História do CEO que morreu e ‘levou’ R$ 1 bilhão em bitcoin para o túmulo vira filme na Netflix

Ele  foi condenado a 18 meses de prisão federal e deportado para o Canadá após sua libertação em 2007.

Um dos casos mais infames do mercado de criptomoedas é o da corretora QuadrigacX, cujo CEO supostamente morreu, levando milhões para o túmulo. A corretora deixou milhares de clientes sem seus bitcoins após a misteriosa morte do empresário, que era o único que possuía a senha das carteiras com o dinheiro dos clientes.

Rapidamente a história começou a envolver várias teorias da conspiração, investigações, ações judiciais e até tentativas de desenterrar o corpo do CEO para provar que ele estava realmente morto.

Essa é uma das histórias mais malucas do criptomercado e que até hoje gera muitas dúvidas sobre o que realmente aconteceu. O interesse por ela é tão grande que até mesmo ganhou filme na Netflix, chamado de “Não Confie em Ninguém.”

O grande interesse sobre o caso da QuadrigaCX começou quando as circunstâncias da morte de Cotten começaram a ser divulgadas.

Além de ele ser um jovem saudável, que morreu de repente em uma viagem à Índia, Cotten fez um testamento 9 dias antes de morrer. Ele sofria com a doença de Crohn, que pode matar em casos extremos não tratados, o que não era o caso de Cotten, mas foi dada como a causa de morte do CEO da QuadrigaCX.

A morte na Índia, um país conhecido por ser fácil de falsificar documentos, incluindo certificados de morte levantou as suspeitas de muitos, principalmente pelos clientes que estavam perdendo dinheiro em todo o caso.

Gerald Cotten, fundador da QuadrigaCX que morreu durante uma viagem à Índia. Fonte: Netflix.

As teorias

O curioso é que quanto mais teorias sensacionais inundaram a internet, com muitos especulando e teorizando que ele ainda estava vivo e fugiu com o dinheiro dos clientes, mais se descobria sobre o passado de Cotten e mais força essas teorias de conspirações ganhavam.

As mais comuns eram de que o milionário forjou sua própria morte, fugiu com o dinheiro e estava vivendo sob uma identidade falsa no exterior. Outras conspirações acreditavam que ele foi envenenado por sua esposa, que ele tinha se casado poucos dias antes de morrer. A viagem para a Índia era a sua lua de mel.

No entanto, essas conspirações se transformaram em evidências circunstanciais quando os clientes da empresa descobriram que Cotten e o cofundador da QuadrigaCX, Michael Patryn, já tinha se envolvido com esquemas Ponzi, roubo de identidade e participado de pelo menos um golpe em outra corretora.

Até hoje, US$ 169 milhões que estavam na corretora estão desaparecidos, levando investigadores e vítimas a questionarem o passado dessa história e o que realmente aconteceu.

Teria sido Cotten um gênio do crime que realizou um dos maiores e mais complexos golpes da história? Ou ele era apenas um geek que morreu de forma inesperada e realmente tinha uma péssima administração da sua companhia?

Sinais de golpe

Tong Zou, um dos clientes da exchange, sabia que algo estava errado quando dois meses após solicitar o saque do valor que tinha na Quadriga, os fundos ainda não haviam aparecido em sua conta-corrente, indicando que a QuadrigaCX já dava sinais de insolvência antes mesmo da morte do CEO.

Tong Zou não estava sozinho, centenas de outros clientes também enfrentavam o mesmo dilema.

“Comecei meu pedido de saque no final de outubro de 2018. Comecei a entrar em pânico, são todas as minhas economias acumuladas ao longo de dez anos de trabalho e venda do meu apartamento. E eu apenas rezei a Deus.”, disse Zou em entrevista ao documentário.

Tong Zou, um dos investidores que perdeu dinheiro no caso QuadrigaCX – Fonte: Netflix

Com muitas situações similares, no começo de janeiro de 2019, veio a notícia da morte de Cotten, com a Quadriga anunciando que o CEO morrera na Índia durante sua lua de mel.

Segundo a corretora na época, os saques não estavam sendo processados por que Cotten era o único que tinha acesso às carteiras da corretora, ou seja, os fundos estavam bloqueados.

Isso obrigou a QuadrigaCX a declarar falência na época enquanto tentava resolver a situação.

Cotten, em entrevistas passadas tinha até mesmo afirmando ter um sistema de prontidão caso ele morresse ou desparecesse que daria aos outros sócios acesso às senhas das carteiras frias, o que era mentira.

Suspeitas

O rápido declínio dos sinais vitais de Cotten é consistente com o que um paciente com a doença pode experimentar de acordo relatos médicos, embora, de acordo com a Crohn’s & Colitis Foundation, é improvável que uma pessoa morra por causa disso (não impossível).

O que se seguiu foi uma história macabra de como o corpo de Cotten foi transportado entre hospitais em Jaipur para um embalsamamento, em detalhes que permanecem obscuros ou totalmente incompreensíveis.

Os credores da Quadriga levantaram preocupação com a autenticidade da certidão de óbito de Cotten, que errou seu nome como ‘Cottan’, especialmente porque certidões de óbito falsificadas e outros documentos são relativamente fáceis de obter no mercado negro da Índia.

De acordo com notícias, o procedimento padrão na Índia exige que os corpos sejam embalsamados antes de serem transportados para qualquer local. No caso de Cotten, seu corpo foi transferido diretamente para o hotel sem nenhum procedimento de embalsamento.

Em 10 de dezembro, um dia após a morte de Cotten, a agora viúva saiu do hotel e voou para casa com o corpo do marido. O funeral foi realizado com caixão fechado, quatro dias depois.

Ainda despertando mais suspeitas, apenas três dias antes de ir para a Índia, Cotten mudou o seu testamento para deixar tudo para a sua esposa: seus imóveis de valor total de US$ 12 milhões, um carro esportivo Lexus, seu avião Cessna, um veleiro, contas bancárias e até pontos de milhas que ele acumulou com o tempo.

Não só isso, seu testamento ainda deixava US$ 100 mil para seus Chihuahuas.

Tudo isso, mas não deixou nenhum meio de proteger a Quadriga de qualquer tipo de imprevisto.

Passado obscuro

Detetives na internet que foram apresentados no documentário “Não confie em Ninguém” descobriram que o nome verdadeiro de Michael Patryn, o cofundador da Quadriga, era verdade Omar Dhanani, um traficante com antecedentes criminais que já havia sido preso em uma operação policial por vender informações de cartão de crédito roubados no sul da Califórnia.

Ele  foi condenado a 18 meses de prisão federal e deportado para o Canadá após sua libertação em 2007.

O documentário também mostra que os detetives descobriram que Cotten participara de uma série de golpes durante a sua carreira, alguns junto com Michael Patryn.

Apesar disso tudo, o mais surpreendente dessa história é que ainda não temos uma resposta. Muito pelo contrário, na verdade, temos teorias cada vez mais mirabolantes, não é à toa que temos agora até um filme documentário investigativo sobre o caso.

Esse é um dos casos mais publicados na história do criptomercado, caso você não tenha acompanhado tudo desde o começo, essa é uma excelente oportunidade para conhecer mais no “Não Confie em Ninguém – Caça Pelo Rei das Critpomoedas.”

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Matheus Henrique
Matheus Henrique
Fã do Bitcoin e defensor de um futuro descentralizado. Cursou Ciência da Computação, formado em Técnico de Computação e nunca deixou de acompanhar as novas tecnologias disponíveis no mercado. Interessado no Bitcoin, na blockchain e nos avanços da descentralização e seus casos de uso.

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