Por Dan Reecer – co-fundador da Wormhole Foundation
Por muito tempo, lançar um ativo em uma blockchain parecia o suficiente para entrar no futuro. Ethereum, Solana, Base… você só precisava escolher sua rede e pronto: seu projeto estava “onchain” (na cadeia). Mas em 2025, essa ideia parece ingênua.
Hoje, estar onchain significa estar presente em todas as blockchains relevantes. Usuários não vivem em silos, e a liquidez também não. Limitar-se a uma única rede é como abrir um negócio em um país e nunca cruzar fronteiras. Projetos digitais devem pensar globalmente desde o primeiro dia — não apenas em termos de valor total bloqueado, mas também em experiência do usuário e engajamento real.
Os números deixam clara essa dicotomia. A Ethereum ainda detém cerca de 60% do valor em finanças descentralizadas (DeFi), mas a Solana, com menos capital, já reúne muito mais usuários ativos: 40 milhões contra 9 milhões na Ethereum. Isso significa que, se você focar apenas no dinheiro, pode estar ignorando metade da história. Valor e adoção não são a mesma coisa, e qualquer projeto que queira realmente impactar o mercado deve reconhecer ambos os lados.
O desafio é ainda maior quando se trata de desempenho técnico. A Ethereum processa cerca de 15 transações por segundo (TPS), a Solana chega a 1.000, e novas blockchains emergentes já visam 10.000 TPS, aproximando-se da velocidade dos cartões de crédito. Mas velocidade sem comunidade e liquidez não transforma um ecossistema em algo relevante.
Outro ponto fascinante é o mercado de stablecoins, que já movimenta quase US$ 300 bilhões, comparável ao PIB de países inteiros como Chile ou Peru. Aqui também, há um claro desequilíbrio: emissores tradicionais como Tether (USDT) e Circle (USDC) lucram com o rendimento das reservas do Tesouro dos EUA, enquanto os usuários que detêm essas moedas não recebem nada.
O surgimento de alternativas que repassam parte desse rendimento diretamente aos usuários pode transformar essa dinâmica. Para os detentores, significa não apenas preservar o valor, mas fazê-lo crescer de forma transparente e direta. Em um mercado em rápida expansão, essas diferenças podem ser decisivas na hora de escolher qual stablecoin usar.
Apesar dos avanços tecnológicos, a experiência do usuário continua sendo o maior desafio do setor. Interfaces complexas, múltiplas redes, taxas e jargão técnico afastam potenciais adotantes. Qualquer um que tenha tentado apresentar uma carteira de criptomoedas a um não-nativo em cripto sabe do que estou falando. Até que a experiência se torne tão simples quanto abrir um aplicativo móvel, a adoção em massa permanecerá estagnada.
A integração, neste contexto, não se trata apenas de conectar blockchains. Trata-se de reduzir o atrito para os usuários, entregar valor imediatamente e construir confiança. Só então será possível atrair não apenas entusiastas técnicos, mas milhões de pessoas que ainda veem o mundo cripto como complicado e arriscado.
Não podemos ignorar os riscos. Quanto mais interconectadas as redes, maior a superfície de ataque; stablecoins que prometem rendimento exigem transparência; e nem toda blockchain rápida sobreviverá sem comunidade, segurança e desenvolvedores ativos. O entusiasmo pela inovação deve sempre andar de mãos dadas com o ceticismo informado.
Para resumir, no contexto atual, estar onchain significa ter presença em todas as blockchains que impulsionam tanto o capital quanto a atividade do usuário, ao mesmo tempo em que atende a outros requisitos do ecossistema. Também envolve estar interconectado para permitir a transferência contínua de valor e operações entre redes.
No entanto, à medida que o ecossistema se expande por múltiplas cadeias, a experiência do usuário e a segurança continuam sendo componentes críticos, e ambos continuam a melhorar em um ritmo acelerado.