A Venezuela lançou nos últimos dias a criação de uma plataforma DeFi no país para a produção de uma nova Bolsa de Valores descentralizada. Com isso, a negociação até de ações poderá ser feita em um ambiente baseado na tecnologia da Ethereum.
A algum tempo a Venezuela tem se dedicado ao setor de criptomoedas, criando regras e tentando encontrar espaços nesse ambiente. Por lá, a Sunacrip é a entidade que regulamenta o setor de criptomoedas.
Contudo, a nova Bolsa de Valores Descentralizada será de responsabilidade da Sunaval. A Superintendência Nacional de Valores Mobiliários, espécie de CVM da Venezuela, é que comanda a nova iniciativa.
Venezuela toma a frente mundial e lança primeira Bolsa de Valores descentralizada estatal, usando até o DeFi
O novo plano ambicioso da Venezuela passa diretamente pela tecnologia das criptomoedas. Isso porque, ao lançar a primeira Bolsa de Valores descentralizada, criada por um estado, a Venezuela inova para seus investidores.
De acordo com uma publicação na Gaceta Oficial na última terça (29), a Venezuela pretende abrir o mercado para qualquer um interessado. Poderão ser negociadas ações, títulos de dívida, moedas fiduciárias, criptomoedas, títulos públicos e até derivativos (opções e futuros).
Além disso, a nova Bolsa de Valores descentralizada permitirá a empresas realizar até seu IPO. A custódia dos ativos também será possível, assim como a transferência, negociação e liquidação.
“Esta plataforma permite que o processo de custódia dos títulos seja individual, blindado e público, com um sistema de negociação disponível 24 horas por dia e 7 dias por semana que garante transparência, segurança, rapidez, fiabilidade, rastreabilidade e menor custo das operações”, afirma a publicação da Gaceta Oficial
A bolsa de valores será baseada na tecnologia da criptomoeda Ethereum, listando tokens.
Projeto estava sendo construído há meses em segredo
A nova bolsa de valores descentralizada da Venezuela estava em construção já há alguns meses. O executivo responsável pela bolsa, Manuel Aaron Fajardo García, confirmou essa informação em seu Instagram nos últimos dias.
A nova bolsa de valores descentralizada da Venezuela, primeira do tipo no mundo, deverá ter taxa de 0% em negociações de moedas fiduciárias. No entanto, para negociações de ativos alternativos será de 0,1%.
A esperança é que a nova bolsa ajude a financiar atividades na Venezuela, com acesso universal. Vale o destaque que a bolsa de valores será criada por contratos inteligentes em Ethereum. De acordo com o manual da plataforma, fica claro que esta solução é um projeto DeFi, sendo o primeiro estatal já visto.
Este projeto foi anunciado em um momento em que a Venezuela aumenta o tom contra os EUA. O país considera que as sanções impostas pelos Estados Unidos são ilegais e tem buscado mecanismos para fugir do embargo.
Venezuela está se transformando em principal país das criptomoedas para fugir de sanções dos EUA?
A Venezuela vive uma crise política com os Estados Unidos, que impõe sanções aos líderes do governo de Nicolás Maduro. Além disso, os EUA colocaram literalmente a cabeça dos líderes a prêmio, com recompensas altas para quem capturar os líderes.
Contudo, para driblar os EUA, a Venezuela criou a primeira criptomoeda estatal, a Petro. Lastreada em petróleo, essa criptomoeda tem sido incentivada pelo governo local para uso em comércios.
Além disso, nos últimos dias, a Venezuela fechou uma parceria com a Blockstream. Desse modo, pôde lançar o primeiro satélite de Bitcoin para que sua população tenha acesso a essa tecnologia. Com esse satélite a população da Venezuela consegue realizar transações com Bitcoin até sem internet.
Tanto o lançamento do satélite quanto da primeira bolsa de valores descentralizada vem dias após a Venezuela regulamentar o setor de mineração de Bitcoin. Com a criação de um pool nacional, essa iniciativa também foi pioneira por um país.
Por fim, fica claro que ao utilizar as criptomoedas e sua tecnologia, a Venezuela espera fazer parte novamente do sistema financeiro mundial. Contudo, dessa vez sem a possibilidade de sofrer sanções dos EUA, pois as criptomoedas são incensuráveis.