manda a Atlas pagar ao cliente o valor com a cotação atualizada.
Dessa forma, caso proceda ao saque, a Atlas deverá corrigir cerca de 50% do valor do cliente. Isso porque, essa seria a valorização que o Bitcoin teve no período. A causa, que hoje seria de R$ 109 mil, deverá ir para R$ 163 mil, de acordo com o preço do Bitcoin hoje.
Problemas na Atlas e conversão para criptomoeda sem valor
Perante a justiça, o cliente afirmou que ainda tem acesso a sua conta. Contudo, ao acessar não consegue visualizar seu saldo em Bitcoin. Isso porque, a Atlas criou uma shitcoin (criptomoeda sem valor), que seria usada para pagar os clientes.
Como não é possível ver o saldo correto em Bitcoin, o juiz mandou bloquear o saldo da Atlas pelo Bacenjud. O caso não é o primeiro a recorrer na justiça após ter seu saldo convertido em Bitcoin Quantum (BTCQ).
Recentemente, essa moeda da Atlas até foi listada em uma corretora, mas o problema continua. Como a empresa converteu o saldo de Bitcoin para BTCQ sem o aval dos clientes, muitos se revoltaram. Cabe o destaque que, apesar da proibição pela CVM, a Atlas Quantum continua exibindo o botão de “cadastros” na sua plataforma de investimentos.