Autoridades se reuniram para lançamento de nova estrutura para combate ao crime no Brasil (Foto: Antonio Augusto/MPF)
O Ministério Público Federal (MPF) anunciou a criação da nova estrutura do Gaeco Nacional na última segunda-feira (23), estrutura que poderá ajudar em investigações que apuram o uso de criptomoedas por organizações criminosas.
Entre as autoridades, participaram do evento o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, além da presença de representantes de Ministérios Públicos da Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai, Itália e União Europeia.
“O combate à criminalidade, hoje, não pode usar os métodos que eram empregados para combater o crime de esquina das ruas brasileiras de alguns anos atrás“, declarou Gonet.
O PGR complementou que os crimes não ocorrem mais apenas em bairros, estados e países, com a existência de amplas redes globais criadas pelas organizações sociais. Ele segue afirmando que muitas querem minar o Estado, mas que elas encontrarão barreiras financeiras. “A formação de equipes conjuntas de investigação é essencial para sufocar financeiramente e operacionalmente essas organizações que pretendem substituir o Estado e minar os fundamentos da democracia. É nosso dever fortalecer os mecanismos de cooperação para garantir a paz fundada no direito e no respeito à dignidade humana“, explicou.
Também presente à mesa de abertura, o vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand, destacou a criação do Gaeco Nacional como uma das principais iniciativas do MPF para enfrentar o crime organizado com mais eficácia e alcance. “A atuação de procuradores da República limitada territorialmente tornou-se obsoleta diante da estrutura atual das organizações criminosas, que operam para além das fronteiras nacionais, utilizando redes sofisticadas, criptoativos (criptomoedas), comunicação criptografada e corrupção institucional“, afirmou.
O seminário Combate ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro: Novos Mecanismos da Cooperação Internacional, ocorre na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, até esta terça-feira (24).
De acordo com autoridades, o anúncio da criação do Gaeco Nacional segue uma instrução do início de 2025 do próprio MPF. Assim, o ministério público que investiga um crime em um estado e encontra dificuldades, poderá agora encontrar apoio dentro da nova estrutura de âmbito nacional, lembrou Chateaubriand.
Ele pontuou ainda que o fortalecimento do Gaeco está inserido em um esforço mais amplo de modernização da atuação do MPF. Desta forma, deve incluir a formação de equipes conjuntas de investigação com outros países e a busca por desburocratização da cooperação internacional. “Precisamos de unidades internas capazes de agir sem limitações territoriais e de forma especializada, com rapidez e inteligência estratégica“, disse.
Além disso, a nova estrutura do Gaeco Nacional surge como alternativa aos trabalhos de forças-tarefas, segundo o coordenador subprocurador-geral da República José Adonis Callou de Araújo Sá.
A abrangência temática do Gaeco Nacional é ampla: inclui crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, terrorismo, milícias, crimes ambientais em terras indígenas, crimes contra o Estado Democrático de Direito, entre outros cometidos por organizações criminosas com repercussão nacional ou internacional. “Nosso objetivo é suprir uma lacuna estrutural deixada com o fim das forças-tarefa e oferecer um modelo mais estável, transparente e institucionalizado de enfrentamento às organizações criminosas“, concluiu Adonis. Com informações do MPF.
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