Em nota divulgada nesta quarta-feira (10), a corretora Kraken anunciou que estará removendo a criptomoeda Monero (XMR) de sua plataforma. A remoção afetará apenas clientes da Irlanda e da Bélgica, mas mostra a pressão das autoridades sobre criptomoedas focadas em anonimato.
Sua concorrente Binance já havia removido Monero em fevereiro, deixando a moeda com pouca liquidez no mercado. Desde a ação da Binance, a XMR já perdeu 19,8% de seu valor.
A situação não é única da Monero. Afinal, projetos como Zcash (ZEC), Horizen (ZEN), também estão perdendo mercado, o que pode indicar o fim das criptomoedas anônimas, ao menos para investidores.
Kraken é uma das maiores corretoras com a criptomoeda Monero
Conforme a remoção da Monero (XMR) afetou apenas dois países, Bélgica e Irlanda, a queda da criptomoeda foi pequena, apenas 2,5%. No entanto, dados do mercado mostram que poucas corretoras ainda trabalham com XMR e a Kraken detém boa parte do volume de negociações.
Segundo comunicado oficial, tanto depósitos quanto negociações serão interrompidos no dia 10 de maio, daqui a um mês. Ordens em aberto serão fechadas automaticamente caso clientes não façam isso por contra própria.
Por fim, os saques estarão disponíveis até 10 de junho. Após a data, quaisquer XMR serão convertidas em Bitcoin (BTC) nas contas dos usuários afetados.
A decisão ocorre poucos dias após a União Europeia aprovar novas leis limitando o uso de dinheiro em espécie e pagamentos anônimos em criptomoedas. Tanto Bélgica quanto Irlanda fazem parte da UE, o que pode ter influenciado na decisão.
Também nesse ano, a Kraken já havia surpreendido seus clientes ao requisitar informações sobre suas carteiras externas. O caso em questão aconteceu no Reino Unido, que apesar de ter abandonado a UE em 2020, é um dos países mais rígidos em relação ao setor cripto do mundo.
Fim da linha para criptomoedas anônimas?
Enquanto quase todo mercado aproveita mais um grande ciclo de alta, moedas anônimas não estão acompanhando esse ritmo. No caso da Monero (XMR), seu preço está em queda de 74% em relação ao seu topo histórico de 2021.
Embora governos não consigam banir o uso de XMR, ou seja, transações na própria rede, a pressão sobre corretoras mostram que governos podem ter uma grande influência no preço dessa e outras criptomoedas.
Portanto, criptomoedas focadas em privacidade continuarão existindo, mas com cada vez menos liquidez e volume, o que impacta o preço.
No caso do Bitcoin é difícil que isso aconteça. Isso porque sua transparência é considerada o sonho de qualquer investigador, mas o recente apoio de gigantes de Wall Street e até mesmo de membros do congresso americano é outro grande fator a ser analisado.