O Ministro da Fazenda no Brasil Fernando Haddad criticou as recentes imposições de tarifa de 50% realizada por Donald Trump na importação de produtos brasileiros aos EUA, indicando que “ele libera as criptomoedas e agora quer taxar o Pix”. A entrevista com o Estadão/Broadcast ocorreu na quarta-feira (16).
A tensão aumentou após o próprio Lula e o PT defenderem publicamente a desdolarização no BRICS, em práticas comerciais bilaterais. Em retaliação, o Governo Trump anunciou uma ampla investigação do Pix na terça-feira (15), sistema de pagamentos eletrônico brasileiro criado pelo banco central.
Contudo, não há provas de que o Pix será taxado pela administração de Trump, que só anunciou investigação por enquanto. Haddad ainda declarou na entrevista que quando os EUA anunciou a taxa de 10% em maio representantes de ambos os governos participaram de várias reuniões, mas não houve uma resposta norte-americana.
Agora, com a nova taxa de 50% sem nenhuma explicação lógica para Haddad, ele diz que não sabe se há uma pressão das empresas de cartão de crédito para que Trump coloque o Pix sob pressão. “Os Estados Unidos deveriam estar copiando o Pix. O Pix pode ser exportado como uma tecnologia que vai facilitar muito a vida das pessoas. Você não se incomoda com criptomoeda e vai se incomodar com o Pix? Qual é o sentido disso? É muito difícil compreender“, desabafou o ministro brasileiro.
Haddad ainda ironizou que a taxação do Pix por Trump realiza o sonho do deputado Nikolas (PL-MG). “Mas é estranho, né? Um presidente de um país querer taxar o Pix de outro país? Além de taxar as exportações, ele vai taxar o Pix? Porque ele vai encarecer os custos de transação financeira no Brasil. Vai realizar o sonho do (deputado federal) Nikolas (Ferreira) de taxar o Pix“, disse. O deputado Nikolas não respondeu publicamente a provocação, apurou a reportagem.
Lei de Reciprocidade está em análise até 1 de agosto de 2025; “Taxação de Trump não tem racionalidade econômica”, diz Haddad
De acordo com Haddad, o governo do Brasil ainda estuda medidas para a implantação da Lei de Reciprocidade Econômica, após decreto assinado pelo presidente Lula na terça. A tensão entre o Governo do Brasil e o dos EUA aumentou nos últimos dias, com cartas abertas de ambos os lados, além de taxas de importação majoradas.
Assim, Haddad confirmou ao Estadão que o governo tem até o dia 1 de agosto para apresentar os detalhes da lei. No entanto, ele indica que Lula não quer uma medida muito dura, que não “seria o estilo dele”.
De qualquer forma, ele indicou que as autoridades brasileiras procuram encontrar neste tempo um caminho de superação para um evento traumático.
Além disso, ele indicou na entrevista que não há uma racionalidade econômica na decisão de Trump taxar pesadamente produtos brasileiros. Em sua visão, eles perceberam uma vulnerabilidade no Brasil e estão aproveitando o apoio de “bolsonaristas” para colocar o país em risco e defender os próprios interesses norte-americanos.
