Frear a economia e manter a população em casa durante a pandemia do coronavíurus, visando salvar vidas, ou deixar a atividade econômica a todo vapor, resguardando empregos e empresas e deixando alguns morrerem pelo caminho?
Esse dilema gerado pela propagação do Covid-19 tem sido discutido por líderes do mundo todo. Alguns, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, preferiram pisar no freio e fazer o isolamento social, como sugere a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Outros, a exemplo do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), acreditam que a economia não pode parar. “O povo tem que trabalhar ou a fome vem aí. O desemprego é terrível. O Brasil não pode parar. O povo tem dito para mim, se é que devemos seguir o povo e eu acho que sim, todo mundo está pedindo para trabalhar”, disse à imprensa no domingo (29), em Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal (DF).
O que fazer?
De acordo com um estudo publicado na semana passada por economistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology), o preço econômico gerado por quarentenas e isolamento social pode ser menor do que o gerado com a economia funcionando durante a pandemia.
“Cidades que intervieram mais cedo e mais agressivamente experimentam um aumento relativo na atividade econômica real após a pandemia. Os resultados sugerem que as pandemias podem ter custos econômicos substanciais, e os NPIs (sigla para intervenções não farmacêuticas) podem ter méritos econômicos, além de diminuir a mortalidade”, disseram os economistas no estudo.
Pesquisa foi baseada em ações tomadas durante gripe espanhola
Para chegar a tal conclusão, os pesquisadores do MIT – universidade privada que é considerada uma das melhores do mundo – estudaram os efeitos econômicos gerados em 1918 pela gripe espanhola. No total, 43 cidades norte-americanas foram analisadas.
Segundo o estudo, cidades que implementaram ações de combate ao vírus cerca de 10 dias antes da chegada dele tiveram aumento no emprego industrial em cerca de 5% no período posterior à pandemia.
Já aqueles locais que mantiveram as medidas de contenção da influenza por cerca de 50 dias após a chegada dela registraram aumento de 6,5% na taxa de emprego no período subsequente à crise.
Na conclusão do estudo, no entanto, os pesquisdores pediram cautela na hora de comparar uma pandemia com a outra. Isso porque, segundo eles, embora existam lições econômicas importantes da gripe de 1918, o cenário de hoje é diferente daquele enfrentado no início do século XX.
“A natureza complexa do mundo moderno, as cadeias de suprimentos, o maior papel dos serviços e as melhorias na tecnologia de comunicação são mecanismos que não podemos capturar em nossa análise, mas são fatores importantes para a compreensão dos efeitos macroeconômicos do Covid-19”.