Quem não tem Bitcoin vai ficar pobre, diz Banco Central Europeu

ECB afirma que alta do Bitcoin é redistributiva, enriquecendo os primeiros detentores da criptomoeda às custas dos que chegam depois.

Um novo estudo publicado pelo Banco Central Europeu (ECB), liderado pelos economistas Ulrich Bindseil e Jürgen Schaaf, faz uma análise contundente sobre o impacto econômico do Bitcoin e suas potenciais consequências negativas para a sociedade.

O relatório parece ser uma declaração de guerra contra a moeda digital, afirmando que a promessa original de Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin, de transformar a criptomoeda em uma ferramenta eficiente de pagamento global, não foi cumprida.

Em vez disso, diz o ECB, o Bitcoin se tornou um ativo ‘especulativo’, com impactos negativos na redistribuição de riqueza.

O ECB faz uma afirmação curiosa, argumentando que os primeiros adotantes do Bitcoin teriam se beneficiado à custa dos que chegaram depois, o que, na visão de analistas, poderia ser usado como justificativa para políticas de tributação agressivas ou até mesmo proibições.

“Quem comprou Bitcoin ficou rico”, diz Banco Central Europeu

O argumento do BCE de que os primeiros adotantes do Bitcoin teriam se beneficiado em detrimento dos que chegaram mais tarde pode ser comparado a alguém que comprou um lote no centro de uma cidade ou em um local como Nova York há 100 anos.

Naquela época, a terra em NY era subvalorizada e vista com desconfiança, pois ninguém sabia ao certo como aquela região se desenvolveria.

No entanto, os que se arriscaram e adquiriram lotes em áreas pouco valorizadas colheram grandes benefícios com o crescimento exponencial da cidade, à medida que ela se tornou um centro turístico e de entretenimento.

Sendo assim, os primeiros adotantes do Bitcoin assumiram grandes riscos, pois estavam apostando em uma tecnologia ainda não testada, com grande volatilidade e pouca aceitação.

No entanto, ao longo dos anos, com o aumento da adoção, reconhecimento e valorização do ativo, esses pioneiros foram enormemente recompensados.

O BCE ignora, portanto, que isso não implica necessariamente que os que chegaram depois tenham sido prejudicados, mas sim que o maior benefício foi colhido por aqueles que assumiram os riscos iniciais. Esse tipo de dinâmica não é incomum em ativos emergentes ou projetos inovadores.

Em vez de reconhecer o Bitcoin como uma revolução tecnológica comparável ao surgimento do petróleo e da internet, o banco central sugere que os primeiros investidores de Bitcoin teriam “roubado” valor econômico dos que entram mais tarde no mercado.

O documento afirma que esses primeiros adotantes “aumentam sua riqueza e consumo” em detrimento dos tardios, uma acusação que obviamente ignora as razões que impulsionaram 15 anos de adoção e desenvolvimento do Bitcoin: sua superioridade tecnológica.

“Bitcoin fracassou”

Segundo o estudo, o uso do Bitcoin para transações legais é mínimo. Mesmo em El Salvador, o primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda oficial em 2021, a utilização da criptomoeda para pagamentos diários é extremamente limitada, o que, segundo o ECB, destaca o fracasso do Bitcoin como alternativa viável às moedas fiduciárias.

Indo além, a pesquisa aponta que muitas transações envolvendo Bitcoin são ligadas a atividades ilegais, como evasão fiscal, financiamento ao terrorismo, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, o que mina ainda mais sua credibilidade como meio de pagamento legal.

O documento do ECB também afirma que, embora o valor do Bitcoin tenha aumentado ao longo dos anos, com ganhos expressivos para os primeiros adotantes, essa valorização tem efeitos perigosamente redistributivos.

O estudo argumenta que os lucros desses investidores iniciais vêm às custas de quem entra tardiamente no mercado ou daqueles que não investem na criptomoeda.

Diferentemente de ativos tradicionais, como ações ou imóveis, ‘o Bitcoin não gera produção ou valor para a economia real’, o que agrava ainda mais o desequilíbrio causado pela sua valorização.

Os autores do estudo advertem que, se o preço do Bitcoin continuar a subir sem justificativa econômica, a consequência será uma concentração ainda maior de riqueza nas mãos de poucos, enquanto o restante da população ficará economicamente prejudicado.

“O Bitcoin não aumenta o potencial produtivo da economia”, afirmam os economistas do ECB. “A alta no preço do Bitcoin é essencialmente redistributiva, enriquecendo os primeiros detentores da criptomoeda às custas dos que chegam depois, ou que não possuem o ativo.”

