PF e Receita deflagram operação contra corretoras de criptomoedas

Operação Colossus foi deflagrada após movimentações bancárias suspeitas serem identificadas pelas autoridades.

A Polícia Federal (PF) e Receita Federal do Brasil (RFB) deflagraram na manhã desta quinta-feira (22) a Operação Colossus, mirando corretoras de criptomoedas que estariam ajudando organizações criminosas a enviarem dinheiro para o exterior.

De acordo com a PF, o objetivo da ação é “para reprimir crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e associação criminosa, apurados no período de 2017 a 2021, e que ainda persistem”.

Os nomes das empresas alvo da operação não foram divulgadas pela PF, mas tudo indica que movimentações bancárias suspeitas acenderam o alerta das autoridades.

Operação Colossus da PF e Receita mira corretoras de criptomoedas

A partir de informações do Relatório de Inteligência Financeira, a PF e Receita Federal tiveram acesso a comunicações de movimentações bancárias suspeitas, envolvendo a compra de criptomoedas.

Como há muito dinheiro envolvido na investigação, todos os suspeitos foram divididos em grupos para melhor apuração pela PF sobre o caso.

Um deles era o grupo dos arbitradores, que tinha como missão comprar criptomoedas no exterior para vender no Brasil. Assim, a PF disse que mais de R$ 18 bilhões foram enviados do país para compra de moedas digitais no exterior.

“O grupo dos arbitradores era responsável pela aquisição de grandes quantidades ativos virtuais no exterior, em países como Estados Unidos da América, Cingapura e Hong Kong, e a sua venda no Brasil. Para tanto foram realizadas remessas de valores para o exterior na ordem de mais de R$ 18 bilhões. As investigações apontaram que parte da documentação apresentada aos bancos possui indícios de desvio de finalidade. A documentação em questão tinha como objetivo ocultar a origem nacional dos valores, já que, segundo apurado, as Exchanges americanas não aceitavam a compra de criptoativos com recursos oriundos do Brasil.”

O segundo era o grupo das corretoras de criptomoedas, que tinha como objetivo comprar as moedas dos arbitradores e revender no Brasil para pessoas físicas e jurídicas. A Operação Colossus acredita que essas empresas possuem fortes indícios de envolvimento em ilícitos antecedentes.

O terceiro grupo era formado por empresas de fachada, que compravam as criptomoedas das corretoras e lavavam o dinheiro. Há entre essas empresas clientes que já morreram, beneficiários de programas assistenciais, idosos com mais de 90 anos, doleiros, contrabandistas e vários comerciantes do Brás e da 25 de Março em São Paulo (SP).

Empresa alvo da PF na Operação Colossus
Empresa alvo da PF na Operação Colossus. Divulgação.

Contador que cuidava de 1.300 empresas

Um único contador cuidava da contabilidade de 1.300 empresas de São Paulo, o que levantou suspeitas para a PF sobre o caso. Isso porque, a maioria das empresas eram de fachada e movimentaram pelo menos R$ 1 bilhão entre arbitradores e as corretoras investigadas.

A nova operação ainda tem relação com outras já realizadas pela PF que envolviam a compra de criptomoedas, inclusive a Kryptos, que mirou o Faraó dos Bitcoins.

“Foi possível apurar a conexão dos fatos investigados com diversas operações já deflagradas pela Polícia Federal, como a Planum, Rekt, Valeta, Sucessão, Mardof, Kryptos, Betka e outras. Essas investigações tinham por objetivo apurar crimes relacionados ao tráfico internacional de drogas, organização criminosa, crimes contra o sistema financeiro nacional, pirâmides financeiras e lavagem de dinheiro. Além desses, os indícios levantados apontam para a compra direta de criptoativos por traficantes de drogas, doleiros, contrabandistas e outros interessados em realizar operações de cripto-cabo.”

Agentes da Polícia Federal cumprindo mandados da Operação Colossus, contra corretoras de criptomoedas
Agentes da Polícia Federal cumprindo mandados da Operação Colossus, contra corretoras de criptomoedas. Divulgação/PF.

Empresas de criptomoedas apresentaram falhas de compliance, diz PF

A PF e Receita Federal estima que foram movimentados R$ 61 milhões em um período de quatro anos pelos investigados, através do sistema bancário formal. As investigações apontam que as empresas de criptomoedas apresentaram em muitos casos falhas de compliance.

Assim, mais de 40 instituições financeiras movimentaram recursos dos investigados, sendo em alguns casos as situações comunicadas ao COAF, embora na justiça os clientes tiveram a garantia de reabertura de suas contas.

Para a operação desta quinta, 170 policiais federais e servidores da RFB cumprem 101 determinações judiciais expedidas pela 6.ª Vara Criminal de São Paulo. Ao todo, são duas ordens de prisão preventiva, 37 de busca e apreensão, contra 22 pessoas físicas e 15 CNPJs.

Agente da PF investigando notebook de operações com criptomoedas
Agente da PF investigando notebook de operações com criptomoedas. Divulgação da PF.

Entre os 15 CNPJs alvo, 6 corretoras de criptomoedas foram alvo de ação da PF, além de 4 instituições financeiras autorizadas pelo BACEN a operar cambio e mais três escritórios de contabilidade.

Além dos mandados, a justiça mandou bloquear bens e valores dos investigados em valor aproximado de R$ 1,2 bilhão, além do congelamento de criptomoedas em 28 corretoras brasileiras e estrangeiras em nome dos investigados.

As cidades que a PF cumpre mandados segundo nota é São Paulo/SP, Guarulhos/SP, Franca/SP, Campinas/SP, Santo André/SP; Mogi das Cruzes/SP, Barueri/SP, Rio de Janeiro/RJ, Niterói/RJ, Belo Horizonte/MG, Florianópolis/SC, Caxias do Sul/RS, Recife/PE e Curitiba/PR.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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