Mais uma carteira de Bitcoin abandona os EUA citando pressão regulatória

Além da Wasabi, a Phoenix Wallet também anunciou sua saída dos Estados Unidos na semana passada. O motivo pode ter relação com a pressão regulatória nos EUA em relação a ferramentas que oferecem privacidade.

Mais uma carteira de Bitcoin com recursos de privacidade decidiu abandonar os Estados Unidos. O projeto da vez é a Wasabi Wallet, que bloqueou o acesso de americanos a todos os seus serviços.

De acordo com anúncio publicado no site oficial da carteira na noite de sábado (27), a proibição se aplica a cidadãos e residentes dos EUA.

“Se você é cidadão dos Estados Unidos ou residente nos Estados Unidos, não tem permissão para visitar o site da Wasabi, baixar a Wasabi Wallet ou usar o recurso CoinJoin da Wasabi.”, diz o anúncio.

Os desenvolvedores da carteira citam “anúncios recentes das autoridades dos EUA” como a razão por trás do bloqueio, um movimento que faz com que a Wasabi se junte a uma lista crescente de plataformas ajustando seus serviços devido à perseguição das autoridades norte-americanas.

Por que as carteiras de Bitcoin estão abandonando os EUA?

Além da Wasabi, a Phoenix Wallet também anunciou sua saída dos Estados Unidos na semana passada. O motivo pode ter relação com a pressão regulatória nos EUA em relação a ferramentas que oferecem privacidade.

Na quarta-feira (24), conforme reportado pelo Livecoins, os fundadores da Samourai Wallet, outra carteira com recursos de privacidade, foram presos sob a acusação de conspiração para cometer lavagem de dinheiro e operar um negócio de transferência de dinheiro não licenciado.

Os dois desenvolvedores foram acusados ​​de facilitar a lavagem de mais de US$ 2 bilhões através da função Whirlpool da carteira, que mistura criptomoedas e dificulta rastreamento.

Apesar de oferecerem um recurso legitimo que pode ser usado por qualquer pessoa, os mixers (misturadores) de criptomoedas estão na mira das autoridades por serem usados por criminosos.

Sendo assim, conforme as autoridades não podem prender pessoas que usam tais serviços, eles estão focando nos desenvolvedores dos projetos, prendendo e aplicando multas pesadas em vários deles.

Em documento recente apresentado em um tribunal dos EUA, procuradores afirmaram que a Tornado Cash, outra ferramenta de privacidade, “era uma empresa comercial operada com fins lucrativos”, ou seja, a justiça acredita que os desenvolvedores ganham dinheiro com taxas ao oferecer serviços de mixers.

“O próprio sucesso do serviço Tornado Cash, que permitiu a lavagem de enormes quantidades de dinheiro sujo, demonstra a necessidade de restrições.”, acrescentaram.

A ACINQ, empresa por trás da Phoenix Wallet, focada em recursos da Lightning Network, apontou claramente uma dúvida regulatória que assola os Estados Unidos em relação à sua decisão de abandoar o país, indicando que em breve comunicaria sobre os “impactos potenciais” da decisão.

Segundo a empresa, o simples fato de possuir um nó na Lightning Network — rede de segunda camada do Bitcoin que permite transações mais baratas e rápidas — possa ser motivo para ser alvo das autoridades.

“Anúncios recentes das autoridades dos EUA lançam dúvidas sobre se os provedores de carteiras com auto custódia, os provedores de serviços Lightning ou mesmo os nós Lightning poderiam ser considerados empresas de serviços monetários e regulamentados como tal.”

Além das carteiras que oferecem recursos de mixers, a MetaMask também foi acusada pela SEC de operar como uma corretora não registrada, especialmente em relação aos seus produtos MetaMask Swaps, que permite a troca de uma criptomoeda por outra.

Ao mesmo tempo, o FBI publicou um comunicado afirmando que investidores não devem usar plataformas sem identificação (KYC), ameaçando confiscar criptomoedas de quem usar tais serviços.

Enquanto alguns mais leigos podem perguntar: “como vão confiscar se não existe KYC”, o FBI explica que o confisco não acontece na carteira do usuário, mas sim em caso de operações na plataforma.

Em outras palavras, caso você esteja usando uma plataforma sem KYC e ela seja alvo de operação do FBI, suas criptomoedas na plataforma serão confiscadas e você não terá direito de reivindicá-las.

Por fim, as autoridades parecem estar travando uma guerra contra a privacidade e a primeira fase é causar pânico em desenvolvedores e usuários. Os próximos passos, para aqueles que acompanham este site, são mais sobrinhos e devem chegar até 2030.

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Vinicius Golveia
Vinicius Golveia
Formado em sistema da informação pela PUC-RJ e Pós-graduado em Jornalismo Digital. Conhece o Bitcoin desde 2014, atuando como desenvolvedor de blockchain em diversas empresas. Atualmente escreve para o Livecoins sobre assuntos de criptomoedas. Gosta de cultura POP / Geek. Se não estiver escrevendo notícias relevantes, provavelmente está assistindo alguma série.

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