Três senadores americanos criaram um projeto de lei que pretende proibir que sites e aplicativos americanos aceitem pagamentos com a moeda digital da China devido à preocupação de que ela possa ser usada para espionagem contra cidadãos americanos.
De acordo com o projeto de lei, os EUA devem proibir o Google e a Apple de oferecer suporte a aplicativos que permitem pagamentos com yuan digital (eCNY), a moeda digital criada pela China.
Os senadores republicanos Tom Cotton, Marco Rubio e Mike Braun divulgaram o projeto de lei intitulado “Defender Americans from Authoritarian Digital Currencies Act” (Defender os americanos de moedas digitais autoritárias), para proibir o uso do e-CNY em lojas de aplicativos e outros sites nos Estados Unidos.
Lojas de aplicativos
O projeto de lei proibiria as plataformas de aplicativos nos Estados Unidos de aceitar o yuan digital do Partido Comunista Chinês (e-CNY) ou hospedar aplicativos que permitem transações usando e-CNY.
O yuan digital é uma moeda digital de banco central (CBDC), o que significa que está atrelado ao renminbi chinês e é emitido pelo banco central chinês. A moeda já é usada em pelo menos 15 cidades da China e deve ser oficialmente lançada nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim este ano.
O projeto de lei para impedir que empresas que operam lojas de aplicativos listem aplicativos que dão suporte ao eCNY ocorre depois que o WeChat e o Alipay começaram a aceitar pagamentos com yuan digital.
Ambos os aplicativos estão listados nas lojas de aplicativos do Google e da Apple.
Espionagem
Em um comunicado, os senadores argumentaram que a China pode usar sua moeda digital para obter acesso aos dados privados dos americanos.
De acordo com os senadores, a frase “loja de aplicativos” abrange todos os aplicativos de software, sites disponíveis publicamente e outros serviços eletrônicos que distribuem apps de desenvolvedores terceirizados para usuários de PCs, dispositivos móveis e outros “dispositivos de computação de uso geral”.
Os três senadores disseram ainda que o projeto de lei é necessário para evitar que a China monitore as atividades financeiras dos americanos.
“Não faz sentido nos aceitarmos a moeda digital de um regime genocida que nos odeia e quer nos substituir no cenário mundial.”
“Este é um grande risco financeiro e de vigilância que os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de correr.”
“O Partido Comunista Chinês usará sua moeda digital para controlar e espionar qualquer um que a use.”
“Não podemos dar essa chance à China – os Estados Unidos devem rejeitar a tentativa da China de minar nossa economia em seu nível mais básico.” “O yuan digital do Partido Comunista Chinês permite controle direto e acesso à vida financeira dos indivíduos. Não podemos permitir que esse regime autoritário use sua moeda digital controlada pelo Estado como um instrumento para se infiltrar em nossa economia e nas informações privadas dos cidadãos americanos.”
Esta não é a primeira vez que legisladores americanos tentam banir a moeda digital chinesa. No início deste ano, os senadores Bill Cassidy e Marsha Blackburn propuseram o Say No To Silk Road Act, que exigiria que algumas agências governamentais reportassem sobre as CBDCs.
De acordo com a Embaixada da China, que tem sede em Washington, o projeto de lei é mais um exemplo do “bullying deliberado dos EUA contra empresas estrangeiras”, abusando do poder com base na insustentável segurança nacional.