“Sheik dos bitcoins” da Rental Coins é alvo da PF, ouro e itens de luxo apreendidos

Suspeito de criar pirâmide financeira no Brasil e nos Estados Unidos começou a ser investigado a pedido de autoridades norte-americanas.

O “Sheik dos Bitcoins”, Francisley Valdevino da Silva, foi alvo de uma operação de PF nesta quinta-feira (6), após uma investigação iniciada em março de 2022 a pedido de autoridades dos Estados Unidos.

No Brasil, ele já vinha sendo acusado de aplicar fraudes financeiras em vários investidores, inclusive alguns famosos, como Sasha Meneghel, Janguiê Diniz, um ex-campeão do Mister Brasil e muitos outros mais.

Para convencer as aplicações financeiras, Francis, como era conhecido pelos investidores, alegava ser um empresário de sucesso e com amplo conhecimento em operações de trade de criptomoedas.

Assim, ele criou várias empresas, sendo a mais famosa do grupo a Rental Coins, com sede em Curitiba (PR). Na mesma cidade em 2021 foi deflagrada a Operação Daemon contra o “Rei do Bitcoin”, outro esquema que envolveu promessas de ganhos fáceis na região.

“Sheik dos Bitcoins” é alvo da PF em operação Poyais

Sendo conhecido como Sheik dos Bitcoins, Francis atraiu muita atenção para seus negócios, que eram acusados na justiça brasileira por vários clientes de ser uma possível pirâmide financeira.

Apesar dos fortes indícios no Brasil, a Polícia Federal iniciou as investigações contra a organização criminosa suspeita da prática no Brasil e no exterior, desde 2016, dos crimes de estelionato e contra o sistema financeiro, dentre outros, apenas em março de 2022.

Após recebimento de informações da INTERPOL e solicitação passiva de cooperação policial internacional da Homeland Security Investigations (HSI), do Department of Homeland Security da Embaixada dos EUA em Brasília/DF, a PF entrou nas investigações.

Em janeiro de 2022, a agência norte-americana informou à Polícia Federal que uma empresa internacional com atuação nos Estados Unidos, bem como seu principal gerenciador, um brasileiro residente em Curitiba, estavam sendo investigados pela Força Tarefa de El Dorado (El Dorado Task Force), da HSI de Nova Iorque, por envolvimento em conspiração multimilionária de lavagem de capitais a partir de um esquema de pirâmide de investimentos em criptoativos.

Com a Operação Poyais, a Polícia Federal então agiu nesta quinta-feira para apuração da prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, de estelionato, de lavagem transnacional de dinheiro e de organização criminosa.

Itens de luxo, cédulas de dinheiro e celulares apreendidos do Sheik dos Bitcoins
Itens de luxo, cédulas de dinheiro e celulares apreendidos do Sheik dos Bitcoins. Divulgação da PF.

Cem agentes federais foram a várias cidades cumprir 20 mandados

Cerca de 100 policiais federais, bem como servidores da Receita Federal, cumprem 20 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 23.ª Vara Federal de Curitiba.

Além disso, houve a decretação judicial de sequestro de imóveis e bloqueio de valores. As ordens judiciais são cumpridas nas cidades de Curitiba/PR, São José dos Pinhais/PR, Governador Celso Ramos/SC, Barueri/SP, São José do Rio Preto/SP e Angra dos Reis/RJ.

Diante das informações e do pedido de cooperação policial internacional, iniciou-se investigação em Curitiba por conta das suspeitas da ocorrência de crimes conexos às fraudes praticados nos EUA pelo brasileiro, notadamente quanto à lavagem transnacional dos recursos ilícitos recebidos no exterior.

Diligências iniciais revelaram que o brasileiro possuía mais de 100 empresas abertas no Brasil vinculadas a ele e, através de seu grupo empresarial, estaria lesando investidores não só no exterior, mas também em território nacional.

Por meio de atuação coordenada entre as autoridades norte-americanas e a Polícia Federal, foram produzidas provas nos EUA, por meio de cooperação jurídica internacional, que auxiliaram a investigação brasileira no sentido de se constatar que o investigado cometia fraudes.

No Brasil, constatou-se que o investigado logrou êxito em iludir milhares de vítimas que acreditavam nos serviços por ele prometidos através de suas empresas, os quais consistiam no aluguel de criptomoedas com pagamento de remunerações mensais que poderiam alcançar até 20% do capital investido.

Sheik dos bitcoins mantinha relógios de luxo, que foram apreendidos em operação
Sheik dos bitcoins mantinha relógios de luxo, que foram apreendidos em operação. Foto: PF.

Alegando vasta experiência no mercado de tecnologia e criptomoedas, o investigado levava a erro seus clientes informando possuir grande equipe de traders, que realizariam operações de investimento com as criptomoedas alugadas e, assim, gerariam lucro para suportar o pagamento dos rendimentos.

Enquanto parte dos recursos dos clientes era usada para pagamentos das remunerações mensais, o restante era usado pelo investigado e pela organização criminosa para aquisição de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, reformas, roupas de grife, joias, viagens e diversos outros gastos.

Coleção de vinhos de Francis, dono da Rental Coins
Coleção de vinhos de Francis, dono da Rental Coins. Foto: PF.

Operação da PF leva nome de golpe cometido no século 19

O nome da Operação Poyais faz referência à grande fraude cometida na Inglaterra, no século 19, por um soldado escocês que enriqueceu vendendo títulos, através de uma campanha publicitária elaborada, de um país que nunca existiu no mundo real.

De forma semelhante, o principal investigado da operação, por meio de elaborados expedientes fraudulentos, inclusive com criação de diversas criptomoedas, enriqueceu vendendo promessas de lucros vultuosos a partir de serviços que nunca foram prestados.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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