O ex-prefeito do condado de Rhea, do estado americano de Tennessee, foi condenado a prisão por usar dinheiro público para comprar criptomoedas. George Thacker foi condenado a 33 meses de prisão por fraudar o governo federal e usar indevidamente verbas destinadas a auxílios contra a COVID-19.
De acordo com a Justiça dos EUA, Thacker estava roubando do mesmo público pelo qual foi eleito e estava usando suas empresas como meio de obter o dinheiro.
“Ele explorou seus negócios privados e roubou mais de US$ 650.000 em fundos públicos – fundos destinados à ajudar empresas e trabalhadores que sofrem em meio a uma pandemia única em uma geração”, disse o juiz.
Conforme documento publicado pelo departamento de justiça dos EUA (DOJ), entre maio de 2020 e fevereiro de 2021, Thacker apresentou três solicitações fraudulentas para obter um total de mais de US$ 650.000 (cerca de 3.3 milhões de reais) em fundos de auxílio emergencial.
Prefeito usa dinheiro público para comprar R$ 3.3 milhões em bitcoin, Ethereum e bolsas da Gucci
Na época, ele era prefeito do Condado de Rhea County, em Tennessee, e proprietário da Thacker Corporation, uma empresa com sede no Distrito Leste do Tennessee.
Como parte do processo de solicitação de empréstimos, ele disse que usaria o dinheiro para fins comerciais, como pagar o aluguel de sua empresa e pagar os salários de seus funcionários.
O então político, no entanto, usou o dinheiro para fins próprios, comprando Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas, além de usar o dinheiro para financiar uma vida de luxo, comprando bolsas da Gucci e férias em Las Vegas.
Os documentos da justiça mostram que o ex-prefeito usou empréstimos obtidos sob a Lei CARES, para investir em criptomoedas.
A Lei CARES foi uma lei federal promulgada em março de 2020, projetada para fornecer assistência financeira de emergência a milhões de americanos que sofriam os efeitos econômicos da pandemia.
Os arquivos do tribunal revelam que Thacker recebeu três empréstimos:
• US$ 257.800 em 4 de maio de 2020;
• US$ 150.000 em 16 de maio de 2020; e
• US$ 257.800 em 5 de fevereiro de 2021.
Em vez de usar os empréstimos para ajudar sua empresa, como havia informado nos documentos de solicitação de auxílio, ele colocou todo valor em uma conta pessoal da Coinbase, a maior corretora de criptomoedas dos EUA.
BREAKING: Former Rhea County Executive George Thacker is sentenced to 33 months in prison, with a 3-year probation period and a requirement to pay back the $665,600 he took from PPE loans. Thacker plead guilty to investing CARES Act funds into a personal Coinbase account. pic.twitter.com/eMjD6cNGzS
— Samuel Peña (@SamPenaWTVC) October 6, 2022
Abuso infantil
No tribunal, o ex-prefeito fez uma jogada para tentar evitar a prisão, apresentando 6 familiares e amigos para falar bem dele e sobre sua infância “conturbada”, que o levou à sua má decisão.
Ele disse que viveu em um orfanato aos 12 anos, onde foi submetido a abusos físicos e sexuais.
Embora entenda como um passado difícil pode levar a más escolhas, disse o juiz, a natureza do crime federal, em 3 vezes separadas, pesa mais, considerando que ele era uma figura pública.
O juiz deu a Thacker 60 dias para se apresentar às autoridades e, além de pagar uma multa de US$ 15.000, deve devolver os US$ 665.600 roubados.
“A fraude de alívio da COVID-19 é um crime grave”, disse o procurador dos Estados Unidos Francis M. Hamilton III. “O esquema de fraude de Thacker explorou um programa de ajuda destinado a aliviar o sofrimento econômico de todos os trabalhadores e empresas americanas.”
O caso do ex-prefeito do condado de Rhea é apenas um de centenas que estão sendo investigados pela justiça dos EUA, no que o DOJ chamou de “fraude épica” de financiamento de alívio da COVID que ocorreu desde que o governo autorizou verbas para ajudar empresas e cidadãos afetados pela pandemia.
“Hoje, ele está sendo responsabilizado por seus atos, e a sentença do Tribunal deve demonstrar a quem se sentir tentado a seguir seus passos que esse crime traz graves consequências.”
A justiça estima que pelo menos US$ 80 bilhões de fundos foram dados a fraudadores que usaram o dinheiro para comprar itens de luxo, como carros, mansões, viagens e claro, criptomoedas.