Sem poder participar diretamente do piloto do Real digital, algumas plataformas de criptomoedas têm se infiltrado em consórcios liderados por bancos, para tentar colaborar com a nova moeda digital brasileira.
Desde que o Banco Central do Brasil abriu as inscrições para que mais empresas participassem, ficou claro que apenas 10 seriam escolhidas. As inscrições acabaram na última sexta-feira (12).
Nesta segunda-feira (15), em conversa com o Valor Econômico, o coordenador do Real digital confirmou que há um interesse na participação de várias instituições. A nova informação afasta o temor de parte dos brasileiros que imaginavam uma nova moeda com poucas contribuições, inclusive de empresas que dominam as tecnologias blockchain.
Para o Real digital, vale lembrar, o banco central tem estudado a criação de uma blockchain como base de sua infraestrutura. Chamada Hyperledger Besu, a DLT privada em estudo é a principal alternativa encontrada pelo BCB para tornar realidade o sonho de criar uma moeda digital.
No futuro, a tecnologia deve ir ao encontro do PIX e Open Finance, com um projeto ambicioso de tornar o Brasil uma referência global em CBDC.
Como as plataformas de criptomoedas estão buscando se movimentar para não ficar de fora do Real digital?
Antes inimigos, com até um processo no Cade apurando uma suposta concorrência desleal entre bancos tradicionais e corretoras de criptomoedas, a nova ordem é de paz.
Isso porque, as corretoras de criptomoedas do Brasil se aproximam cada vez mais dos bancos, em busca de aprimorar relações e contribuir com soluções de inovação no Brasil.
Algumas empresas que têm participado da busca por inovações junto ao BCB são o Capitual e o Mercado Bitcoin. Ambas apresentaram suas soluções em um evento recente do Real digital.
Agora, elas buscam a “sombra” de um consórcio de empresas para participar do piloto do Real digital. Informações do Valor apontam que o Capitual se inscreveu em conjunto com o Banco de Brasília (BRB) e a gestora italiana Azimut.
Já o Mercado Bitcoin trabalha com outras três empresas do mercado tradicional, em busca de participar do projeto que pode colocar o Brasil com uma das mais revolucionárias CBDCs do mundo.
Banco central quer testes controlados com parceiras
Como divulgado pelo Livecoins, o Banco Central do Brasil deixou as corretoras de criptomoedas, ainda não reguladas, de fora do projeto Real digital.
Isso porque, ao criar regras para cadastros, ficou claro que apenas as instituições reguladas podem participar. Mesmo assim, a modalidade de consórcios ganhou impulso e bancos demonstraram interesse na modalidade.
Tudo indica que o banco central quer conduzir os testes do Real digital de forma controlada. No entanto, os resultados das inscrições ainda não são conhecidos e há uma chance de que algumas plataformas de criptomoedas possam participar do experimento.