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Veja como o coronavírus pode impactar a economia global, segundo entidades internacionais

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O coronavírus não é perigoso apenas para idosos e pessoas com saúde debilitada, mas também para a economia mundial, uma “paciente” com “sistema imunológico” frágil e suscetível a qualquer mudança inesperada.

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), clube que reúne os países mais ricos do mundo, acredita que o impacto do vírus nas finanças mundiais deve ser pior do que aquele gerado pela crise financeira de 2008.

O FMI (Fundo Monetário Internacional), organização internacional que reúne 188 países, também segue na mesma linha. Segundo a entidade, o mundo vai enfrentar uma recessão neste ano e o impacto “será tão ruim ou pior” que 2008.

PIB mundial deve crescer apenas 1,5%, segundo OCDE

A OCDE, da qual o Brasil não faz parte, acredita que um crescimento do PIB mundial de 1,5% já seria algo otimista. A estimativa é metade da taxa de alta projetada antes do surto da Covid-19 tomar conta do mundo.

Essa possível queda no crescimento das riquezas deve ocorrer, segundo o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, porque houve uma interrupção na produção dos países afetados pela pandemia, atingindo as cadeias de suprimentos globais.

Além disso, escreveu o secretário-geral nesta semana, o mundo enfrenta uma queda acentuada no consumo, juntamente com um colapso na confiança nos mercados.

Outra questão que as pessoas terão que lidar, segundo Gurría, é o desemprego, que deve crescer após o surto, que já infectou 375 mil pessoas no mundo, conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

“Mais de um terço das famílias da OCDE são financeiramente inseguras, o que significa que elas cairiam na pobreza se tivessem que renunciar a três meses de sua renda. A magnitude do choque atual introduz uma complexidade sem precedentes nas previsões econômicas”, disse Gurría.

Coronavirus SARS-CoV-2. Imagem: Wikimedia

O que deve ser feito para reverter a situação, segundo a OCDE?

Segundo a OCDE, apenas um esforço internacional combinado e coordenado deve frear o impacto do coronavírus na economia. Algumas das medidas que devem ser tomadas pelos países são “enfrentar de imediato a crise da saúde pública”, “colocar a economia em funcionamento novamente” e “criar, em longo prazo, novas abordagens políticas para reparar os danos e garantir que estamos melhor preparados para futuros choques”.

Opinião semelhante tem o historiador Yuval Noah Harari, autor do livro “Sapiens: Uma breve história da Humanidade”. Ele acredita que somente uma cooperação entre ao países pode ajudar o mundo a superar a pandemia.

Qual o cenário previsto pelo FMI?

De acordo com a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, o mundo entrará em recessão neste ano. Em artigo publicado nesta semana, ela disse que os maiores desafios serão enfrentados pelos países pobres, que são mais afetados pelos fluxos externos de capital e pela queda da atividade doméstica.

“Os investidores do mundo já removeram US$ 83 bilhões dos mercados emergentes desde o início da crise, a maior saída de capital já registrada. Estamos particularmente preocupados com os países de baixa renda em dificuldades de dívida – uma questão sobre a qual estamos trabalhando em estreita colaboração com o Banco Mundial”, disse a diretora.

O FMI acredita, no entanto, que grandes economias vão conseguir lidar melhor com a pandemia, pois têm capital. A entidade também estima que o mundo deve se recuperar da crise gerada pelo coronavírus em 2021.

O que o FMI pretende fazer para reverter a situação?

O FMI informou que, para enfrentar a pandemia, intensificou o financiamento de emergência para 80 países que já pediram ajuda. Além disso, a entidade divulgou que deve implantar toda sua capacidade de empréstimo, que é de cerca de US$ 1 trilhão.

A organização informou, no entanto, que os países precisam arregaçar as mangas e trabalhar de forma integrada para enfrentar a crise. Disse ainda que é fundamental que as nações priorizem a contenção do surto, pois “quanto mais rápido o vírus parar, mais rápida e mais forte será a recuperação”.

Itália, China, França e outros países afetados pela Covid-19 implantaram medidas para conter a circulação de pessoas e do vírus. Aqui no Brasil, no entanto, apesar de os governadores estipularem medidas de restrição de circulação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue na contramão.

Na terça-feira (24), em pronunciamento em rede nacional, o político minimizou a pandemia e pediu a reabertura do comércio e de escolas, iniciativa que pode aumentar a transmissão do coronavírus, segundo especialistas em saúde.

E a economia brasileira, como deve ficar?

De acordo com o último boletim MacroFiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Economia, os coronavírus deve impactar a economia nacional entre um intervalo de menos 0,1 ponto percentual a menos 0,5 ponto percentual, com o cenário provável de redução de 0,3 ponto percentual no PIB.

Portanto, segundo o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, a projeção para o crescimento nacional é de 2,1%, ante um percentual de 2,1% registrado antes da pandemia.

Segundo o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, em entrevista ao portal G1, o Brasil vai sentir o “tombo” apenas no segundo trimestre.

Isso porque, falou, a atividade econômica por aqui deve recuar apenas 0,3% nos próximos três meses, na comparação com o mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, no entanto, a queda deve ser de 6,5%, período “em que o contágio (do vírus) atingirá seu pico”, disse.

O que o Brasil está fazendo para lidar com o impacto na economia?

O governo brasileiro já anunciou diversas medidas e para lidar com a crise. O valor total da ajuda financeira disponibilizada passa do R$ 302,8 bilhões, segundo o Ministério da Economia. Algumas delas são as seguintes:

  • R$ 88,2 bilhões em recursos para apoio a estados e municípios;
  • R$ 8 bilhões para ações emergenciais de saúde nos próximos quatro meses;
  • Distribuição de R$ 2 bilhões para o Orçamento da Assistência Social;
  • Suspensão do pagamento, por seis meses, das dívidas dos estados com a União no valor de R$ 12,6 bilhões;
  • Renegociação do pagamento da dívida desses entes (R$ 9,6 bilhões) com bancos públicos federais e mais R$ 40 bilhões para operações com facilitação de crédito;
  • Antecipação da segunda parcela do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS para o mês de maio.

Todas as iniciativas do governo federal podem ser vistas no site da pasta.

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Autor:
Lucas Gabriel Marins