Bitcoin ameaça estabilidade democrática

Além dos efeitos econômicos, o ECB também fala sobre as implicações sociais de longo prazo dessa dinâmica. Em um cenário onde o Bitcoin continua a se valorizar indefinidamente, a desigualdade se tornaria insustentável, o que poderia enfraquecer a coesão social e até ameaçar a estabilidade democrática.

Isso ocorre porque os primeiros investidores, com grandes ganhos de capital, aumentam seu consumo, enquanto aqueles que entram no mercado mais tarde ou não possuem Bitcoin veem seu poder de compra cair, criando um ciclo de empobrecimento relativo.

Outro ponto destacado pelo estudo é o impacto potencial no sistema financeiro tradicional. O ECB menciona que a crescente aceitação do Bitcoin como um ativo de investimento – impulsionada por grandes instituições financeiras, como fundos de hedge e empresas de gestão de ativos – poderia exacerbar o risco sistêmico.

Larry Fink, CEO da BlackRock, e outros grandes nomes do setor financeiro têm promovido o Bitcoin como uma nova forma de “ouro digital”, o que, segundo o estudo, ignora as limitações práticas da criptomoeda.

A comparação com o ouro, que é um ativo físico com séculos de uso comprovado, não se sustenta, afirmam os economistas, já que o Bitcoin ‘não possui uma utilidade tangível para a sociedade.’

Quem não tiver Bitcoin vai ficar pobre

O estudo também discute o que considera um “cenário otimista” de valorização contínua do Bitcoin. Embora muitos críticos, como Nouriel Roubini e Nassim Taleb, tenham classificado o Bitcoin como uma bolha especulativa que eventualmente explodirá, o ECB analisou as implicações de um cenário em que o preço do Bitcoin continua a subir.

Mesmo neste cenário, o ECB consegue ser pessimista: a concentração de riqueza aumenta, e a população que não detém o ativo é empobrecida.

O documento destaca que a prosperidade dos detentores de Bitcoin, nesses casos, não vem de uma expansão da produção ou de ganhos econômicos reais, mas sim da transferência de riqueza de outras partes da sociedade.

“Se o preço do Bitcoin subir para sempre, a existência do Bitcoin empobrece tanto os não detentores quanto os que comprarem depois.”

Por fim, o ECB sugere que os formuladores de políticas públicas considerem os impactos redistributivos e sociais do Bitcoin ao desenvolver regulamentações para o setor de criptomoedas.

Em outras palavras, o ECB quer mais impostos para quem comprou Bitcoin em seus anos iniciais.

“A valorização contínua do Bitcoin não é um fenômeno econômico sustentável”, concluem os autores. “Ela ameaça aumentar a desigualdade e criar divisões sociais que podem enfraquecer o tecido democrático de diversas nações.”

Banco Central Europeu vs Bitcoin

O Banco Central Europeu se consolidou como uma das vozes mais críticas ao Bitcoin, expressando repetidamente suas preocupações sobre a falta de valor intrínseco e os riscos associados à criptomoeda.

Em uma série de declarações ao longo dos anos, o ECB afirmou que, ao contrário das expectativas iniciais de que o Bitcoin se tornaria uma moeda digital global, ele falhou em cumprir suas promessas.

Em 2024, um relatório do ECB afirmou que o valor do Bitcoin é “zero”, afirmando que a criptomoeda é amplamente manipulada e facilita atividades ilícitas devido ao seu caráter pseudo-anônimo.

O banco também criticou a aprovação de ETFs de Bitcoin pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), afirmando que essa medida não muda o fato de que o Bitcoin não é adequado como meio de pagamento ou como investimento​.

Christine Lagarde, presidente do ECB, reiterou essas preocupações ao afirmar que o Bitcoin “não cumpre as funções do dinheiro”, criticando sua lentidão, alto custo e volatilidade. Ela disse ainda que a criptomoeda não é prática como forma de pagamento e apresenta riscos para a economia global​.

Em outro relatório publicado em 2022, o ECB foi ainda mais longe ao declarar que o Bitcoin estava “caminhando para a irrelevância”. Além de criticar os problemas técnicos da rede, o documento apontou que a queda acentuada do valor da criptomoeda após o colapso da FTX foi um sinal de que o Bitcoin não era confiável como reserva de valor, muito menos como uma moeda.

Fabio Panetta, membro do conselho do ECB, reforçou essa postura ao sugerir que criptomoedas sem lastro, como o Bitcoin, deveriam ser banidas. Ele comparou o Bitcoin a um “jogo de azar”, destacando que sua principal função hoje é alimentar especulações financeiras perigosas, sem oferecer benefícios tangíveis à sociedade​.

Tais declarações deixam claro que o ECB vê o Bitcoin como uma ameaça à estabilidade econômica e social, alertando para os riscos de sua adoção em larga escala.

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